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Papa Francisco com Amy Pope, diretora geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM). (VATICAN MEDIA / AFP Papa Francisco com Amy Pope, diretora geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM). (VATICAN MEDIA / AFP  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Francisco, voz eloquente sobre o drama das migrações, diz Amy Pope

A diretora-geral da Organização Internacional das Nações Unidas para as Migrações (OIM) foi recebida na manhã desta sexta-feira pelo Papa no Palácio Apostólico. Após a audiência, em conversa com os meios de comunicação do Vaticano, elogiou a defesa apaixonada do Pontífice em relação aos migrantes e lamentou o fato de que estas pessoas sejam instrumentalizadas politicamente.

Devin Watkins - Cidade do Vaticano

O evento pode ser visto como “uma oportunidade para os dois Papas se encontrarem”. Francisco e Amy Pope brincam durante a audiência privada concedida na manhã desta sexta-feira, 26,  pelo Papa à diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações.

“Foi um verdadeiro prazer para mim encontrá-lo”,  declarou Pope à Rádio Vaticano - Vatican News, sublinhando a importância do compromisso de Francisco com os migrantes em todo o mundo. “Ele é uma voz incrível e, neste momento em que a retórica sobre a migração é tão negativa, ter alguém como o Santo Padre falando com tanta paixão e clareza sobre o tema é extremamente importante, e não apenas para a nossa Organização, mas para milhões de pessoas em todo o mundo."

Reformular a narrativa

 

A convicção de Amy Pope é que o Santo Padre procura constantemente recordar às pessoas que a migração tem um rosto humano e que envolve vidas humanas reais. "Ambos temos consciência que metade do mundo vai votar este ano. Infelizmente, em muitos debates políticos, os migrantes são vilipendiados e responsabilizados por questões e problemas nas sociedades."

Na realidade, é a convicção, a migração tem muitos efeitos positivos nos países de acolhimento, promovendo a inovação e impulsionando o desenvolvimento. Pope e Francisco partilharam então as suas ideias sobre como transformar o tema da migração em uma narrativa mais positiva, que reflita a sua contribuição para as sociedades de todo o mundo. “Conversamos sobre como trabalhar em conjunto para integrar os migrantes nas comunidades, para criar comunidades mais acolhedoras e para superar alguns dos desafios que as comunidades enfrentam quando vêem grandes fluxos de migrantes”, explicou ela.

Percursos regulares para migração

 

A Organização Internacional para as Migrações é a agência das Nações Unidas responsável pela implementação de projetos de assistência a migrantes, refugiados e pessoas deslocadas internamente. E o seu trabalho muitas vezes coincide com o compromisso assumido pelo Papa Francisco na mesma direção. Os esforços para criar rotas seguras e regulares para a migração fazem com que os traficantes de seres humanos e as redes criminosas percam o controlo sobre aqueles que seguem rotas irregulares para outros países. “Isto priva as redes criminosas do lucro que obtêm às custas de pessoas extremamente vulneráveis ​​– explica Pope – e pode levar a melhores resultados para as pessoas”.

Buscar soluções para as mudanças climáticas

 

Francisco e o Papa também falaram sobre o enorme impacto que as alterações climáticas têm nas estatísticas de migração. “No ano passado houve mais deslocados por causa deste problema do que por conflitos”, observa a diretor da OIM. “E se as comunidades que já são vulneráveis ​​devido a guerras atuais ou passadas também tiverem de sofrer as consequências do clima, a situação torna-se decididamente pior”.

No âmbito de sua missão, a OIM procura construir a resiliência das comunidades vulneráveis ​​às alterações climáticas, de forma que não sejam forçadas a abandonar as suas casas. Ao mesmo tempo, são exploradas formas de alavancar a migração como forma de aliviar as alterações climáticas. “Sabemos que neste momento não há pessoas suficientes nos lugares certos ou com as competências necessárias para a transição e a realização dos objetivos do Acordo de Paris – conclui Pope – precisamos da migração para alcançar estes objetivos”.

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26 janeiro 2024, 20:38