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Parolin: converter-se à ecologia integral significa cuidar dos outros e da criação

Beleza e amor são as duas palavras-chave da 3ª edição do festival "Cinema pela Criação" em San Giorgio in Bosco, Pádua. Através de uma mensagem de vídeo, o secretário de Estado do Vaticano reflete sobre as "grandes oportunidades que se abrem para nós com o simples ato de trabalharmos juntos com a consciência de que tudo está interconectado". Uma consciência que, para Parolin, "exige uma transformação na política internacional, bem como em nosso comportamento diário".

Vatican News

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"Alimentemo-nos de beleza e amor, energias para salvar o mundo" é o tema escolhido para a 3ª edição da iniciativa "Cinema para a Criação", promovida pelo Círculo Laudato si' de San Giorgio in Bosco, na província italiana de Pádua, para o qual o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, enviou uma mensagem em vídeo.

O evento, que teve início em 9 de fevereiro, consiste em leituras, palestras de convidados e exibição de filmes e documentários, inspirados nos temas da ecologia integral presentes na encíclica Laudato si' do Papa Francisco e na exortação apostólica Laudate Deum. A conclusão do festival com a seção "A beleza e o amor do encontro" inclui a exibição de: " Somente juntos - a surpresa de Francisco", do diretor Gualtiero Peirce. O documentário relata a extraordinária experiência vivida pelo Papa nos últimos anos: seus encontros das Sextas-feiras da Misericórdia, a iniciativa que nasceu em 2015 durante o Jubileu da Misericórdia, encontros surpresa com os mais vulneráveis, nos quais Francisco abraçou, acariciou, falou e escutou com simplicidade, aproximando-se de tantos irmãos e irmãs.

A interconexão exige mudanças

O título da iniciativa "Alimentemo-nos de beleza e amor, energias para salvar o mundo", para o cardeal Parolin, "é muito significativo e tem uma relevância especial no preocupante contexto histórico em que estamos imersos", porque nos faz "ver as grandes oportunidades que se abrem para nós com o simples ato de colaborar juntos, de interagir com respeito mútuo e com a consciência de que, como o Papa Francisco tem enfatizado repetidamente, tudo está interconectado". A consciência dessa interconexão, continua o cardeal, revela que as escolhas e o comportamento de cada membro têm consequências para toda a família humana. "Não há fronteiras, nem muros políticos dentro dos quais possamos nos esconder", observa Parolin, é uma consciência "que exige uma transformação nas políticas internacionais, bem como em nosso comportamento diário, visando, em ambos os casos, promover uma mudança nos padrões de produção e consumo de estilos de vida, cada vez mais marcados pelo cuidado atento com a nossa casa comum".

A casa comum não é somente o meio ambiente

O secretário de Estado esclarece o significado de casa comum: não apenas o meio ambiente, mas também os homens e mulheres que vivem nele e as gerações futuras. O cuidado com a Terra, portanto, se estende ao cuidado com o próximo, pelo qual somos responsáveis, e também envolve nosso relacionamento com Deus, que nos confiou a criação. Ao sair de si mesmo "para viver em comunhão com Deus, com os outros e com todas as criaturas", a pessoa "cresce, amadurece e é santificada". Essa é a conversão ecológica integral, diz Parolin, da qual o Papa Francisco fala com tanta frequência, e o conceito de conversão ressoa com força especial nesses últimos dias da Quaresma. Ela deve ser alimentada precisamente com os dois elementos indicados no título do festival: beleza e amor.

É necessário converter-se a uma cultura ecológica integral

Através da contemplação da beleza da criação, reflete ainda o secretário de Estado, nasce em nós a gratidão por um dom recebido que, por sua vez, devemos transmitir àqueles que virão depois. "Somente por meio do reconhecimento do dom que nos foi dado é que nos será natural cuidar dele e, assim, passar da cultura do descarte, atualmente preponderante em nossa sociedade, para uma cultura do cuidado". Parolin lembra que, na Laudato si', o Papa Francisco não reduz a cultura ecológica a "uma série de respostas urgentes e parciais aos problemas que surgem em relação à degradação ambiental, ao esgotamento das reservas naturais, à poluição", mas, ao inserir o adjetivo "integral", espera o avanço de "um pensamento, uma política, um programa educacional, um estilo de vida e uma espiritualidade que dêem forma a uma resistência diante do avanço do paradigma tecnocrático". Uma mudança que é indispensável hoje, ressalta o cardeal Parolin, e que diz respeito à ação de cada um de nós e de toda a comunidade. A ferramenta para alcançá-la, conclui o secretário de Estado, é "um diálogo em nível local, bem como em nível internacional, que promova um verdadeiro desenvolvimento humano integral e sustentável e fomente uma educação para a ecologia integral, capaz de adotar um novo olhar e de aumentar a força motriz da beleza e do amor".

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23 março 2024, 08:56