Busca

Ucrânia. Mulher ferida em um ataque Ucrânia. Mulher ferida em um ataque 

Guerra na Ucrânia: um mês que parece um século

O ataque militar russo à Ucrânia começou em 24 de fevereiro, uma guerra que destruiu a vida de milhões de pessoas e levou dramaticamente a história para o século passado, para a época da Guerra Fria

Alessandro Gisotti

O que é um mês na existência de um homem? Se a vida passa de uma maneira "comum", é um tempo curto, um trecho de estrada que dificilmente deixa impressões profundas em nosso caminho. Tudo muda se esse punhado de semanas for perturbado por um evento que muda abruptamente os trilhos sobre os quais corre o trem da história. É exatamente isso que aconteceu no mês que nos separa da noite de 23-24 de fevereiro, quando as forças armadas russas lançaram seu ataque à Ucrânia. Sim, um mês é pouco tempo e, no entanto, estes dias, cheios de dor, sofrimento e angústia, parecem um século, porque nos levaram dramaticamente ao século passado, com a perspectiva de uma nova Guerra Fria, até mesmo com o medo de uma Terceira Guerra Mundial.

Poucos, deve-se reconhecer, realmente acreditavam que Vladimir Putin teria dado a ordem para atacar, parecia tão absurdo e louco - mesmo para os interesses do povo russo - desencadear uma guerra no coração da Europa e, além disso, em uma fase histórica na qual, por causa da pandemia da Covid-19, a humanidade está lutando para se reerguer. Agora está claro que aqueles que queriam esta guerra irrefletida e injustificada não achavam que encontrariam uma oposição tão obstinada do povo ucraniano para quem a Europa, e não apenas a Europa, olha com admiração a força que estão mostrando na defesa de sua liberdade. Aqueles que trouxeram o horror da guerra de volta ao Velho Continente provavelmente pensaram que em poucos dias a "questão" estaria resolvida. Ignorando assim, mais uma vez, a lição da história, que tragicamente nos lembra - mesmo para as chamadas superpotências - que uma vez começada uma guerra, nunca se sabe quando (e como) ela acaba. A única certeza é que a vida das pessoas ficará perturbada para sempre.

"Aqueles que fazem a guerra esquecem a humanidade, não olham para a vida concreta das pessoas", disse o Papa Francisco em um de seus muitos fortes apelos contra este conflito apresentado falsamente como "uma operação militar especial". Exatamente assim. Na perspectiva daqueles que fazem a guerra, Kiev, Mariupol, Kharkiv são apenas objetivos a serem alcançados, peças de um quebra-cabeça a serem montadas para alcançar a "vitória final". Isso não é um vídeo game. As pessoas realmente morreram neste mês que mudou a história e continuam a morrer todos os dias, ou mesmo a cada hora, nestas cidades martirizadas da Ucrânia. A vida real das pessoas, a vida das famílias, dos pais, das mães e de seus filhos foi abalada para sempre. As imagens que chegam diariamente da Ucrânia - e mais uma vez, nas palavras do Papa, devemos agradecer aos jornalistas que nos permitem "estar perto do drama daquela população" - nos mostram a crueldade da guerra em toda a sua selvageria. E insensatez. Nada e ninguém é poupado.

O que poderia ser mais terrível do que uma mãe grávida morrer com seu bebê em seu ventre sob os bombardeios? "Tudo isso é desumano! Aliás, é até sacrílego", advertiu o Papa em palavras que devem abalar a consciência de todos, especialmente dos fiéis, "porque vai contra a sacralidade da vida humana, especialmente contra a vida humana indefesa". Cada dia a mais de guerra é uma derrota para a humanidade, na Ucrânia como no Iêmen, na Síria como na Somália e em todos os outros cantos do planeta onde as pessoas sofrem por causa desta abominação. Uma derrota à qual o Papa Francisco - com palavras, com gestos e sobretudo com a oração - nos pede para não nos acostumarmos, encorajando-nos a construir, com paciência e coragem, um futuro de paz e esperança.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

25 março 2022, 14:38