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Católicos à espera do Papa, como na Igreja de São Francisco de Assis em Jebel Ali, Dubai Católicos à espera do Papa, como na Igreja de São Francisco de Assis em Jebel Ali, Dubai 

Papa em Abu Dhabi: missa vai reunir 135 mil fiéis

Em entrevista ao diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, os detalhes da viagem apostólica do Papa Francisco aos Emirados Árabes Unidos que começa no domingo (3). Para a missa no estádio Zayed, de Abu Dhabi, foram distribuídos cerca de 135 mil bilhetes: o local comporta 45 mil, "devemos imaginar que fora do estádio terá uma grande presença de fiéis que vão esperar o Papa"

Amedeo Lomonaco, Andressa Collet – Cidade do Vaticano

São duas as principais dimensões que se apontam para a viagem apostólica do Papa Francisco nos Emirados Árabes: o diálogo inter-religioso e o encontro com a comunidade católica local, cerca de 900 mil pessoas.

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O diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, descreveu nos detalhes as etapas da visita “histórica”, sublinhou ele, que pode ser “uma importante oportunidade para promover e reforçar o diálogo inter-religioso, e para promover e reforçar uma comunidade, como aquela católica, extremamente dinâmica e formada, sobretudo, por imigrantes, em especial, asiáticos e filipinos, que se encontram nos Emirados Árabes por motivos de trabalho”. Na entrevista ao Vatican News, Gisotti também recordou a ligação da visita com São Francisco.

Gisotti – Esta viagem tem uma dimensão histórica: é a primeira vez que um Papa vai à Península Arábica, em especial,  nos Emirados Árabes Unidos. E é a primeira vez – e também isso é histórico – que um Papa celebra missa nessa região. É evidente que bem essas duas dimensões, do diálogo inter-religioso, em particular com os muçulmanos, e do encontro com essa comunidade de cristãos tão especial, darão ênfase às mensagens do Papa Francisco nestes dias.

800 anos do encontro de São Francisco com o Sultão do Egito

É também uma viagem marcada com o sinal de São Francisco...

Gisotti – Essa é a moldura dentro da qual acontece esta viagem nos Emirados Árabes Unidos, assim como também a viagem apostólica que o Papa Francisco fará em menos de dois meses para o Marrocos. Estamos, efetivamente, no oitavo centenário do encontro entre São Francisco e o sultão do Egito, Malik al-Kamil. Há uma história muito conhecida na Legenda Maior que faz referência de como em 1219, durante a quinta Cruzada, aconteceu esse encontro. Então, há este elemento de diálogo, de encontro, de convivência dentro do qual se colocam essas duas viagens. E Francisco recordou também isso no discurso ao Corpo Diplomático, em 7 de janeiro deste ano, quando colocou junto essas duas dimensões que teremos nesta viagem: a importância da presença dos cristãos na região – e assim também o convite às autoridades dos Estados onde estão estes cristãos, para poder garantir a presença e a segurança – e, ao mesmo tempo, o reforço do diálogo com os muçulmanos. E esse é um pouco o valor do Pontificado do Papa Francisco também para obstruir a estrada dos chamados “profissionais do ódio”, de quem sopra sobre divisões, fanatismo e ideologias que instrumentalizam o  nome de Deus para justificar a violência.

Quinto encontro de Francisco com Grão Imame de Al-Azhar

Uma cultura do encontro que é também marcada por uma presença especial, que é aquela do Grão Imame de Al-Azhar.

Gisotti – Esse é um outro elemento fundamental da viagem. Alguém poderia pedir porque propriamente nos Emirados Árabes: nesse Estado tem a sede do Conselho dos Sábios Muçulmanos (Muslim Council of Elders), presidido propriamente pelo Grão Imame de Al-Azhar, xeique Ahmed al-Tayeb. Esse é o instituto fundado em 2014 e que quer promover o diálogo e a paz através de personalidades eminentes do mundo muçulmano do qual, evidentemente, al-Tayeb representa a síntese e a maior importância. Sabemos também quanto, com o Grão Imame, Francisco tenha iniciado um caminho de encontro, de diálogo: essa será a quinta vez que eles se encontram. O primeiro encontro foi em 2016, o último em outubro de 2018. E depois, sobretudo, devemos recordar aquele grande evento ligado também a esse encontro inter-religioso em Abu Dhabi sobre a fraternidade humana, que foi a Conferência Internacional de Paz e de Diálogo Inter-religioso, no Cairo, no final de abril de 2017. 

“O Papa e o Grão Imame enalteceram a importância de uma convivência pacífica, de um diálogo e de um caminho junto das grandes fés e das grandes religiões para a paz e contra cada forma de violência.”

Papa em santa missa com 135 mil fiéis

No último dia da viagem, o Papa vai celebrar a santa missa.

Gisotti – Certamente é o momento culminante para a comunidade de fiéis que está nos Emirados Árabes Unidos e que ficou realmente surpresa por essa possibilidade. Sabemos que a viagem foi anunciada em 6 de dezembro do ano passado, então, foi organizado em pouquíssimo tempo. Mas, inclusive falando com Dom Hinder, vigário apostólico na Península Arábica, ele compartilhava comigo a grande alegria desse povo de cristãos migrantes. Esse é um outro elemento que certamente toca o coração do Papa Francisco: sabemos quanta atenção tem pelos migrantes. E é grandíssimo também o número de pessoas que irá participar da missa no estádio Zayed, de Abu Dhabi. O estádio pode receber cerca de 45 mil pessoas, mas são tantos os fiéis que querem participar que foram distribuídos cerca de 135 mil bilhetes. Então, devemos imaginar que fora do estádio terá uma grande presença de fiéis que vão esperar o Papa que, inclusive, irá passar com o papamóvel. Assim, teremos essa multidão de fiéis – migrantes, indianos, filipinos e de outros lugares, sobretudo, da Ásia – que vão acolher Francisco. Isso dará certamente coragem para uma comunidade de cristãos: 

“Também aqui a periferia, pela qual Francisco é tão apegado, se transforma pontual, graças à sua visita.”

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01 fevereiro 2019, 18:44