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Papa às contemplativas: dom precioso aos olhos de Deus

“Na contemplação Deus oferece a vocês o dom da intercessão” são palavras do Papa Francisco na homilia durante a oração da Hora Média no Mosteiro das Carmelitas Descalças em Antananarivo na manhã deste sábado (07)

Jane Nogara - Cidade do Vaticano

O segundo compromisso do Papa Francisco em Antananarivo neste sábado (07) foi o encontro com as Religiosas Contemplativas no Mosteiro das Carmelitas Descalças para a Oração da Hora Média.

Ao saudar as monjas, o Papa falou sobre a grande riqueza presente no país, não só a pobreza, dizendo: “É rico de belezas naturais, humanas e espirituais. Também vocês, Irmãs, fazem parte desta beleza de Madagascar, do seu povo e da Igreja, pois é a beleza de Cristo que resplandece nos seus rostos e nas suas vidas. Graças a vocês, a Igreja em Madagascar é ainda mais bela aos olhos do Senhor e também aos olhos do mundo inteiro”.

Dois sentidos da palavra "suspirar"

Na sua homilia o Papa Francisco comentou um dos três Salmos da Liturgia. O Salmo 119 observando que a palavra que mais aparece mais vezes “e dá o tom ao conjunto é “suspirar”, usada principalmente em dois sentidos.

“O orante suspira pelo encontro com Deus. Vocês são o testemunho vivo deste anseio inextinguível que habita no coração de todos os homens” diz o Papa afirmando que

“a vida contemplativa é a tocha que conduz ao único braseiro eterno”

“Somos tentados a satisfazer os anseios de eternidade com coisas efêmeras”, que muitas vezes acabam apenas por afogar a vida e o espírito. Citando Isaías o Papa recorda às monjas “sejam faróis para os que estão perto e sobretudo para os afastados. São tochas que acompanham o caminho dos homens e mulheres na noite escura do tempo. São sentinelas da manhã” (cf. Is 21, 11-12).

Suspirar pela escuta e oração

Ao falar do outro sentido da palavra “suspirar” o Papa explica “tem a ver com a intenção dos ímpios, daqueles que pretendem destruir o justo”, portanto o mosteiro é um espaço onde chegam as dores de toda a gente. Por isso, incentiva:

“Sejam os seus mosteiros – no respeito do seu carisma contemplativo e das suas constituições – lugares de guarida e escuta, especialmente para pessoas muito infelizes”

Francisco recorda às monjas contemplativas que elas não devem ser “daquelas que escutam apenas para matar o tédio, satisfazer a curiosidade ou arranjar temas de conversa”, mas “escutem o coração do Senhor para O ouvir também nos seus irmãos e irmãs”. 

O dom da intercessão

O Papa recorda às irmãs que “A fé é o maior bem dos pobres! É muito importante que esta fé seja anunciada e fortalecida neles, que os ajude realmente a viver e a esperar”, contando com as orações e a presença ativa das irmãs em cada realidade humana afirma que “na contemplação Deus oferece a vocês o dom da intercessão. Pela sua oração, como mães carregais às costas os seus filhos, levando-os para a Terra Prometida”.

Exaltando a importância da vida contemplativa o Papa continua “Sem vocês, queridas Irmãs contemplativas, que seria da Igreja e de quantos vivem nas periferias humanas de Madagascar?” E recorda a todas que

“Todos se apoiam na sua oração e no dom sempre renovado da sua vida; um dom, muito precioso aos olhos de Deus, que vos faz participar no mistério da redenção desta terra e das queridas pessoas que nela vivem”

Francisco conclui recordando do salmo e dos dois sentidos da palavra suspirar : “suspirando por Deus e suspirando por causa das dificuldades do mundo”. E confia às monjas a exclamação referida no Salmo 119: “Não somos odres expostos ao fumo, mas troncos que ardem até se consumir no fogo que é Jesus, Aquele que nunca falha e que cobre todas as dívidas”.

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07 setembro 2019, 10:40