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“Para haver a criação de pequenas comunidades de fé, é necessário a fomentação, o aperfeiçoamento e a manutenção dos vínculos entre os fiéis." “Para haver a criação de pequenas comunidades de fé, é necessário a fomentação, o aperfeiçoamento e a manutenção dos vínculos entre os fiéis." 

Vínculos para as comunidades eclesiais missionárias

“A conversão Pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária”, em que a “Igreja se manifeste como mãe que vai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola permanente de comunhão missionária”. Padres, bispos, Papa e leigos devem ir ao encontro, numa proposta de uma Igreja não simplesmente do “vir”, mas uma Igreja-do-ir.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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“Uma comunidade só é comunidade se tiver vínculos existenciais.” Dando continuidade a sua série de reflexões sobre as comunidades eclesiais missionárias, padre Gerson Schmidt* nos propõe hoje o tema “Vínculos para as comunidades eclesiais missionárias¹”:

“Para haver a criação de pequenas comunidades de fé, é necessário a fomentação, o aperfeiçoamento e a manutenção dos vínculos entre os fiéis. Os vínculos entre as pessoas estão hoje abalados em nossa sociedade atual, desestruturados ainda mais pela Pandemia. Uma comunidade só é comunidade se tiver vínculos existenciais. De fato, usamos muito a expressão comunidade. Devemos, entretanto, ter o cuidado de nos questionar se o que chamamos de comunidade preenche as condições para tanto. A primeira dessas condições é exatamente a cumplicidade de vida, o vínculo de amizade e compartilhamento da existência.

As paróquias territorialmente organizadas têm executado um incansável trabalho, com pastorais organizadas e gente dedicada. No entanto, precisamos reconhecer que, em termos de vínculos humanos, elas alcançam um número reduzido de pessoas. Basta olharmos para o fato de que, na maioria das paróquias territoriais, em meio a tudo que realizam, há um grupo de pessoas que, em torno ao(s) sacerdote(s) conseguem estabelecer vínculos fortes. Outras pessoas limitam-se à participação nas celebrações e outras simplesmente enxergam a Igreja como o prédio da matriz ou capela. Em geral, costumamos distinguir esses grupos através da palavra praticante. Os primeiros praticam, os segundos praticam um pouco menos e os terceiros, pelo que se deduz, nada praticam e precisam ser cativados e evangelizados. 

 

“Isso ocorre não porque as paróquias, com seus presbíteros e agentes de pastoral, não trabalhem. Pelo contrário, o que vemos é muito trabalho, com grande esmero e generosidade. O problema é que essas grandes paróquias pressupõem que a cumplicidade de vida já ocorra no dia a dia e que à pastoral caiba orientar na doutrina correta e ajudar com os sacramentos. É essa concepção que Aparecida chama de pastoral de conservação ou manutenção (DAp 370). Imagina-se que o encontro com Jesus Cristo aconteça nas famílias e demais instituições sociais, cabendo à comunidade eclesial mantê-lo, conservá-lo, através principalmente do ensino e dos sacramentos. Daí a preocupação por cursos como resposta ao desconhecimento religioso. A essa postura podemos chamar de pastoral “do vir”.

O mundo se transforma. A pastoral precisa se transformar também. Ocorre que, em nossos dias, os vínculos humanos estão se transformando e, por exemplo, o fato de alguém residir num mesmo bairro ou até mesmo num mesmo prédio não significa que tenham entre si efetivos vínculos de fraternidade. Isso ocorre de modo mais agudo nas grandes cidades, mas, com o desenvolvimento dos meios de comunicação, está chegando até mesmo às menores cidades, num processo que atualmente é global, ou seja, que atinge o mundo todo. Importa, desse modo, ter clareza que ninguém está fora desse processo. Esta é a razão pela qual Aparecida chega a dizer, numa frase muito dura, que é necessário ter a coragem de “de abandonar as estruturas ultrapassadas” (DAp 365).

Os bispos latino-americanos propuseram na Conferência de Aparecida que a Igreja busca uma conversão pastoral – conversão pastoral e renovação missionária das comunidades. Refletimos no número 370 que “a conversão Pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária”, em que a “Igreja se manifeste como mãe que vai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola permanente de comunhão missionária”. Padres, bispos, Papa e leigos devem ir ao encontro, numa proposta de uma Igreja não simplesmente do “vir”, mas uma Igreja-do-ir.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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¹ Baseado em Subsídio de Dom Joel Portela, secretário Geral da CNBB.

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01 junho 2022, 08:23