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Jovem com pandorgas em seu quarto em Cabul Jovem com pandorgas em seu quarto em Cabul 

Para sacerdote barnabita, jovens afegãos são esperança para evitar retorno ao passado

A saída das tropas estadunidenses mergulham o Afeganistão na incerteza. Há o medo de uma volta ao passado e mesmo de uma guerra civil, alerta sacerdote barnabita, missionário no país desde 1990. Neste contexto, os jovens representam um sinal de esperança e a mudança no país passa pelo universo feminino.

Vatican News

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No dia 8 de maio, explosões em uma escola feminina no oeste de Cabul mataram pelo menos 50 pessoas, a maioria estudantes. No Regina Coeli do domingo, 9, o Papa Francisco falou em “ação desumana”, convidando a rezar pelas vítimas e pedindo a Deus para conceder a paz ao Afeganistão.

Falando à Agência Fides sobre a situação no país, o barnabita padre Giuseppe Moretti - missionário no Afeganistão de 1990 a 2015 e superior da Missio sui iuris em Cabul desde 2002 -, o ataque representou um sinal preciso dos fundamentalistas: “Não foi atacado um grupo genérico de estudantes, os terroristas quiseram atingir meninas que voltavam para casa depois de um dia de escola. É uma mensagem clara do que poderia acontecer com as mulheres com uma possível tomada do poder pelo ex-Talibã. Recordemos – disse ele - que durante o governo deles foi decretado que a educação das meninas deveria parar aos 8 anos de idade”.

Situação no país é imprevisível

 

O sacerdote diz que a saída do contingente militar estadunidense traz preocupações, pois abre espaço para a oposição, o Talibã. E faz um alerta: “O futuro do país é imprevisível e, segundo muitos analistas, não se pode excluir o risco de voltar a cair na guerra civil como já aconteceu em 1992”.

Ele reconhece que os acordos assinados trouxeram esperança, “mas há o receio de que a partir de agora os passos dados pela sociedade afegã nos últimos vinte anos possam ser apagados. Não foram passos de gigante, mas no período da presença das tropas da Otan, a expectativa de vida dos afegãos aumentou, passando de 40 para 60 anos, e o nível de escolaridade também aumentou entre a população feminina”.

Mudança passa pelas mulheres

 

E é sobretudo pelo universo feminino que passa a raiz da mudança no país – destaca o sacerdote barnabita –  pois “as mulheres afegãs são inteligentes, decididas, querem resgatar a escravidão sob a qual tiveram que viver, mesmo no respeito da lei islâmica. Há um verdadeiro movimento – revela -. Muitas meninas vão à escola, tiram a carteira de motorista, se tornam trabalhadoras extraordinárias, e agora teme-se que tudo isso possa ser perdido”.

Nova geração, sinal de esperança

 

Para padre Moretti, a esperança do país é representada justamente pela nova geração que não conheceu as repressões do governo talibã: “Os jovens afegãos foram formados nestes vinte anos e sem dúvida devem se tornar, ou talvez já sejam, a força para neutralizar um possível retorno ao passado. Eles estudaram, eles têm os meios modernos, sabem o que é liberdade. Um dos aspectos positivos da presença internacional nos últimos anos foi a difusão dos meios de comunicação e dos valores positivos da vida humana em liberdade. É preciso ter esperança e confiança e rezar para que o mundo ocidental permaneça realmente ao lado do Afeganistão neste momento crítico”.

A reflexão do sacerdote barnabita surge quando um relatório da Human Rights Watch sobre o Afeganistão fala de um país que começa a sofrer com o passo atrás das potências ocidentais: a população está cada vez mais empobrecida e os cuidados médicos, geralmente garantidos por doações estrangeiras, estão se tornando cada vez mais inacessíveis, sobretudo para as mulheres e, em geral, para os habitantes das áreas rurais. (Com Agência Fides)

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