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Patriarca Manuel Clemente, arcebispo de Lisboa Patriarca Manuel Clemente, arcebispo de Lisboa 

Patriarca Clemente: JMJ Lisboa 2023, alegria, convicção e profecia

O Cardeal Patriarca de Lisboa faz um balanço positivo da Jornada Mundial da Juventude que se concluiu neste domingo 6 de agosto e, em entrevista ao Vatican News, afirmou que ela se pode caracterizar nas três impressões fortes da alegria, convicção e profecia.

Padre Bernardo Suate, Lisboa - Vatican News

A alegria, é muito importante para uma Jornada da juventude, sublinha o purpurado, e que seja sobretudo alegria para a sociedade e para a Igreja. E ao falar de sociedade e da Igreja, explicou Dom Clemente, ele o faz em termos mundiais, pois o evento teve uma grande cobertura mediática.

A alegria da Jornada não foi acontecimento de um dia, mas acontecimento de vários dias, disse ainda o arcebispo de Lisboa, uma alegria que percorreu todos os sítios, viu jovens e adultos ... uma alegria que sobressaía sempre e era uma alegria bonita, uma alegria pura, uma alegria do coração, ressaltou.

A segunda impressão forte da Jornada é a convicção, ou seja, que a multidão que se via por todo o lado em Lisboa vinha por um motivo fundamentalmente religioso, por um motivo espiritual. E, para o Cardeal, isso se viu particularmente no encontro de abertura, na Via Sacra, e durante Vigília dos jovens com o Papa Francisco: quando era para fazer silêncio, o silêncio acontecia, e acontecia sem ninguém mandar fazer silêncio, enfatizou Dom Manuel Clemente. E sobretudo, enfatizou Dom Manuel, na adoração do Santíssimo Sacramento, em que de repente um silêncio percorreu toda uma multidão de um milhão e meio de pessoas, observou o arcebispo.

E uma terceira ideia forte é a que se pode chamar profecia porque, para Dom Clemente, o que aconteceu durante a Jornada, é uma profecia não apenas daquilo que o mundo deve ser, mas o que o mundo pode ser e o que a Igreja pode ser: é a geração 2023. E isto porque os que prepararam a Jornada, na sua grande maioria jovens de todo o País e de outros Países, trabalharam durante 3 anos para fazer a Jornada acontecer. E para Dom Manuel Clemente isto é uma profecia do que o mundo deve ser, uma profecia real e que promete, e demonstra o que o mundo e a Igreja poder, enfatizou o Cardeal.

O arcebispo de Lisboa falou em seguida da grande colaboração da Igreja com o Governo e as outras instituições, visível na disponibilidade do Presidente da República acompanhar todos os eventos da Jornada.

Além da sua convicção pessoal, o Presidente da República, mas também o Governo, os autarcas das autarquias onde se realizou a Jornada, estiveram sempre disponíveis para colaborar, pois reconheceram que um acontecimento desta dimensão, era bom para o País e para a sociedade.

E Dom Clemente reconheceu a importância desta sintonia pois sem ela “uma Jornada deste género, só com o envolvimento do Estado e das autarquias se poderia fazer, e seria impossível fazer apenas com os meios de que a Igreja dispõe”.

E Dom Clemente com uma palavra de agradecimento, um “obrigado” ao Santo Padre. E, aos jovens de todo o mundo, o purpurado quis deixar a mesma mensagem do Papa na Missa de envio: “não tenham medo, o futuro está aberto, avancem e avancem juntos, avancem com Deus, avancem com Cristo, avancem com Nossa Senhora, como o Papa disse na Missa de envio”.

Nós também poderíamos ter medo de fazer uma Jornada mundial da Juventude, mas aqui eles se juntaram, persistiram, venceram as dificuldades, e a Jornada aconteceu, reconheceu o Cardeal a concluir: Aqui a profecia aconteceu, e pode continuar a acontecer.

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Texto integral da entrevista:

Senhor Cardeal, que balanço pode fazer para um evento como este que envolveu a Igreja em Portugal e também a Santa Sé?

Faço um balanço muito positivo porque, ouvindo as pessoas, vendo as pessoas que cá chegaram, e que cá estão, há três ideias ou três impressões fortes:

A primeira, é a da alegria, e é muito importante que este bem da juventude seja sobretudo de alegria para a sociedade e para a Igreja.

Quando eu falo de sociedade e da Igreja, estou a falar em termos mundiais, porque o evento teve uma cobertura mediática espantosa, pois nunca aconteceu em Portugal, raras vezes aconteceu. E não foi acontecimento de um dia, foi acontecimento de vários dias. E é alegria porque corre em todos os sítios, entrou na rua, quem viu os jovens, quem viu os adultos, quem viu os carros com o Santo Padre ... a alegria sobressaía sempre.

E é uma alegria bonita, uma alegria pura, uma alegria do coração. E esta, mais do que ideia, é uma impressão forte que fica desta Jornada.

A segunda impressão é a convicção, ou seja, esta multidão veio aqui por um motivo fundamentalmente religioso, por um motivo espiritual. E como é que nós verificamos isso? Quer no encontro de abertura, quer na Via Sacra, quer ontem à noite na Vigília: quando era para fazer silêncio, o silêncio acontecia, e acontecia sem ninguém mandar fazer silêncio, ou seja, que as pessoas estavam completamente sintonizadas com o momento e com o momento religioso. Sobretudo ontem, na adoração do Santíssimo Sacramento: de repente um silêncio que percorreu toda aquela multidão, um milhão e meio de pessoas e que assim, sem nenhuma palavra de comando, entra em silêncio. Impressão fortíssima, isso impressionou a todos.

E uma outra ideia, e mais que ideia uma certeza, é podermos dizer que é uma profecia, porque realmente o que aconteceu aqui é uma profecia não apenas daquilo que o mundo deve ser, mas o que o mundo pode ser: é a geração 2023. Aqueles que prepararam a Jornada, sobretudo esses que trabalharam durante 3 anos, grandíssima parte jovens de todo o País e de outros Países, para fazer a Jornada acontecer, a maneira como aqui estiveram durante estes dias, percorrendo distâncias grandes, estando muitas horas no mesmo sítio, em pé em grande parte, e ao mesmo tempo ocupando-se dos outros ... isto é uma profecia do que o mundo deve ser, não é uma profecia utópica, vazia, é real e promete, e demonstra o que o mundo pode ser e o que a Igreja poder. Portanto, para mim, estas três ideias foram as mais fortes: a alegria, a convicção e a profecia.

Houve certamente desafios em termos de logística, mas também muita sintonia com o Governo. Vimos o PR sempre presente em todos os eventos, como se pode ler esta presença contínua do PR?

Além da sua convicção pessoal, porque trata-se de um católico praticante, além disso como Presidente da República, ele mas também o Governo, os autarcas das autarquias onde se realizou a Jornada (Lisboa, Cascais, Oeiras e outras), desde o princípio da preparação da Jornada, eles estiveram sempre disponíveis para colaborar, eles reconheceram que um acontecimento desta dimensão, um acontecimento deste género, era bom, era bom para o País, era bom para a sociedade. E tiveram razão, porque eu com o Papa percorri as ruas de Lisboa de papamóvel, e com o Presidente, e as pessoas algumas conhecia, outras não conhecia, mas são cidadãos desta cidade e deste País e, portanto, as autoridades, do Presidente da República ao Governo e aos autarcas, fizeram bem em reconhecer que era algo que faria muito bem à sociedade como tal, e assim aconteceu.

E se não fosse esta colaboração, nós não poderíamos ter feito a Jornada, porque uma Jornada deste género envolve e implica um conjunto de meios tão grandes que só com o envolvimento do Estado e das autarquias se poderia fazer, senão, seria impossível fazer uma coisa destas só com os meios de que a Igreja dispõe.

Depois de um evento desta envergadura, o que muda na Igreja em Portugal, nos jovens e em toda a sociedade?

Como dizia atrás, eu creio que isto, e concretamente a preparação da Jornada, porque estamos a falar de dezenas de milhares de voluntários nas Paróquias, nas Dioceses ... trabalharam dois, três e quatro anos para que isto acontecesse, para que os peregrinos chegassem, tivessem alojamento, para que tivessem alimentação, para que tivessem tudo aquilo que a Jornada implicou. Portanto, esta geração é uma geração treinada no serviço. E não foi serviço ocasional, foi serviço de anos, e mesmo durante a pandemia com as dificuldades do isolamento a que a pandemia obrigou, eles continuaram, persistiram. E por isso, o melhor fruto da Jornada é a geração 2023.

Quer dizer alguma coisa aos jovens de todo o mundo, e talvez também ao Santo Padre?

Eu não quero dizer outra coisa ao Santo Padre que não seja “obrigado”. E, aos jovens de todo o mundo, quero dizer o que o Papa lhes disse ainda agora na Missa conclusiva, na Missa de envio: “não tenham medo, o futuro está aberto, não tenham medo, avancem e avancem juntos, avancem com Deus, avancem com Cristo, não tenham medo, avancem com Nossa Senhora, como o Papa disse nesta Missa de envio”.

Não tenham medo, esta é a grande mensagem, porque ao princípio, mesmo aqui em Portugal, nós poderíamos ter medo de fazer uma Jornada mundial da Juventude, mas aqui eles se juntaram, persistiram, venceram as dificuldades e viveram durante esta semana para que tudo corresse da melhor maneira, para que os problemas fossem ultrapassados – não tiveram medo, e a Jornada aconteceu. Por isso é que eu digo que era profecia, mas profecia preenchida por realidade, não era profecia utópica, aconteceu e pode continuar a acontecer. Não tenham medo”.

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06 agosto 2023, 18:15