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Parte das tropas russas voltando para casa após exercitações militares (AFP) Parte das tropas russas voltando para casa após exercitações militares (AFP)

Dom Kryvytskyi (Kiev): "ninguém use a Ucrânia para seus próprios interesses"

"O pedido à comunidade internacional será, sobretudo, para não usar a Ucrânia para resolver seus próprios problemas ou buscar seus próprios interesses." A premissa, confirmada pelos acontecimentos de 2014, "é que os conflitos só dão origem a novos conflitos." "Como Igreja, vemos que hoje em cada discurso informativo há também muitas mentiras", denuncia o bispo católico de rito latino de Kiev, dom Kryvytskyi, "enquanto Cristo nos repete 'conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres'"

Vatican News

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"A Ucrânia deve permanecer totalmente independente, rejeitando os pensamentos e desejos imperialistas de todo e qualquer vizinho", disse o bispo católico de rito latino de Kiev e Zhytomyr, dom Vitalii Kryvytskyi, ao se encontrar com jornalistas na capital.

O contexto da entrevista, na Catedral de Santo Alexandre, é o temor do conflito ligado ao confronto entre os EUA e os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), por um lado, e a Rússia, por outro.

Conflito na Ucrânia na verdade começou há oito anos

Segundo o bispo salesiano de 49 anos, originário da cidade ucraniana de Odessa, "hoje é claro que a Ucrânia precisa do apoio em vários níveis daqueles que estão envolvidos na política". No centro de sua reflexão estiveram as questões da independência e da verdade. "Como Igreja, vemos que hoje em cada discurso informativo há também muitas mentiras", denunciou dom Kryvytskyi, "enquanto Cristo nos repete 'conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres'".

Com relação às tensões das últimas semanas, o bispo enfatizou: "Enquanto por um lado não vemos razões políticas para o início de uma guerra, já existem aqueles que afirmam que a guerra já começou, embora possam ser os mesmos meios de comunicação que um ou dois anos atrás negavam que houvesse um conflito na Ucrânia que na verdade começou há oito anos".

Conflito em Donbass, 14 mil vítimas e 7 mil feridos

A referência do bispo salesiano é a violência em Donbass, com confrontos entre o exército e os rebeldes separatistas que, segundo estimativas da Onu, causaram até agora pelo menos 14 mil vítimas e 7 mil feridos. O apelo do religioso, na Catedral de Santo Alexandre, ponto de referência para os quase um milhão de católicos de rito latino da Ucrânia, é também um apelo aos profissionais da mídia.

"Ainda hoje, um diálogo para um processo de paz parece continuar e nós acreditamos muito que a guerra não está começando", enfatizou dom Kryvytsyi. "Mas também vemos outras coisas: os investidores estão tentando tirar seu capital do país, as companhias aéreas estão fechando seus voos e muitas embaixadas estão retirando seus funcionários".

Os conflitos só dão origem a novos conflitos

O argumento é que não há razões objetivas para estas decisões. "A consequência, porém, é que a Ucrânia e seu povo já estão sofrendo", sublinhou o bispo, "e que aos muitos migrantes do passado poderiam agora juntar-se outros que já estão pensando em deixar o país".

“O Conselho ucraniano de Igrejas e de organizações religiosas, um órgão no qual todas as profissões de fé abraâmicas estão representadas, está lançando esta semana um apelo em favor da paz.”

"Será uma carta dirigida ao povo ucraniano, à Rússia e a todos os países ocidentais", disse dom Kryvytsyi. "O pedido à comunidade internacional será, sobretudo, para não usar a Ucrânia para resolver seus próprios problemas ou buscar seus próprios interesses." A premissa, confirmada pelos acontecimentos de 2014, "é que os conflitos só dão origem a novos conflitos".

(com Sir)

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16 fevereiro 2022, 13:38