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Maria Lía Zervino, presidente da União Mundial de Organizações Femininas Católicas Maria Lía Zervino, presidente da União Mundial de Organizações Femininas Católicas 

Uma das surpresas de Francisco: María Lía Zervino no Dicastério para os Bispos

Entrevista com María Lía Zervino, presidente da União Mundial das Organizações de Mulheres Católicas, como membro do Dicastério para os Bispos. Pela primeira vez, três mulheres servirão, por vontade do Papa, no processo de eleição dos novos bispos diocesanos.

Marília Siqueira e Sebastián Sansón Ferrari - Cidade do Vaticano

“Uma grande surpresa de Jesus, como o Senhor costuma fazer. Isso nunca passou pela minha cabeça e estou muito, muito grata ao Santo Padre Francisco por esta nomeação”. Com emoção, estas são as palavras de María Lía Zervino, Argentina, presidente da União Mundial das Organizações de Mulheres CatólicasWorld Union of Catholic Women's Organisations - WUCWO), diante dos microfones da Rádio Vaticano – Vatican News, poucos minutos depois de saber sua nomeação como membro do dicastério para os bispos. Pela primeira vez, três mulheres foram nomeadas pelo Papa como membros para este órgão do Vaticano, decisão que o bispo de Roma já havia anunciado em extensa entrevista à Agência Reuters.

Um momento histórico

 

María Lía Zervino destaca a natureza histórica deste momento: “Isto faz muito bem à Igreja, porque como diz o Papa, a Igreja é uma mulher, é 'a' Igreja. Deste modo, ter mulheres que participem deste nível do Dicastério para os Bispos certamente é histórico, pois esta é uma instituição de governo da Igreja, que certamente com os demais membros do dicastério, teremos que estudar quem são os candidatos a bispos, aconselhar, e ter uma visão feminina é algo maravilhoso”.

Segundo Zervino, essa decisão do Santo Padre acontece como ele mesmo expressou desde do início de seu pontificado, na coletiva de imprensa durante o voo de volta a Roma após a Jornada Mundial da Juventude no Rio, em 2013, quando disse que as mulheres devem participar das instâncias decisórias. “E Francisco está realizando o que é o seu plano pastoral, é uma grande alegria que ele tenha comunicado esses três nomes”, diz ela.

Francisco e as surpresas

 

Referindo-se à agradável surpresa que este momento significa, e o presente que o Papa Francisco concedeu, a presidente da WUCWO afirma conhecer as outras duas mulheres nomeadas pelo Pontífice e que são "pessoas maravilhosas". Sobre a Ir. Raffaella Petrini, secretária geral do governo do Estado da cidade do Vaticano e Ir. Yvonne Reungoat, que foi superiora geral das Filhas de Maria Auxiliadora, Zervino diz: “Tenho a honra de estar com elas e aprenderei com elas, assim como com os demais membros do dicastério”.

“WUCWO faz parte disso”

 

María Lía Zervino é presidente da WUCWO, instituição que reúne quase 100 organizações de todos os continentes e sempre participou de diferentes instâncias da Igreja e também possui reconhecimento da Santa Sé como associação pública internacional de fiéis.

Esta presidência da WUCWO permite estar em contato com os sentimentos das mulheres de todo o mundo. “Elas sabem e sentem o que Igreja deseja, em qual Igreja almejam participar, o que é necessário para que a Igreja seja sinodal e, portanto, que tipo de bispos gostariam de ter”, diz Zervino.

A presidente destaca a importância desta nomeação para a associação, bem como para o Observatório Mundial da Mulher, que foi lançado em entrevista coletiva em 14 de junho, onde também foi apresentado o relatório sobre o impacto da COVID-19 em mulheres Latinas Americanas e Caribenhas. “Que bom que podemos contribuir, mesmo com um grão de areia, na nomeação de bispos”, conclui Zervino.

“É preciso fazer uma profunda teologia das mulheres”

 

Na coletiva de imprensa realizada no voo de retorno da JMJ Rio 2013, o Papa considerou que “uma Igreja sem as mulheres é como o Colégio Apostólico sem Maria. O papel das mulheres na Igreja não é só a maternidade, a mãe de família, mas é mais forte: é precisamente o ícone da Virgem Maria, de Nossa Senhora; aquela que ajuda a Igreja a crescer. Mas pensem que Nossa Senhora é mais importante que os Apóstolos! É mais importante!"

Francisco aprofundou este ponto, afirmando que "a Igreja é feminina: é Igreja, é esposa, é mãe" e que "você não pode entender uma Igreja sem mulheres, mas mulheres ativas na Igreja, com o seu perfil, que fazem avançar".

María Lía Zervino compartilhou um exemplo histórico da América Latina, especificamente no Paraguai: "A mulher do Paraguai é a mulher mais gloriosa da América Latina. Depois da guerra da Tríplice Aliança, sobraram oito mulheres para cada homem, e essas mulheres tomaram uma decisão um tanto difícil, a decisão de ter filhos para salvar o país, a cultura, a fé e a língua”.

Alegria na Diocese de Mar del Plata - Argentina

 

Entre as múltiplas expressões de alegria por esta nomeação, a Diocese de Mar del Plata, onde Lía Zervino trabalhou - com grande empenho - e a Faculdade Universitária de Teologia, entre outras áreas, publicou um comunicado em seu site.

A nota recorda algumas missões realizadas por esta leiga consagrada da Argentina: "Seu trabalho árduo no 1º congresso de comunicadores católicos realizado em Mar del Plata em 1996 junto com o cardeal Eduardo Pironio".

Zervino foi diretora institucional da comissão nacional de justiça e paz da conferência episcopal Argentina, “onde desempenhou uma importante tarefa de serviço e articulação”, destaca a nota. Entre outras atribuições, possui o diploma em comunicação eclesial ministrado pela faculdade de Teologia da Universidade juntamente com a conferência episcopal Argentina.

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14 julho 2022, 09:27