Busca

As crianças do sul da Ásia estão mais expostas à escassez de água do que em qualquer outra região do mundo As crianças do sul da Ásia estão mais expostas à escassez de água do que em qualquer outra região do mundo

Unicef: 347 milhões de crianças afetadas pela falta de água no sul da Ásia

Esse é o número mais alto registrado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância no mundo inteiro. Embora as mudanças climáticas continuem a ter um impacto negativo, espera-se que o acesso à água potável melhore significativamente o bem-estar das crianças até 2030. A organização também enfatizará na COP28 a necessidade de incluir as crianças nos projetos para o clima

Vatican News

Ouça a reportagem e compartilhe

As crianças do sul da Ásia estão mais expostas à escassez de água do que em qualquer outra região do mundo. É o que afirma uma análise publicada esta segunda-feira (13) pelo Unicef, que afirma que pelo menos 347 milhões de crianças são afetadas pela elevada ou extremamente elevada escassez de água nos oito países da região (Afeganistão, Bangladesh, Butão, Índia, Nepal, Maldivas, Paquistão e Sri Lanka).

Água potável, um direito humano fundamental

"A água potável é um direito humano fundamental, mas milhões de crianças no sul da Ásia não têm água suficiente para beber em uma região assolada por enchentes, secas e outros eventos meteorológicos extremos, cada vez mais influenciados pelas mudanças climáticas", explicou Sanjay Wijesekera, diretor regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância.

A falta de água afeta diretamente o bem-estar e o crescimento das crianças, agravando situações já existentes de doenças, insegurança alimentar e desnutrição. Mas não é só isso: as crianças do sul da Ásia "geralmente vivem em um ciclo vicioso de seca e escassez de água. Quando os poços dos vilarejos secam, as casas, os centros de saúde e as escolas sofrem", acrescentou Wijesekera, enfatizando que a imprevisibilidade do clima só piora a situação.

Crianças do sul da Ásia, as mais afetadas pela vulnerabilidade hídrica

Atualmente, estima-se que apenas 4% de toda a água limpa proveniente de recursos renováveis (incluindo o ciclo hidrológico normal) esteja disponível para a região do sul da Ásia. Os períodos de seca estão se tornando mais longos e mais intensos, e a escassez de água é gerada não apenas pelo impacto da mudança climática, mas também pelo aumento da demanda, que nos últimos anos tem sido acompanhado pela má gestão dos recursos hídricos e das infraestruturas. A bacia do Ganges, que banha o Paquistão, a Índia, Bangladesh e o Nepal, é, por exemplo, o aquífero mais explorado do mundo, prejudicando a vida e o bem-estar de mais de 70 milhões de crianças que vivem nesses países, onde os aquíferos estão tendo cada vez mais dificuldade para se reabastecer.

O relatório do Unicef mostra inclusive que as crianças do sul da Ásia também são as mais afetadas pela vulnerabilidade hídrica, que é uma combinação de altos níveis de escassez de água e níveis muito baixos de disponibilidade de água potável. Em 2022, 45 milhões de crianças no sul da Ásia não tinham acesso à água potável e 169 milhões eram afetadas pela vulnerabilidade hídrica. Novamente, esses são os números mais altos registrados no ano passado em todas as áreas do mundo. Em termos de exposição à vulnerabilidade hídrica, a África Oriental e Meridional (com 130 milhões de crianças) e a África Ocidental e Central (102 milhões) vêm em seguida.

"Se não agirmos agora, as crianças continuarão sofrendo"

As previsões para o futuro são bastante negativas: cada criança no sul da Ásia é afetada por pelo menos um risco ou estresse relacionado ao clima. Mais de 600 milhões de menores - cerca de duas vezes a população dos Estados Unidos - estão expostos a doenças como a malária ou a dengue devido ao aumento das temperaturas e à proliferação de muriçocas. Em uma nota positiva, no entanto, estima-se também que, até 2030, a difusão da água potável, se continuar no ritmo atual, deverá reduzir em mais da metade o número de crianças sem acesso a ela, de 45 milhões para 18 milhões.

Apesar da particular vulnerabilidade das crianças às mudanças climáticas, apenas 2,4% do financiamento dos principais fundos multilaterais sobre o clima apoiam projetos que incluem atividades específicas para crianças. "Se não agirmos agora, as crianças continuarão sofrendo", acrescentou Wijesekera, enfatizando a disposição do Unicef de apresentar seu relatório na próxima COP28, que começará no final deste mês em Dubai. "Cabe aos governos, ao setor privado e às organizações da sociedade civil trabalhar em parceria para melhorar a gestão da água e projetar serviços que possam resistir aos choques climáticos."

(com AsiaNews)

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

14 novembro 2023, 11:36