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Papa Francisco durante a Santa Missa celebrada no Estádio Hariri em Erbil, no Curdistão iraquiano (© Photo by Safin Hamed) Papa Francisco durante a Santa Missa celebrada no Estádio Hariri em Erbil, no Curdistão iraquiano (© Photo by Safin Hamed)   (AFP or licensors)

A Virgem Maria e a Igreja na Lumen Gentium

Maria é “verdadeiramente Mãe dos membros de Cristo, porque cooperou com o seu amor para que na Igreja nascessem os fiéis, membros daquela cabeça, que é o seu filho Jesus." (Paulo VI)

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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“O sagrado Concílio, ao expor a doutrina acerca da Igreja, na qual o divino Redentor realiza a salvação, pretende esclarecer cuidadosamente não só o papel da Virgem Santíssima no mistério do Verbo encarnado e do Corpo místico, mas também os deveres dos homens resgatados para com a Mãe de Deus, Mãe de Cristo e Mãe dos homens, sobretudo dos fiéis. Não tem, contudo, intenção de propor toda a doutrina acerca de Maria, nem de dirimir as questões ainda não totalmente esclarecidas pelos teólogos. Conservam, por isso, os seus direitos as opiniões que nas escolas católicas livremente se propõem acerca daquela que na santa Igreja ocupa depois de Cristo o lugar mais elevado e também o mais próximo de nós (LG 54)”

O capítulo VIII da Lumen gentium constituiu uma virada decisiva na reflexão teológica sobre a Bem-aventurada Virgem Maria. No artigo “Maria, da Lumen gentium à Redemptoris Mater”, o Prof. Michael F. Hull recorda que após um acalorado debate, o Concílio modificou completamente os fundamentos da Mariologia fazendo duas coisas simples: primeiro, “não produziu um documento separado sobre Maria, destacando assim que a futura Mariologia não poderia ser separada de outros aspectos teológicos importantes.” Depois, “o Concílio incorporou suas instruções relativamente breves sobre Maria na Constituição Dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium. Assim, a Mariologia foi colocada no contexto do Verbo Encarnado e do Corpo Místico, sem implicar uma nova doutrina sobre Maria ou impedir a reflexão teológica (LG, 54).

Embora Paulo VI tenha tentado despertar uma compreensão mais profunda com sua Exortação Apostólica Marialis cultus (2 de fevereiro de 1974) e outros escritos - observa ainda o estudioso -, a Igreja teve que esperar quase um quarto de século antes que a Carta Encíclica Redemptoris mater (25 de março de 1987) reacendesse o interesse dos teólogos pela mariologia.

 

Depois de "Eclesiologia Mariana na Lumen Gentium", Pe. Gerson Schmidt* nos traz hoje a reflexão "A Virgem Maria e a Igreja na Lumen Gentium":

"Maria é a imagem da Igreja, membro singular da Igreja. O capítulo da Mariologia no documento sobre a Igreja, o capítulo oitavo, intitulado “A bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja” não é por causa de uma simples devoção católica. Tal inserção não foi fruto do acaso, mas corresponde à orientação presente na Constituição. A relação entre Maria e a Igreja só é possível de ser compreendida enquanto a Mariologia se insere na eclesiologia, enquanto Maria é a imagem da Igreja. Lembramos que a Lumen Gentium se encerra com a teologia mariana, colocando Maria dentro do seu papel relevante discípula, mãe, mestra, e membro da Igreja.

O número 53 da Constituição sobre a Igreja afirma assim: “Efetivamente, a Virgem Maria, que na anunciação do Anjo recebeu o Verbo no coração e no seio, e deu ao mundo a Vida, é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus Redentor. Remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho, e unida a Ele por um vínculo estreito e indissolúvel, foi enriquecida com a excelsa missão e dignidade de Mãe de Deus Filho; é, por isso, filha predileta do Pai e templo do Espírito Santo, e, por este insigne dom da graça, leva vantagem à todas as demais criaturas do céu e da terra. Está, porém, associada, na descendência de Adão, a todos os homens necessitados de salvação; melhor, «é verdadeiramente Mãe dos membros (de Cristo)..., porque cooperou com o seu amor para que na Igreja nascessem os fiéis, membros daquela cabeça» ¹. É, por esta razão, saudada como membro eminente e inteiramente singular da Igreja, seu tipo e exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade; e a Igreja católica, ensinada pelo Espírito Santo, consagra-lhe, como a mãe amantíssima, filial afeto de piedade”(LG, 53).

Cabe aqui perfeitamente a reflexão sobre essa temática da LG, que tem aqui por título “A Virgem e a Igreja”(LG, 53-54). Procuraremos dedicar vários programas a esse aspecto importante na eclesiologia, a mãe de Cristo como Mãe da Igreja, nos aspectos relevantes que os santos padres conciliares apontaram a respeito da Mariologia.

Maria leva vantagem às demais criaturas, diz esse artigo da LG. Como afirmou Papa Paulo VI, hoje proclamado santo pela Igreja, Maria é “verdadeiramente Mãe dos membros de Cristo, porque cooperou com o seu amor para que na Igreja nascessem os fiéis, membros daquela cabeça, que é o seu filho Jesus. Todos nós nos tornamos filhos de Deus e membros da Igreja pelo batismo. Maria é membro eminente e inteiramente singular da Igreja, seu tipo e exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade. Maria é o símbolo perfeito da cristã autêntica, filha predileta de Deus. É um arquétipo, retrato verdadeiro do cristão que é membro da Igreja, discípulo de Cristo. Se queremos ser verdadeiros cristãos, seguimos seus passos, que nos conduzem aos pés do verdadeiro Mestre. Por isso, diz o Concilio que a Igreja católica, ensinada pelo Espírito Santo, consagra-lhe, como a mãe amantíssima, filial afeto de piedade. Quem não poderá amar aquela que gerou, cuidou, educou o Salvador? Como não amar a mãe do Salvador? Como não venerar aquela que tanto amou a Jesus Cristo, se encarnou em seu ventre? Como não honrar a mãe que se foi sacrário do Altíssimo?"

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS. 
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¹ Paulo VI, Alocução no Concílio, no dia 4 dez. 1963: AAS 56 (1964) p. 37.

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27 março 2023, 08:19