No Angelus, apelo do Papa por paz justa e duradoura em Camarões
Cecilia Sepia - Cidade do Vaticano
Antes de rezar o Angelus na Praça de São Pedro, ao final da Celebração Eucarística por ocasião do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o Papa Francisco rezou pela paz na República dos Camarões, às vésperas do grande encontro de diálogo nacional, no qual estarão presentes líderes políticos e religiosos. O Santo Padre pediu orações para que os frutos desta iniciativa levem a uma paz “justa e duradoura”:
“Amanhã, segunda-feira, 30 de setembro, será aberto em Camarões um encontro de diálogo nacional para a busca de uma solução para a difícil crise que há anos aflige o país. Sentindo-me próximo aos sofrimentos e às esperanças do amado povo camaronês, convido todos a rezar para que esse diálogo seja frutífero e leve a soluções de paz justa e duradoura, em benefício de todos. Maria, Rainha da Paz, interceda por nós.”
As causas da crise
Há meses é verificado nos Camarões um recrudescimento do conflito entre separatistas das regiões anglófonas e o governo central. Com a proclamação da independência da República da Ambazônia pelos separatistas, e com os fracassos das negociações, o caminho escolhido foi o das armas. Desde então a situação precipitou gradativamente no caos, quase desencadeando uma guerra civil.
A situação na República dos Camarões
Os confrontos se multiplicaram e, de acordo com algumas estatísticas, em menos de dois anos, mais de 2 mil pessoas morreram, há milhares de feridos e mais de meio milhão de civis tiveram que abandonar suas casas em busca de refúgio nos países vizinhos.
Quase 3 milhões de cidadãos vivem em condições de grave insegurança alimentar, entre os quais muitas crianças, que morrem por causa de doenças que podem ser facilmente tratadas.
Em um relatório divulgado no início de maio, a Human Rights Watch denunciou "o uso regular de tortura e de detenção ilegal".
A mediação da Igreja
Nesta espiral de crise e violência, a Igreja vem tentando há algum tempos propor-se como mediadora do conflito, enquanto trabalha incessantemente para apoiar a população sujeita a riscos constantes.
Por esse motivo, os representantes religiosos decidiram participar do grande debate nacional convocado pelo presidente Paul Biya, que será realizado a partir da segunda-feira, 30 de setembro, até o dia 4 de outubro próximo, para discutir os grandes problemas do país.
"Somos obrigados a fazer tudo o que pudermos, mesmo às custas de nossas vidas, para trazer a paz de volta aos Camarões", disse à Agência Fides o cardeal Christian Wiyghan Tumi, arcebispo emérito de Douala, que participará do encontro.
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