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Papa encontra família de religiosa assassinada no Haiti

No final da Audiência Geral desta quarta-feira (21), Francisco saudou os familiares da "Pequena Irmã do Evangelho de Charles de Foucauld", que foi morta em Porto Príncipe, capital do Haiti, em 25 de junho deste ano. Ao Papa, enfatizou a irmã Maria Adele, "doamos as pedras da catedral, destruídas pelo terremoto de 2010. Um símbolo para lembrar Luisa".

Benedetta Capelli - Vatican News

Francisco escuta e presenteia com sorrisos a pequena delegação que veio de Lomagna, cidade natal da Irmã Luisa Dell'Orto, e foi saudada pelo Papa ao final da Audiência Geral desta quarta-feira (21) na Praça São Pedro. No coração dos irmãos Maria Adele, Pe. Giuseppe e Carmen, mas também das sobrinhas e sobrinhos da "Pequena do Evangelho de Charles de Foucauld", por 20 anos no Haiti, há comoção e alegria pelo encontro com o Papa, pelo abraço de toda a Igreja que Luisa serviu até o último suspiro.

"A vida é boa"

Maria Adele, uma das irmãs, tem um sorriso brilhante e um espinho na alma que sangra assim que se lembra da morte violenta da Irmã Luisa. Em 25 de junho, tiros atingiram a religiosa enquanto estava em seu carro, dando seguimento à história de mulher dedicada aos outros, às crianças da Casa Charles de Porto Príncipe, aos futuros sacerdotes haitianos. Mas a semente semeada nos corações dos mais vulneráveis, que se sentiram amados e acolhidos apesar de serem os mais feridos do mundo, não morre e não morrerá.

Em 2015, em uma mensagem de Natal, Luisa escreveu:

“A vida é mais forte que qualquer ato de maldade e violência, mais forte que aqueles que querem massacrar porque a vida é boa, sempre, mesmo quando é pobre.”

A lembrança do Papa

A Irmã Luisa fez da sua vida um presente para os outros até o martírio.

Algumas horas haviam passado desde a notícia da morte da Irmã Luisa Dell'Orto e, no Angelus, o Papa Francisco recordava o sacrifício da "Pequena Irmã do Evangelho de Charles de Foucauld", amada e respeitada pelo povo haitiano, que ela sentia como se fosse o seu povo.

Depois dela, outra missionária italiana perdeu sua vida: Irmã Maria De Coppi, morta em Moçambique no dia 7 de setembro. Um tributo de sangue que lança luz sobre a difícil realidade que se vive em alguns cantos da terra, mas também sobre ser testemunhas do Evangelho, não ousados imprudentes, mas homens e mulheres de amor. É assim que Maria Adele Dell'Orto conta sobre o seu encontro com o Papa.

O que significou para você e sua família encontrar o Papa Francisco após a morte brutal da Irmã Luisa?

A emoção é grande acima de tudo porque se reconhece o sacrifício de Luisa. Depois, em primeiro lugar, um senso de ação de graças também porque vimos hoje a paciência com que o Papa acolhe a todos e não desiste. Pensamos em trazer uma pedra que eu havia recolhido durante a época do terremoto no Haiti, imediatamente após a queda da Catedral. Parecia uma coisa interessante poder dá-la ao Papa, e dei junto com uma frase que encontrei entre os escritos de Luisa. Era 2005. Ela escreveu que somos nós com nossos corpos e nossos corações que somos as pedras vivas, as verdadeiras pedras vivas de nossa Igreja, como diz a primeira carta de São Paulo. "É um convite", enfatizou, "para consolidar e aprofundar nossa fé em Jesus que morreu e ressuscitou". E assim a dediquei ao Papa Francisco, pedindo-lhe que levasse em seu coração nossa Pequena Irmã Luisa, que um mistério desconhecido para nós desejava contar entre os santos mártires. Nós, irmãos, somos gratos por isso. Também é difícil perceber que a Irmã Luísa não está mais entre nós. Ouço ela de manhã porque costumávamos enviar mensagens uma a outra para dizer se tinha sol ou, como nas últimas mensagens, que ia haver uma forte tempestade e no dia seguinte tinha sol novamente e parecia que estávamos nas montanhas. Ela me respondeu às 7 horas, antes da missa, e me disse que a água era obviamente necessária. Tais mensagens eu guardo em meu coração.

No Angelus, poucas horas após a morte da Irmã Luísa, o Papa falou de martírio. Luisa foi também uma semente do bem que esperamos que floresça no Haiti, especialmente neste momento de profunda dificuldade. Que notícias você tem do país caribenho e do amor que este povo sente por sua irmã?

Eu tenho um grupo "Caritas Boys" porque todos eles são rapazes que vieram a Luisa para oferecer seus serviços, alguns por muito tempo, outros por menos. No momento da tragédia entramos em contato, também em crioulo, com os rapazes de Kay Chal (Casa Charles), todos eles escrevem que sentem uma grande falta e especialmente agora que as gangues estão matando e no norte chegaram ao ponto de violar a Caritas, é um desastre.

O bem de Luisa permanece porque o bem nunca morre mesmo em um contexto tão violento...

Exatamente. Isto é verdade e também é demonstrado pela procissão das pessoas que vão cumprimentá-la no cemitério pela manhã. Recebi um telefonema de uma senhora que mora em uma cidade distante e que ouviu falar de Luisa ao ler as notícias, ela me disse que queria vir ao seu túmulo. Em Lomagna é como se já existisse uma aura de santidade, digamos assim, me assusta dizer isto, mas é assim que é.

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21 setembro 2022, 15:42