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Ataque de Hamas a Israel, 7 de outubro de 2023 Ataque de Hamas a Israel, 7 de outubro de 2023  (ANSA)

Israel em guerra. O Patriarcado: esta deve ser uma terra de justiça e reconciliação

No dia seguinte ao ataque de Hamas, que apanhou o país de surpresa, desencadeando uma contraofensiva com centenas de mortos e milhares de feridos de ambos os lados, o Patriarcado Latino de Jerusalém invoca "a necessidade urgente de encontrar uma solução duradoura e global para o conflito israelense-palestina" nesta região, e apela à comunidade internacional para que sejam garantidos os direitos fundamentais das pessoas.

Antonella Palermo – Vatican News

Depois do longo dia de ontem, 7 de Outubro, que encerrou as festividades judaicas de Sucot - quando, às primeiras luzes da madrugada, milhares de foguetes começaram a cair de Gaza sobre Israel, apanhados completamente de surpresa - os lançamentos de mísseis e os ataques terrestres continuam a se verificarem a partir da fronteira sul de Israel. Tel Aviv e Jerusalém foram atingidas. As vítimas israelenses seriam mais de 200, 1.400 os feridos. O Ministério da Saúde de Gaza relata 250 palestinos mortos e 1.700 feridos.

Conflitos nos kibutzes fronteiriços, foguetes também vindos do Líbano

O exército está agindo para libertar as comunidades próximas de Gaza dos milicianos armados da organização infiltrados que fizeram numerosos reféns levados para o enclave palestino. Os moradores dos Kibutzes Be'eri e Ofakim, barricados em suas casas, foram resgatados pelas forças de segurança. A estação de polícia de Sderot, ocupada por militantes do Hamas, foi libertada com a morte de dez deles. O Hezbollah libanês afirmou ter realizado "tiros de artilharia e lançamento de foguetes" contra Israel a partir do território do Líbano. Na noite deste sábado, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, estendeu o “estado de emergência” a todo o território nacional. Os confrontos entre soldados israelenses e milicianos de Hamas ocorreram nos kibutz fronteiriços, de Ofakim e Beeri a Nirim e outros: à noite, o exército anunciou que os combates continuavam em 22 locais. Em Gaza, ao cair da noite, a eletricidade foi cortada.

Netanyahu chama reservistas, Hamas: lutamos pela liberdade

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou ao exército que chamasse os reservistas e "respondesse à guerra com uma impetuosidade e amplitude que o inimigo nunca conheceu antes". A força aérea israelense, após alguma incerteza, começou a bombardear a Faixa de Gaza. Os Médicos Sem Fronteiras falaram sobre dois hospitais atingidos, o Hospital Indonésio e o Hospital Nasser. Da Faixa, o chefe da ala militar de Hamas, Mohammad Deif, definiu a operação 'Inundação de al-Aqsa' como uma resposta à "profanação de lugares sagrados" e às "detenções". “Advertimos várias vezes o inimigo sionista – disse – mas sempre recebemos recusas”. Enquanto isso o vice-chefe de Hamas, Saleh al-Arouri, afirmou que a sua organização está envolvida numa batalha “pela liberdade”. “Isto – especificou – não é uma operação de ataque e fuga, iniciamos uma batalha total. Esperamos que os combates continuem e que a frente de combate se expanda. Temos um objetivo primordial: a nossa liberdade e a liberdade dos nossos lugares sagrados”. Em Gaza, depois do primeiro momento de euforia com a incursão dos milicianos em território judeu, prevalece o medo de represálias: muitos já abandonaram a zona mais próxima da fronteira com medo de uma operação terrestre do exército.

O apelo do Patriarcado de Jerusalém à comunidade internacional

Numa nota publicada no site do Patriarcado Latino de Jerusalém lemos que a improvisa explosão de violência “é muito preocupante pela sua extensão e intensidade. A operação lançada a partir de Gaza e a reação do exército israelense estão a levar-nos de volta aos piores períodos da nossa história recente. As demasiadas vítimas e demasiadas tragédias que as famílias palestinas e israelenses têm de enfrentar criarão ainda mais ódio e divisão e destruirão cada vez mais qualquer perspectiva de estabilidade”. Daí o apelo à comunidade internacional, aos líderes religiosos da região e do mundo, para “fazerem todos os esforços para ajudar a acalmar a situação, restaurar a calma e trabalhar para garantir os direitos fundamentais das pessoas na região”. Acrescenta-se também que "as declarações unilaterais relativas ao status dos locais religiosos e dos locais de culto fazem vacilar o sentimento religioso e alimentam ainda mais o ódio e o extremismo. É, portanto, importante preservar o Status Quo em todos os Lugares Santos na Terra Santa e em Jerusalém em particular". A nota conclui: “o contínuo derramamento de sangue e as declarações de guerra lembram-nos mais uma vez da necessidade urgente de encontrar uma solução duradoura e abrangente para o conflito palestino-israelense nesta terra, que é chamada a ser uma terra de justiça, paz e reconciliação entre os povos. Pedimos a Deus que inspire os líderes mundiais na sua intervenção para a implementação da paz e da concórdia, para que Jerusalém seja uma casa de oração para todos os povos".

Embaixada Israel Santa Sé: é guerra, a resposta israelense é legítima defesa

Num comunicado divulgado na noite deste sábado pela Embaixada de Israel junto à Santa Sé, afirma-se que “Israel está em guerra”. A nota afirma que "dezenas de civis israelenses foram massacrados por membros de Hamas e militantes da Jihad Islâmica num horrível crime de guerra. Em tais circunstâncias, o uso de ambiguidade linguística e de termos que aludem a uma falsa simetria deve ser deplorado. O que aconteceu hoje não pode levar a uma guerra, já é uma guerra. A resposta de Israel nestas circunstâncias não pode ser descrita como outra coisa senão um direito de legítima defesa". “Certamente não pode ser descrita como agressão – acrescenta o comunicado da Embaixada –. Traçar paralelos onde eles não existem não é pragmatismo diplomático, é simplesmente errado”.

Consternação em Israel com falha de inteligência

Entretanto, há uma forte consternação no país relativamente ao fracasso dos serviços de segurança. O governo e a inteligência estão sob acusação. Os Estados Unidos e Israel estão discutindo uma possível ajuda militar. Netanyahu, ao telefone com o presidente dos EUA, Joe Biden, falou de “uma campanha militar poderosa e prolongada”, no final da qual Israel “haverá a vantagem”. Operação “Espadas de Ferro”, como o governo de Jerusalém a chamou. Entretanto, a China apela “às partes pertinentes para que mantenham moderação e calma, parem imediatamente os combates, protejam os civis e evitem a deterioração da situação”.

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08 outubro 2023, 11:31