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Papa a seminaristas: a Eucaristia no centro da oração e atividades diárias

O Santo Padre recebeu em audiência a comunidade do Seminário da arquidiocese espanhola que acompanha dom Cobo Cano na tomada de posse da igreja de Santiago y Montserrat, em Roma. O Pontífice responde de improviso às perguntas dos futuros sacerdotes, aos quais entrega o discurso preparado no qual indica a Eucaristia como centro do pensamento e das atividades e pede para se libertarem “do que escraviza” com o silêncio, o jejum, a oração, a ascese, a penitência.

Manoel Tavares - Cidade do Vaticano

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O Santo Padre recebeu na manhã deste sábado, 3, no Vaticano, um grupo de seminaristas de Madri, acompanhados pelo novo cardeal José Cobo Cano, que tomará posse da Igreja de Santiago y Montserrat, que une, nos seus santos titulares, a fé apostólica e o amor a Maria, que caracteriza toda a Espanha.

Em seu discurso entregue (não lido) o Papa destaca que o purpurado está sendo acompanhado nesta viagem a Roma pelo seu tesouro mais precioso: os seminaristas, o seminário que dirige, acrescentando:

Muitos santos bispos de Espanha foram confrontados com a difícil realidade em que se encontravam suas igrejas e pensaram no seminário como o lugar em que o seu sonho pastoral poderia lançar sólidas raízes e expandir-se. Na realidade, se quisermos ser Igreja, Corpo de Cristo, é fácil porque, como disse Deus a Moisés, basta estabelecer o modelo que vimos no monte (cf. Ex 26,30), o Cristo Transfigurado presente na Eucaristia.

Aqui, Francisco recordou uma frase de um dos santos bispos da Espanha, São Manuel González, que desejava ter um “seminário em que a Eucaristia fosse, na ordem pedagógico, o estímulo mais eficaz; no científico, o primeiro mestre e a primeira matéria; no disciplinar, o inspetor mais vigilante; na ascese o modelo mais vivo; no econômico, a grande providência; e, enfim, no arquitetônico, a pedra angular". E Francisco explicou:

Retomemos estes pontos para colocar Deus no centro, ou seja, deixar que Ele seja o fundamento, o projeto e o arquiteto, ou seja, a pedra angular. Tudo isso se consegue somente com a adoração. Como diz o nosso santo, ‘Jesus será o pedagogo, paciente, severo, dócil e firme, segundo aquilo de que temos necessidade no nosso discernimento’.

Porque, continuou o Papa, “Jesus nos conhece melhor do que nós mesmos e nos espera; Ele nos incentiva e nos encoraja ao longo do nosso caminho; Ele é o nosso maior estímulo, pois consagramos as nossas vidas ao seu seguimento."

No “campo científico”, disse ainda o Papa, parece fundamental que, São Manuel une a função de mestre à disciplina, pois Deus quer dar ao seu povo pastores, segundo o seu coração. A grande lição que o Senhor nos dá é a “humanidade”: o ter se feito carne, terra, homem, húmus por nós, por amor. Na disciplina, não há outro exemplo a não ser o próprio Deus. Podemos apenas aprender a grande lição da sua vida sendo “mansos e humildes de coração”.

Para a “disciplina”, confrontar-se cada manhã com a Eucaristia - o inspetor mais vigilante –, que nos faz refletir sobre a futilidade das nossas ideias mundanas, dos nossos desejos de ascender, de aparecer, de se destacar. Aquele que é imenso se faz dom total de si, e nas minhas mãos, antes de comunicar, me interpela: te reconciliastes com teu irmão? Vestistes hábito de festa? Estás pronto para entrar no meu banquete eterno?

Após ter explicado o sentido do discernimento, ciência e vigilância, que, certamente, são aspectos-chave do seu seminário, o Papa disse que nada seriam sem a ascese; "seguir um modelo pressupõe um grande esforço; uma obra de arte requer inspiração, mas também trabalho: é preciso passar pelo deserto, para que Ele fale ao nosso coração. Se o nosso coração estiver cheio de coisas mundanas, que podem ser chamadas “religiosas”, Deus não encontrará lugar, nem o ouviremos quando bater à nossa porta."

O Santo Padre concluiu seu discurso aos seminaristas de Madri recordando que o silêncio, a oração, o jejum, a penitência, a ascese são necessários para libertar-nos do que nos escraviza; somente assim podemos ser completamente de Deus, tanto interior como exteriormente, abandonando-nos a Ele. Somente Ele é a nossa grande Providência. Neste sentido, Francisco convida a deixar que Ele possa propor e realizar, colocando-se às suas ordens com docilidade ao espírito.

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03 fevereiro 2024, 11:17