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Nova Constituição Apostólica entrou em vigor no domingo (5), festa de Pentecostes Nova Constituição Apostólica entrou em vigor no domingo (5), festa de Pentecostes 

Dom Arrieta: Praedicate Evangelium, uma reforma em sinal de comunhão

A entrevista com o secretário do Dicastério para os Textos Legislativos com a entrada em vigor no domingo (5) da Constituição Apostólica que ilustra uma nova estrutura para a Cúria Romana, publicada em 19 de março de 2022. Dom Juan Ignacio Arrieta destaca a importância da reforma que nasceu da escuta de uma Igreja em caminho.
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Gabriella Ceraso e Benedetta Capelli - Vatican News

Comunhão com o Papa, serviço à Igreja, confronto construtivo para ler os sinais dos tempos. Essas são algumas das indicações que dom Juan Ignacio Arrieta, secretário do Dicastério para os Textos Legislativos, enfatiza com a entrada em vigor da Constituição Apostólica, Praedicate Evangelium.

A Cúria, que vem passando por um processo de renovação há anos, alcança agora um novo marco com a nova constituição Praedicate Evangelium. Quais são os princípios e os valores sobre os quais esta reforma se baseia?

Antes de mais nada, ela se coloca numa linha de continuidade com o que a Cúria representa. A Cúria é um orgamismo a serviço do Papa, com o Papa para o governo da Igreja universal, e faz sentido na medida em que está unida ao Papa, portanto isso deve ser reafirmado, isso permanece. Na verdade, nesta organização da Cúria, o que é enfatizado são alguns princípios característicos da reforma que são enunciados no início do texto. São formulados em 12 novos princípios.  Eu diria que podem ser resumidos em três indicações pra serem lidas em uma chave de comunhão.

Uma delas é o serviço ao Papa: a Cúria está a serviço do Papa e faz sentido no serviço ao Papa. A segunda é o serviço ao episcopado, à Igreja e aos pastores da Igreja universal e, portanto, em comunhão com eles, na necessidade de escutá-los, de resolver as questões juntos e em diálogo com eles, levando em conta as suas necessidades. Em terceiro lugar, em comunhão também entre as pessoas que trabalham dentro da Cúria, o que significa mover-se como uma equipe e ouvir uns aos outros, confrontando-se, uma necessidade de comunhão para fazer o verdadeiro trabalho.

Pode-se fazer uma leitura geral do que a Igreja tem feito ao longo do tempo desde a Pastor Bonus até a Praedicate Evangelium?

Tiveram muitas reformas porque a Cúria é um organismo que deve se adaptar continuamente às necessidades da Igreja que mudam com o tempo. Alguns anos após a Pastor Bonus, sob João Paulo II, o dicastério para não crentes foi abolido e, com a chegada do Papa Bento XVI, foi criado um novo dicastério, o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. Nesse meio tempo, houve muitas mudanças nas competências entre os organismos. Isso foi feito no pontificado de Francisco, mas também nos últimos anos do Papa Bento XVI foram criados novos órgãos, também relacionados às mudanças na comunidade internacional, na sociedade de hoje, no controle financeiro, na supervisão. Em resumo, muitas novidades que deram origem a novos organismos que são necessários para que a Santa Sé também possa ter uma presença no âmbito internacional e possa se mover através dos organismos internacionais, através das atividades de paz e de unidade que a diplomacia vaticana se ocupa, os núncios... etc. são responsáveis. Foi necessário adaptar a Cúria e a Santa Sé às exigências internacionais, e o que a Constituição Apostólica fez agora foi colocar todas essas reformas em ordem.

Com a entrada em vigor desta reforma que pede à Cúria para estar a serviço da evangelização e, portanto, em saída, são esperadas mudanças nas relações com as Igrejas do mundo?

Uma das características desta reforma é que não cuida só dos organismos, não se concentra apenas no organograma, na descrição do pessoal, mas acima de tudo define um estilo de governo, um estilo de gestão das coisas. Fala sempre da necessidade de resolver as questões pelas quais os dicastérios são responsáveis no diálogo e no confronto com o episcopado, com os bispos das Conferências Episcopais, principalmente, em estilo pastoral e de comunhão.

E, assim, isso provavelmente será compreendido, assimilado e comunicado ao território...

Este é, de certa forma, um desafio permanente, na maneira de trabalhar, na maneira de refletir e no enriquecimento mútuo, porque a partir deste confronto entre a Cúria e o mundo, se cresce e se governa em termos universais.

Mais ainda, então, podemos dizer que a redação da Praedicate Evangelium foi também fruto, mas também exercício da sinodalidade?

Foi um trabalho longo, como se sabe, foi um trabalho notável dentro da Comissão de Cardeais desejada pelo Papa, na qual pessoas de todos os continentes foram ouvidas, com um trabalho coral, de pessoas consultadas e que acompanharam e levaram adiante o texto da Reforma.

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07 junho 2022, 10:30