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Manifestações depois do golpe em Burkina Faso Manifestações depois do golpe em Burkina Faso 

Golpe em Burkina Faso: o povo quer segurança e paz

O Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres pede a deposição das armas e a proteção do Presidente Christian Kaboré preso pelos militares insurgentes. Entrevista com o padre Ludovique Tougouma da Comunidade Missionária Villaregia em Ouagadougou que nos fala da situação: “Embora haja diferenças, a insegurança é um inimigo comum, e assim o apelo que fazemos é deixar de lado o que nos divide e lutar juntos contra a falta de paz, que prejudica a todos”

Vatican News

O Secretário Geral da ONU, António Guterres, condenou "fortemente qualquer tentativa de tomada do poder pela força das armas", reafirmando "o compromisso absoluto das Nações Unidas em salvaguardar a ordem constitucional e apoiar o povo de Burkina Faso na busca de soluções para os diversos problemas do país". Por fim, ele apelou para o diálogo num país marcado por uma grande insegurança nacional. Da mesma forma, o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, declarou que estava "acompanhando a grave situação com profunda preocupação".

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Os golpistas são militares do MPSR

Os soldados que se amotinaram no domingo (23) em vários campos militares do país fazem parte do Movimento Patriótico de Salvaguarda e Restauração. Eles capturaram o Presidente Kaboré, que chegou ao poder em 2015 e foi reeleito em 2020 com a promessa de fazer da luta contra os jihadistas uma prioridade e que, segundo todos os insurgentes e a população, não conseguiu. Com ele também estão sob custódia o presidente do Parlamento e alguns ministros.

Promessas não cumpridas

O pedido dos rebeldes, explicitado pelos soldados e, desde sábado, pelos manifestantes que saíram às ruas, é uma mudança de estratégia contra os jihadistas, que mantêm o país refém numa onda de violência que já gerou mais de 1.000 mortos e mais de um milhão de desalojados. As promessas do presidente de confrontá-los foram em vão como foi dito. O que é necessário, ao invés, são funcionários e salários mais altos e regulares, também são urgentes os meios apropriados para competir com grupos terroristas que pagam melhor do que o governo, e é preciso de um melhor treinamento.

Golpe esperado

Uma situação que não vê soluções e que provoca a exasperação da população, que também está sofrendo cada vez mais os efeitos de uma crise econômica quase incontrolável. O golpe foi, portanto, uma opção que muitos observadores temiam como "possível" e que o padre Ludovique Tougouma da Comunidade Missionária Villaregia em Ouagadougou tinha anunciado aos nossos microfones algumas horas antes de a notícia se espalhar.

Maior consciência de pertencer ao país

O sacerdote falou sobre a confusão dos últimos dias, do corte das comunicações pela internet: "Não sabíamos o que estava acontecendo até esta manhã", afirmou, "quando os rumores de um golpe começaram a circular". Não há movimento de massa nas ruas mas, explica o padre, o exército e a população há muito sentem que o governo era incapaz de administrar a segurança: "houve muitos ataques e a reação sempre foi muito fraca". O novo aspecto de que fala padre Tougouma - é a crescente consciência por parte da população de que eles podem fazer ouvir suas vozes e que podem reagir a um problema comum como a segurança. "Hoje não é fácil manipular a população sem ter uma reação. Uma maior consciência de pertencer ao país é importante. A paz", acrescentou, "é também a única maneira de trazer de volta aqueles que fugiram da violência". O problema dos deslocados é grande, tanto para nós, que os recebemos dos Estados vizinhos, quanto para aqueles que deixaram esta terra e agora não têm possibilidade de retornar.

Pela paz, deixar de lado as diferenças

O que a Igreja local pode fazer neste contexto? Pedir e exortar a ficarmos unidos", respondeu o sacerdote, "porque embora haja diferenças, a insegurança é um inimigo comum, e assim "o apelo que fazemos", afirmou, "mesmo em nossos sermões, é deixar de lado o que nos divide e lutar juntos contra a falta de paz, que prejudica a todos". “Dizemos ao povo", sublinhou, "vamos nos reunir para lutar", "na paz, se há paz, todos os problemas são resolvidos", e agora o país está em perigo.

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25 janeiro 2022, 14:47