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Papa recebe pedaço de madeira de barco que naufragou na Calábria

O fragmento é da embarcação lotada com imigrantes que bateu contra as rochas na costa leste da região da Calábria, na Itália, no final de fevereiro. Entre as vítimas, muitas crianças. O pedaço de madeira foi entregue ao Papa por dois sacerdotes locais por ocasião da Audiência Geral desta quarta (8).

Fabrizio Peloni - L'Osservatore Romano

"Não pudemos recebê-los como estamos acostumados a fazer, como gostaríamos: o fragmento de madeira, que demos hoje ao Papa, é uma pequena parte do barco que há dez dias, a poucos metros da praia de Cutro, bateu contra as rochas, jogando quase 200 pessoas no mar". Dois sacerdotes da diocese de Crotone - Santa Severina lembraram junto com o Papa Francisco durante a Audiência Geral, as vítimas - no momento 73 constatadas - do trágico naufrágio, ocorrido na madrugada de 26 de fevereiro na costa leste da Calábria.

O Pe. Mirco Pollinzi e o Pe. Francesco Gentile, da paróquia de Isola Capo Rizzuto, deveriam estar na Praça de São Pedro 'somente' - por assim dizer - para acompanhar um grupo de crismandos. Em vez disso, eles se apresentaram como testemunhas, diante do Pontífice, de um acontecimento que marcou de forma indelével a consciência das comunidades da costa da Calábria. E não só isso.

É um luto familiar", confirmam Pe. Mirco e Pe. Francesco. Na Praça São Pedro, eles trouxeram a força espiritual da Via Sacra celebrada na praia de Cutro no último domingo, com uma cruz feita da madeira do naufrágio.

As dolorosas palavras dos dois sacerdotes fazem eco daquelas do pároco de Steccato di Cutro, Pe. Pasquale Squillacioti, que confiou aos dois sacerdotes uma carta pessoal ao Pontífice. Para 'L'Osservatore Romano' - por telefone - Pe. Pasquale conta como é importante o presente ao Papa de um fragmento dos destroços. "Pedimos a ele que permaneça unido a nós em oração, para que o mar devolva os corpos dos desaparecidos, para que tenham um enterro digno e os parentes tenham um lugar onde possam 'buscar' conforto e proximidade com aqueles que já não estão mais lá". Teme-se, diz Pe. Pasquale, "que o número de corpos ainda não recuperados possa estar entre 30 e 40". As pessoas que sobreviveram, conta ele, são cerca de 80.

Não é a fadiga e nem o cansaço, após 10 dias 'intermináveis', que o viram entre as primeiras testemunhas de 'imagens apocalípticas que espero que não sejam esquecidas', que fazem Pe. Pasquale perder 'seu sentido de paternidade'. A resposta do povo da Calábria tem sido, desde as primeiras horas do naufrágio, "um brilhante testemunho de fé", observa ele.

"Há um ano, neste dia, eu estava celebrando um funeral de um feminicídio. Este ano, estamos de luto por muitas vítimas inocentes, inclusive muitas mulheres", conclui Pe. Pasquale, referindo-se ao Dia Internacional de 8 de março.

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08 março 2023, 17:00