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Foto de arquivo: um momento do processo pela gestão dos fundos da Secretaria de Estado (Vatican Media) Foto de arquivo: um momento do processo pela gestão dos fundos da Secretaria de Estado (Vatican Media)

Processo vaticano, Intrieri: Tirabassi é um bode expiatório

No processo sobre os fatos em Londres, prosseguem as intervenções finais dos advogados de defesa. Esta quinta-feira (19), falou Cataldo Intrieri, um dos advogados de Fabrizio Tirabassi, ex-funcionário da Secretaria de Estado

Barbara Castelli – Vatican News

A professora Paola Severino falou de "um processo profundamente moral", "creio que quisesse dizer simbólico": "o limite dosprocessos simbólicos, de Nuremberg a 'Mãos Limpas', é que muitas vezes e voluntariamente o instrumento do processo se torna um instrumento que inevitavelmente força as razões da direito"; e o "símbolo" nesse tipo de julgamento "também se torna o réu". Foi o que observou Cataldo Intrieri, advogado de defesa de Fabrizio Tirabassi, juntamente com Massimo Bassi, durante a septuagésima terceira audiência do processo sobre os investimentos financeiros da Secretaria de Estado em Londres. Em sua intervenção, entre manhã e tarde desta quinta-feira, 19 de outubro, o advogado observou que no processo penal Protocolo 45/19 há "bodes expiatórios" e "miraculados", e como, não raro, "o preconceito tem prevalecido". "Quando um sistema entra em crise - disse ele, citando um professor de sociologia - por não ter capacidade de autocrítica e não conseguir administrar os conflitos que surgem em seu seio, a escolha de uma vítima sacrifical é a solução mais simples para restabelecer o equilíbrio perdido".

O Ior e a gênese do processo

Defendendo a posição do ex-funcionário da Secretaria de Estado, acusado de peculato, abuso de poder, corrupção, lavagem de dinheiro/auto-lavagem de dinehiro, fraude e extorsão, Cataldo Intrieri tentou "oferecer um contra-campo crítico" em relação à versão do promotor de justiça Alessandro Diddi, que para o réu pediu 13 anos e 3 meses de prisão, interdição permanente de cargos públicos e uma multa de 18.750 euros. Em particular, ele se deteve longamente sobre a denúncia feita pelo Instituto para as Obras de Religião em 2 de julho de 2019, que deu início ao processo em andamento a partir de julho de 2021, lembrando que seu cliente já havia escrito uma nota em dezembro de 2018 para dom Edgar Peña Parra, substituto para Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, reconhecendo "ter sido enganado".

"Desde novembro de 2018 - disse ele, reclamando de supostos ‘subterfúgios e mentiras’ -, tem havido uma atividade frenética, decorrente da fibrilação das negociações com Torzi. Todos fibrilam: fibrila a Secretaria de Estado, fibrila o substituto, fibrilam as autoridades de supervisão. O único que não está fibrilando é o Gabinete do Promotor e a Gendarmaria. Em um território de 46 hectares, o promotor não percebe nada, ele é o único que não sabe". Os tons se tornaram mais contundentes quando ele se referiu à "denúncia tênue" de Gian Franco Mammì, diretor geral do IOR, "com duas páginas atrasadas", ou quando se aprofundou no caso do empréstimo de 150 milhões de euros que a Secretaria de Estado solicitou para renegociar o mútuo do prédio da Sloane Avenue. "Daí, a guerra civil das instituições vaticanas – enfatizou -, porque foi isso que aconteceu", "contra todas as formas de colaboração institucional".

A mística do a posteriori

Destrinchando o que ele chamou de "proliferação de acusações", o advogado de Fabrizio Tirabassi lembrou que um "investimento errado não constitui um ilícito" e que "cometer um delito significa agir com dolo". Avaliar a posteriori, somos todos capazes - ressaltou ele, lembrando a estrutura organizacional da seção de Assuntos Gerais e "a ampla autonomia" desfrutada pela Secretaria de Estado na época dos eventos -, é a priori que as responsabilidadea penais não são avaliadas. "É surpreendente – acrescentou ele -, que uma organização complexa como a do Estado do Vaticano faça com que situações complexas dependam de estruturas pequenas, talvez subdimensionadas, talvez não totalmente preparadas para um determinado tipo de intervenção". "Estamos diante de questões de culpas - concluiu -, não se pode botar na conta do subordinado incapaz para continuar seguindo adiante".

Em cinco horas, o advogado evocou a questão das moedas, as comissões recebidas pelas transações financeiras realizadas para a Secretaria de Estado, "autorizadas por seus superiores", a suposta conexão com Gianluigi Torzi, considerado em princípio um "cavaleiro branco" por ter tirado Raffaele Mincione de cena. Estamos "além das responsabilidades indicadas – acrescentou -, assimiláveis sobretudo à "má gestão".

O segundo advogado, Massimo Bassi, falará em 6 de dezembro próximo. A agenda de audiências do processo, para amanhã, sexta-feira (20), por sua vez, prevê a defesa do advogado Nicola Squillace, acusado de fraude agravada, aproprialção indébita agravada, lavagem de dinheiro e autolavagem de dinheiro.

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19 outubro 2023, 21:00