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Viagem Apostólica de João Paulo II a Portugal, de 12 a 15 de maio de 1982 Viagem Apostólica de João Paulo II a Portugal, de 12 a 15 de maio de 1982 

Compreensão da Igreja na Carta aos Efésios em João Paulo II

"Cristo, dando-se a si mesmo pela Igreja, com o mesmo ato redentor uniu-se de uma vez para sempre com ela, como o esposo com a esposa, como o marido com a mulher, dando-se através de tudo o que uma vez para sempre está incluído naquele seu "dar-se a si mesmo" pela Igreja".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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O Papa João Paulo II não poucas vezes falou sobre o amor esponsal ligado com a figura do Esposo divino, que é Cristo. Na Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, por exemplo, fazendo referência à Carta aos Efésios, afirma que “a esposa é a Igreja, tal como para os profetas a esposa era Israel: portanto, é um sujeito coletivo, e não uma pessoa singular. Este sujeito coletivo é o Povo de Deus, ou seja, uma comunidade composta de muitas pessoas, tanto homens como mulheres. « Cristo amou a Igreja » precisamente como comunidade, como Povo de Deus e, ao mesmo tempo, nesta Igreja, que na mesma passagem é chamada também seu « corpo » (cf. Ef 5, 23), ele amou cada pessoa singularmente. De fato, Cristo remiu todos, sem exceção, todos os homens e todas as mulheres. Na redenção exprime-se justamente este amor de Deus e realiza-se, na história do homem e do mundo, o caráter esponsal desse amor. Cristo entrou na história e permanece nela como o Esposo que «se entregou a si mesmo».”

No programa de hoje, padre Gerson Schmidt* dá continuidade ao tema da esponsalidade de Cristo com a Igreja, falando sobre "Compreensão da Igreja na Carta aos Efésios em João Paulo II":

"O Papa Francisco ao encerrar a XIV Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2014, falou da Igreja, dando algumas de suas características: “Esta é a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e formada por pecadores, necessitados da Sua misericórdia. Esta é a Igreja, a verdadeira Esposa de Cristo, que procura ser fiel ao seu Esposo e à sua doutrina”.

Continuando a refletir a esponsalidade de Cristo na Carta aos Efésios, resgatamos algum pensamento também do Papa João Paulo II, que durante 5 anos de seu longo pontificado, nas suas catequeses de quarta-feira, foi paulatinamente apresentando um verdadeiro tratado de antropologia e teologia moral-conjugal, que, ao passar dos anos, foi sendo chamada de “Teologia do Corpo”.

 

Na sua audiência de 18 de agosto de 1982, reflete a carta aos efésios, na profunda compreensão do mistério da Igreja e do matrimônio. Dizia o Papa polonês: “A relação esponsal que une por sua vez os cônjuges, marido e mulher, deve – segundo o autor da carta aos Efésios – ajudar-nos a compreender o amor que une Cristo com a Igreja, aquele amor recíproco de Cristo e da Igreja, em que se realiza o eterno plano divino de salvação do homem. Todavia, o significado da analogia não para aqui. A analogia usada na carta aos Efésios, esclarecendo o mistério da relação entre Cristo e a Igreja ao mesmo tempo desvela a verdade essencial sobre o matrimônio: isto é, que o matrimônio corresponde à vocação dos cristãos só quando reflete o amor que dá Cristo-Esposo à Igreja Sua Esposa, e que a Igreja (à semelhança da mulher "submetida", portanto plenamente doada) procura devolver a Cristo”.

“É no amor esponsal de Cristo pela Igreja que está a fonte do amor humano. O amor humano somente corresponderá à sua essência e vocação, enquanto refletir e espelhar o amor de Cristo pela Igreja.”

São João Paulo II refletia essa analogia paulina, dizendo ainda assim: “Ela manifesta, em certo sentido, o modo como este matrimônio, na sua essência mais profunda, deriva do mistério do amor eterno de Deus para com o homem e a humanidade: daquele mistério salvífico, que se realiza no tempo mediante o amor esponsal de Cristo para com a Igreja. Partindo das palavras da carta aos Efésios (5, 22-23), podemos em seguida desenvolver o pensamento contido na grande analogia paulina em duas direções: quer na direção de uma mais profunda compreensão da Igreja, quer na direção de uma compreensão mais profunda do matrimônio”. O amor conjugal deriva do amor esponsal de Cristo que se doa por inteiro por sua esposa, a Igreja.

Diz o Papa: “Aquele dom de si ao Pai por meio da obediência até à morte (cf. Fil 2, 8) é ao mesmo tempo, segundo a carta aos Efésios, um "dar-se a si mesmo pela Igreja". Nesta expressão, o amor redentor transforma-se, diria, em amor esponsal'. Cristo, dando-se a si mesmo pela Igreja, com o mesmo ato redentor uniu-se de uma vez para sempre com ela, como o esposo com a esposa, como o marido com a mulher, dando-se através de tudo o que uma vez para sempre está incluído naquele seu "dar-se a si mesmo" pela Igreja. De tal modo, o mistério da redenção do corpo esconde em si, em certo sentido, o mistério "das núpcias do Cordeiro" (cf. Apoc 19, 7)”. Desde modo, o amor humano, se torna sinal visível do eterno mistério divino, a imagem da Igreja unida com Cristo. Deste modo a carta aos Efésios conduz-nos às bases mesmas da sacramentalidade do matrimônio."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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25 agosto 2021, 08:07