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2021.09.17 Juan Carlos Cruz in un incontro con Papa Francesco

Juan Cruz: relatório sobre abusos é um progresso, mas vítimas clamam por justiça

O chileno, que já foi vítima no passado de repetidos abusos por parte de um sacerdote, comenta o Relatório Anual publicado pela Comissão para a Tutela dos Menores, da qual é membro desde 2021, a pedido do Papa: “uma maratona de trabalho e o resultado é o que precisávamos”. Ele dirige gratidão a Francisco: “um homem exemplar, que não diz palavras vazias, mas está comprometido com a dor dos seres humanos”.

Salvatore Cernuzio - Vatican News

Há dez anos, Juan Carlos Cruz acusou a Igreja de ser o “mal absoluto”, cúmplice dos abusos sofridos repetidamente quando menino por um sacerdote, o chileno Fernando Karadima, exonerado do estado clerical pelo Papa por seus crimes contra menores e seminaristas. Hoje, Juan Carlos, um carismático arquiteto e jornalista, originário do Chile, mas que viveu primeiro nos EUA e depois na Espanha, trabalha a serviço da Igreja como membro da Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores, onde traz a voz das vítimas e sobreviventes.

A gratidão ao Papa

Enquanto fala à mídia do Vaticano, Cruz segura em suas mãos o primeiro Relatório Anual do órgão, publicado em 29 de outubro. Um documento que também é o resultado de sua contribuição: “é algo que queríamos há muito tempo”, diz ele. Ele coloca a mão sobre a capa com uma imagem estilizada de um “baobá”, uma árvore africana que simboliza a resiliência. A mesma resiliência que animou sua batalha pela justiça e o levou a não cair na depressão e no vício ou mesmo no suicídio “como aconteceu com tantas pessoas que conheço”.

A resiliência que levou Juan Carlos a viajar em 2018 do Chile a Roma para “confrontar”, junto com outras duas vítimas de Karadima, James Hamilton e José Andrés Murillo, o Papa que os acusou de não fazer nada pelos sobreviventes. Aquele encontro na Casa Santa Marta - Juan Carlos não se cansa de contá-lo - mudou a sua vida, aproximou-o da Igreja e o fez descobrir um pai, como ele define Francisco hoje, com quem mantém contato constante. “Conheço o Papa Francisco, gosto muito dele, reconheço-o como um homem verdadeiramente exemplar que não diz palavras vazias, agradáveis de ouvir, mas está absolutamente comprometido com a dor dos seres humanos. Neste caso, as vítimas de abuso sexual na Igreja”, diz Cruz.

Juan Carlos Cruz nos estúdios da Rádio Vaticano - Vatican News
Juan Carlos Cruz nos estúdios da Rádio Vaticano - Vatican News

Ouvir e acreditar nas vítimas

Foi o próprio Papa que, em sua audiência no Vaticano aos membros da Comissão após a plenária de 2022, pediu-lhes que produzissem esse relatório, que vê a luz após “uma maratona de trabalho”. “Acredito que o produto final é algo que era necessário, mas que precisa de muitas melhorias. Precisamos incorporar ainda mais vozes de vítimas em todo o mundo, mas é muito difícil organizar um trabalho rigoroso e científico quando não há dados sobre casos em todos os lugares”, observa Juan Carlos.

Certamente, ele acrescenta, a própria existência do Relatório é um “progresso”. Ele se diz “extremamente feliz”: “Acho que vocês verão coisas que as vítimas sempre pediram e, às vezes, nunca ouviram falar. Esse tipo de justiça, em que a vítima é ouvida e indenizada, é para mim um grande passo à frente do qual não se falava. As vítimas eram vistas como pessoas que queriam dinheiro, que faziam exigências... é terrível olhar para uma pessoa dessa forma. Temos de estar atentos, ouvir, acreditar nas vítimas, acompanhá-las e seguir o processo de reparação - seja ele qual for - por parte da Igreja, para que assumamos o compromisso de que isso nunca mais acontecerá. Francisco foi o primeiro a querer fazer isso, sou grato a ele por isso”.

“Ainda há muito a ser feito...”

Embora o relatório ateste uma “maravilhosa abertura ao falar honestamente sobre a situação do abuso em todo o mundo”, ele também fala de “falhas” na proteção. “Reconheço isso, há muito a ser feito”, diz Cruz. “Estou preocupado, por exemplo, com muitos bispos em todo o mundo que, apesar de tudo o que aconteceu, ignoram esses casos. E há vítimas inocentes, invisíveis para o mundo, que não ousam se manifestar porque isso é doloroso. Ninguém lhes apresenta um projeto ou um lugar onde possam ir para falar e serem acompanhadas. Há medo”. Há vítimas “que têm os meios, que podem chegar à mídia ou a advogados”, diz Juan Carlos, “mas muitas outras, em muitos países, não têm esses luxos, nem mesmo um advogado. Elas vivem sofrendo, chegando até mesmo a cometer suicídio, que é a maior dor quando você não tem mais esperança. Tenho amigos que perderam toda a esperança e cometeram suicídio. Não é possível que existam vítimas que ainda imploram por justiça. Não pode ser”.

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