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Papa ao clero siciliano: "Abraçar plenamente a vida deste povo"

Dirigindo-se ao clero da Sicília o Papa recordou que se ainda prevalece a amargura e a desilusão, isso é “mais uma razão para que nós pastores sejamos chamados a abraçar plenamente a vida deste povo”. O encontro foi realizado nesta manhã (09/06) no Vaticano

 Jane Nogara - Vatican News

Na manhã desta quinta-feira (09/06) o Papa Francisco recebeu no Vaticano os Bispos e Sacerdotes da Sicília. Francisco iniciou seu discurso falando ao clero siciliano que a mudança epocal em que nos encontramos “exige escolhas corajosas, embora ponderadas e, sobretudo, iluminadas com o discernimento do Espírito Santo”. “A atitude responsável com a qual vivê-la - disse ainda - como em outras fases históricas, é acolhê-la com consciência e com uma "decisão de ocupar-se confiadamente da realidade, ancorando-se na sábia Tradição viva e vivente da Igreja, que permite fazer-se ao largo sem medo”.

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Contradições insulares

"A Sicília não está fora desta mudança; pelo contrário, como no passado, está no centro dos caminhos históricos traçados pelos povos continentais". E continua afirmando que “a condição de insularidade afeta profundamente a sociedade siciliana, acabando por destacar as contradições que carregamos dentro de nós”. Por isso na Sicília, testemunhamos “comportamentos e gestos marcados por grandes virtudes, bem como uma cruel selvageria”.

“Não é coincidência que tanto sangue tenha sido derramado pelas mãos dos violentos, mas também pela humilde e heroica resistência dos santos e dos justos, servos da Igreja e do Estado”

O Papa pondera ao afirmar: “A situação social atual na Sicília está em clara regressão há anos; um sinal claro é o despovoamento da ilha, devido tanto à queda da taxa de natalidade como à emigração maciça de jovens”, animando em seguida os presentes com as palavras: “É necessário compreender como e em qual direção a Sicília está vivendo a mudança de época e que caminhos poderia tomar, a fim de anunciar, nas fraturas e articulações desta mudança, o Evangelho de Cristo”.

Desafios

“Diante deste grande desafio, - continuou o Papa - a Igreja também é afetada pela situação geral com seus fardos e mudaças, registrando uma queda nas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, mas, sobretudo, um crescente distanciamento dos jovens”. Porém continuou, “não faltaram, no passado, e ainda não faltam hoje, sacerdotes e fiéis que abracem plenamente o destino do povo siciliano”.

Os sacerdotes são um ponto de referência

“Como ignorar o trabalho silencioso, tenaz e amoroso de tantos sacerdotes no meio de pessoas desanimadas ou desempregadas, no meio de crianças ou de idosos cada vez mais solitários? É por isso que na Sicília, - continua Francisco - as pessoas ainda olham para os sacerdotes como guias espirituais e morais, pessoas que também podem ajudar a melhorar a vida civil e social da ilha, apoiar a família e ser um ponto de referência para os jovens em crescimento”.

Lançar as redes

Com esta situação Francisco disse aos presentes "Diante da consciência de nossas fraquezas, sabemos que a vontade de Cristo nos coloca no centro deste desafio. A chave para tudo isso está em seu chamado, no qual podemos nos apoiar para colocar no mar e lançar nossas redes novamente". Se ainda prevalece a amargura e a desilusão, isso seria “mais uma razão para que nós pastores sejamos chamados a abraçar plenamente a vida deste povo”. “Estar ao lado, estar perto, é o que somos chamados a viver, em nome da fidelidade de Deus”.

“Proximidade, compaixão e ternura: este é o estilo de Deus e é também o estilo do pastor”

Valores marianos

Depois o Papa falou sobre a grande devoção mariana da Ilha: “A Sicília, consagrada a Maria Imaculada, para a qual, juntos, bispos e sacerdotes, celebram a Jornada Sacerdotal Mariana. O primeiro valor que se sublinha nesta prática é o da unidade, verdadeiramente crucial diante do individualismo e da fragmentação, se não a divisão que paira sobre todos nós. A unidade, dom do sacrifício pascal de Jesus, é fortalecida com o método da sinodalidade, que vocês adotaram através dos caminhos de formação definidos sobre com o tema ‘Com o passo Sinodal’”.

“O outro valor é o de confiar-se a Maria, a mulher de ternura e consolação, de paciência e compaixão. Entre o sacerdote e a Mãe celeste, se estabelece dia após dia um diálogo secreto que conforta e acalma toda a ferida”

“Neste simples diálogo, conclui Francisco “feito de olhares e palavras humildes como as do Terço, o sacerdote descobre como a pérola da virgindade de Maria, totalmente dedicada a Deus, faz dela uma terna mãe para todos. Assim também ele, quase sem se dar conta, vê a fecundidade de um celibato, às vezes difícil de suportar, mas precioso e rico na sua transparência”.

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09 junho 2022, 12:45