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O então novo cardeal George Jacob Koovakad, após o Consistório de 7 de dezembro de 2024 O então novo cardeal George Jacob Koovakad, após o Consistório de 7 de dezembro de 2024 

Koovakad: o diálogo inter-religioso para construir a paz entre os povos

Entrevista com o cardeal indiano nomeado prefeito do Dicastério que se ocupa das religiões não cristãs e também continuará a ser responsável pela organização das viagens do Papa

Andréa Tornielli

«Estupor, alegria e muita apreensão pela grande responsabilidade de suceder no cargo a um homem sábio e bom como o cardeal Ayuso, e a um homem de profunda fé e incansável construtor de paz como o cardeal Tauran». Assim o cardeal indiano George Jacob Koovakad, responsável pelas Viagens Apostólicas do Papa, acolheu a decisão do Papa Francisco de o nomear para liderar o Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, que favorece e regula as relações com os membros e grupos de religiões que não cristãs, com exceção do judaísmo, cuja competência cabe ao Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos. A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou sua nomeação nesta sexta-feira, 24 de janeiro: ele também manterá seu cargo atual. Conversamos com ele para saber de suas primeiras impressões.

Como o senhor recebeu essa nomeação?

«Com grande gratidão ao Papa Francisco, que em menos de dois meses me incluiu inesperadamente no Colégio Cardinalício, me nomeou arcebispo e agora me confia um Dicastério que até recentemente era liderado por um homem sábio e bom como o cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot e, antes dele, por um homem de profunda fé e incansável construtor de paz como o cardeal Tauran, também ele até o final de sua vida. E isso, confesso, me causa muita apreensão e também uma sensação de inadequação. Ao mesmo tempo, tenho grande confiança nas orações de todos aqueles que nunca deixam de sonhar com um mundo em que as diversidades religiosas não só convivam em paz entre elas, mas sejam elas próprias elementos insubstituíveis na construção da paz entre os povos. Confio na liderança do Santo Padre e também no caminho já traçado com profunda sabedoria por aqueles que me precederam. E, sobretudo, confio na ajuda dos colaboradores do Dicastério, que encontrei nas últimas horas e que já me acolheram com amizade e me fizeram sentir em família».

O senhor nasceu há 51 anos em Chethipuzha, Kerala. Como indiano, mesmo tendo vivido muitos anos longe de seu país, carrega em seu DNA o tema da coexistência entre religiões muito diferentes...

«Sim, nasci e cresci em uma sociedade multicultural e multirreligiosa, onde todas as religiões são respeitadas e garantem a harmonia. A diferença é uma riqueza! Gosto de salientar que o diálogo inter-religioso na Índia está tradicionalmente ligado ao monaquismo. Já em 1500 o jesuíta Roberto De Nobili assumiu hábitos e costumes dos monges indianos, aprendendo as línguas locais e procurando assimilar tudo aquilo que podia ser valorizado dessas tradições. Tentativa não isenta de riscos, mesmo que, como nos ensina o Papa, ao sair e caminhar sempre arriscamos alguma coisa. Mas o que eu gostaria de destacar é essa atitude de abertura, de simpatia e de proximidade em relação a outras tradições. A fé cristã é capaz de inculturar-se: os cristãos são chamados a ser semente de fraternidade para todos. Tudo isso não significa renunciar à própria identidade, mas sim ter consciência de que a identidade não é, ou nunca deveria ser um motivo para levantar muros ou discriminar os outros, mas sempre uma ocasião para construir pontes. O diálogo inter-religioso não é simplesmente um diálogo entre as religiões, mas entre crentes chamados a testemunhar no mundo a beleza de acreditar em Deus e praticar a caridade fraterna e o respeito».

Uma das missões do seu novo Dicastério é a das relações com o mundo islâmico. O que poderia nos dizer sobre isso?

O Concílio Ecumênico Vaticano II deu início a uma nova era nas relações com outras religiões e, portanto, também com o Islã. Gostaria de recordar palavras e gestos proféticos, como o de São Paulo VI que, como peregrino no Uganda em 1969, prestou homenagem aos primeiros mártires cristãos africanos, fazendo uma comparação que associava também os fiéis muçulmanos ao martírio que haviam todos sofrido sob os reis das tribos locais. Recordo depois as palavras dirigidas por São João Paulo II aos jovens muçulmanos em Casablanca, no Marrocos, em 1985, quando lhes disse: «Nós cremos no mesmo Deus, no Deus único, no Deus vivo, no Deus que criou o mundo e conduz suas criaturas à sua perfeição.” Dezesseis anos depois, o mesmo Pontífice cruzou pela primeira vez o limiar de uma mesquita, entrando na dos Omíadas, em Damasco, durante sua viagem à Síria. Está ainda viva na memória a imagem de Bento XVI que se recolhe em silêncio na Mesquita Azul de Istambul em 2006. E como não mencionar os muitos passos dados pelo Papa Francisco, como a assinatura do documento sobre a Fraternidade Humana junto com o Grão Imame de  Al-Azhar Ahmad Al-Tayyeb em 4 de fevereiro de 2019 em Abu Dhabi, seguido, no ano seguinte, pela publicação da Encíclica Fratelli tutti».

Os episódios que o senhor cita estão quase todos ligados às peregrinações apostólicas dos Papas e isso me leva a conectar o que foi dito até agora ao seu papel como organizador das viagens de Francisco...

De fato, é verdade: as viagens do Santo Padre têm quase sempre implicações inter-religiosas, encontros com autoridades de outras confissões, momentos de fraternidade vivida: penso somente na recente viagem à Ásia e à Oceania, em setembro passado, quando Francisco abençoou o “túnel da amizade” que liga a mesquita à catedral em Jacarta, Indonésia. Fiquei tocado pelos gestos de amizade do Grão Imame Nasaruddin Umar. Junto à Nunciatura Apostólica e os colaboradores do Escritório Viagens da Secretaria de Estado – a quem agradeço o trabalho que realizam – tínhamos preparado longamente, em diálogo com as autoridades muçulmanas, a visita ao Dubai prevista para o início de dezembro de 2023, por ocasião da Cop28 sobre as alterações climáticas, posteriormente cancelada alguns dias antes de partir devido à convalescença do Papa. E também gostaria de mencionar a bela experiência que tive alguns meses antes na Mongólia, onde apenas 1,3 por cento da população é cristã. Sem esquecer as Viagens Apostólicas ao Cazaquistão e ao Bahrein. O contexto do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso é completamente novo para mim, mas acredito que a experiência que tive até agora e que continuarei a ter no Escritório de Viagens foi e será útil para mim. Assim como imagino que me será útil o serviço prestado nas Nunciaturas Apostólicas na Argélia, Coreia do Sul e Irã: em 2021 ainda não estava envolvido em viagens papais, mas ficaram gravadas na memória as imagens do diálogo do Santo Padre com o Grão-Aiatolá Sayyid Ali al-Sistani em Najaf, durante sua visita histórica ao Iraquei».

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