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Em foto de arquivo de 2019, a audiência com o mundo do esporte na Sala Paulo VI Em foto de arquivo de 2019, a audiência com o mundo do esporte na Sala Paulo VI 

Papa sobre atletas: com fadiga, mas aberto ao outro, não burocrata do esporte

Francisco escreveu o prefácio de um livro em italiano que estará disponível a partir desta terça-feira (11) nas livrarias. A obra de Monsenhor Dario Viganò e do jornalista Valerio Cassetta, traz testemunhos de quem, com muita fadiga e amor, se tornou campeão italiano de futebol, ginástica artística, esgrima e remo, por exemplo. O Papa alerta para não ser indiferente e "burocrata do esporte", mas "ter coração grande e olhar atento aos outros", como os santos.
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Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco escreveu o prefácio de um livro sobre esporte que chega às livrarias nesta terça-feira (11). A obra em italiano das Edições São Paulo (116p. a 14 euros) intitulada "Não é só fadiga, é amor - os campeões do esporte entre paixão e solidariedade" traz testemunhos de homens e mulheres de diferentes modalidades, coletados pelo Monsenhor Dario Edoardo Viganò e o jornalista Valerio Alessandro Cassetta. Eles abordam histórias pessoais e de sucesso, mas sobretudo de valores que orientam o dia a dia de um atleta de alto rendimento como a solidariedade, a lealdade, a gratidão, o perdão, a generosidade, a capacidade de se levantar depois de cada queda.

Uma rotina para se chegar ao pódio e ao sonho da vitória que não é percorrida sozinha, porque "sem um treinador, de fato, não nasce um campeão", escreve o Papa logo no início do prefácio. É preciso que alguém aposte nesse atleta, sendo um pouco visionário, mas também trabalhando muito sob o aspecto físico, sobretudo motivando, corrigindo sem humilhar, estimulando à resistência. Treinar é um pouco como educar, continua o Pontífice, criando uma relação entre esporte, vida e fé.

Não olhar o mundo da janela de casa

Francisco, então, recorda uma passagem da carta de São Paulo que diz: "vocês não sabem que dentre todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcance o prêmio" (1Cor 9,24). Esse é um convite, salienta o Papa, para se colocar em jogo, "não olhando o mundo da janela de casa". 

Porém, quando a derrota chega, é preciso identificar o seu significado profundo, autêntico e nobre, fazendo um exame de consciência para se recarregar e voltar ao jogo, porque além do objetivo de ser campeão, conta também o percurso até lá. "Sem motivação e estímulo, não se pode enfrentar o sacrifício", afirma o Papa que acrescenta no prefácio:

“A fadiga faz parte do jogo, é um componente fundamental, é um peso que te quebra, te desgasta e te desestabiliza, mas a essa fadiga, que assume muitas formas, deve ser encontrado um significado. Um sentido. E então o seu jogo se tornará mais leve. O atleta que, na fadiga, vê além, é como o santo que não sente o fardo e olha ali onde os outros não veem...”

Os protagonistas do livro e do esporte

O livro, assim, traz entrevistas exclusivas com quem fez e está fazendo história no esporte italiano: os jogadores de futebol Giorgio Chiellini, Alessandro Bastoni, Ciro Immobile e Luca Mazzitelli; a campeã olímpica de marcha atlética, Antonella Palmisano; a campeã olímpica de ginástica artística Vanessa Ferrari; o campeão mundial de ciclismo da déc. 70, Francesco Moser; o atleta paralímpico ítalo-cubano com deficiência visual de lançamento de disco e de peso, Oney Tapia; a campeã olímpica de remo, Valentina Rodini; e o medalhista olímpico de esgrima, Enrico Berrè. Não são "funcionários do espetáculo e do sucesso", mas seres humanos que exploram os limites da dedicação, da esperança e da confiança que está presente em cada um de nós. E o Papa conclui o prefácio:

"Não sou ingênuo e sei bem que ao redor do mundo do esporte gira um mundo econômico muito importante. E eu estou ciente de que o fascínio de um esportista pode facilmente se transformar em um objeto gerador de lucro. Como recordavo em uma entrevista à La Gazzetta dello Sport, a riqueza corre o risco de adormecer a paixão que foi capaz de transformar um menino, uma menina comum, em uma extraordinária obra-prima. E acredito que um pouco de 'fome' no bolso seja o segredo para nunca se sentir apagado, para manter acesa aquela paixão que os seduziu quando crianças. De fato, é triste ver campeões que são riquíssimos, mas indiferentes, quase como burocratas do seu esporte."

“Este livro testemunha que um pouco de fome no bolso, um coração grande, um olhar atento aos outros, faz com que os campeões testemunhem uma vida jogada em primeira pessoa com paixão e capaz também de generosidade e abertura aos outros.”

 

 

 

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11 outubro 2022, 08:00