Em tempos de coronavírus, jornalistas do Vaticano adotam trabalho à distância

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

O trabalho complexo do mundo da comunicação dentro do Vaticano continua sendo realizado, mesmo com o impacto sofrido com as novas exigências impostas pela emergência do coronavírus na Itália, como o isolamento domiciliar. Depois de quase uma semana de testes com grande parte dos profissionais trabalhando remotamente, as atividades da Rádio Vaticano, Vatican News e Vatican Media estão sendo consolidadas, principalmente, para continuar levando a mensagem do Papa Francisco ao mundo e em 40 idiomas diferentes.

Os jornalistas de várias redações estão promovendo essa nova modalidade de trabalho ao produzir textos, gravar áudios e editar vídeos direto de casa. Segundo Silvonei José Protz, responsável pela redação em português, composta por profissionais brasileiros, foi uma prática adotada “para dar continuidade às informações, àquelas de encorajamento que todos nós necessitamos hoje, principalmente, através das palavras do Papa Francisco, que sempre trazem uma mensagem que é cheia de esperança”.

Silvonei José

Redações separadas, mas compartilhadas

Parte da equipe brasileira tem seguido a modalidade, também conhecida como “smart working” para organizar de modo flexível a jornada, já que parte da equipe precisa conciliar as tarefas do trabalho com a atenção aos filhos – todos respeitando as disposições do governo italiano de permanecer em casa para conter o Covid-19. A outra parte da redação continua se deslocando ao Palácio Pio para colocar a programação no ar, sempre seguindo as normas de segurança. Na prática, ferramentas online facilitam a interação entre os profissionais na execução das atividades para a divisão das pautas, a produção de conteúdo e a orientação nas publicações.

“É claro que mudou o nosso modo de trabalhar, não a consistência do nosso trabalho, porque acreditamos que a nossa mídia – a mídia vaticana – não é igual às demais, portanto, temos um papel de serviço muito especial. É um serviço, num certo olhar, essencial à vida da Igreja, do Magistério Petrino. Para nos adaptarmos a essa nova realidade, nós temos hoje ‘redações separadas’ – falo da nossa redação em português do Brasil. O que significa isso: nós temos hoje três elementos que estão trabalhando diretamente dentro da nossa redação e, os demais componentes da nossa redação, trabalham de casa, deslocados para as suas casas, mas não por isso, com menos intensidade de trabalho. É uma maneira de quem está em casa, se preservando, vamos dizer assim, também do contágio do coronavírus para que a nossa atividade não pare absolutamente. Por uma eventualidade, se tivéssemos que fechar o Palácio Pio, que é a sede da Rádio Vaticano, continuaríamos a trabalhar de casa, com essas pessoas que estão fora, trabalhando dentro das suas casas. Portanto, é uma escolha para fazer com que o serviço de informação do Vaticano não pare.”

Serviço essencial pela Igreja e o Papa

O próprio Papa Francisco precisou mudar a modalidade para transmitir a Palavra de Deus e decidiu celebrar as missas diárias da Casa Santa Marta via streaming para manifestar proximidade aos católicos no mundo inteiro. Neste período de emergência, as missas com a presença de fiéis foram suspensas na Itália e vários outros países.

“Nós acreditamos que, neste momento, fazemos um trabalho essencial levando a palavra do Papa, o conforto da palavra do Papa, que abriu Capela Santa Marta para o mundo através das transmissões via streaming, pelo Vatican News, que depois chegam também às emissoras de rádio e televisão em todo mundo. O Papa abriu a sua casa para que ele, sozinho, dentro dessa capela que ele era habituado a receber fiéis, continue a transmitir a Palavra de Deus àqueles que não podem ir à Santa Missa e não podem frequentar uma igreja. Sabemos que é o caso aqui da Itália e também de algumas realidades brasileiras para evitar a aglomeração de pessoas.”

A tradicional Audiência Geral com o Papa Francisco, das quartas-feiras, e a oração mariana do Angelus, aos domingos, estão sendo realizadas de maneira reservada, na Biblioteca do Palácio Apostólico, mas transmitidas via streaming.

“É muito triste ver a Praça São Pedro vazia, seja na quarta-feira, seja no domingo, por causa do coronavírus. Sabemos da preocupação, da dor do Santo Padre, mas também da esperança.”

Raimundo Lima

O Vatican News nas redes sociais

O convite, enfim, de Silvonei José, para que os fiéis permaneçam unidos à mensagem de encorajamento do Papa Francisco, também, pelas redes sociais do Vatican News.

“Nós pedimos, inclusive, para as pessoas que nos seguem, que compartilhem com demais pessoas o nosso conteúdo e os nossos vídeos, com as palavras do Santo Padre, através das nossas redes sociais. É um aspecto muito importante para que possamos chegar, cada vez mais, a mais pessoas, através do rádio, do vídeo, dos nossos textos nas redes sociais. E, agora, futuramente, também se Deus quiser com o nosso endereço no Instagram.”