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Inteligência artificial, sabedoria do coração e comunicação humana

O tema escolhido pelo Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano de 2024 é: “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana”.

Fábio Castro - Diretor da Revista Paróquias, da feira ExpoCatólica e do evento Catequistas Brasil

Ao analisar este tema sob a perspectiva do Catecismo da Igreja Católica (CIC), algumas considerações importantes surgem, especialmente relacionadas à visão da Igreja sobre tecnologia e ética. Primeiramente, o CIC reconhece que os frutos do intelecto humano, como a ciência e a tecnologia, são aspectos da participação na sabedoria e bondade de Deus (CIC 283). Assim, a inteligência artificial, como um produto da engenhosidade humana, pode ser vista como um reflexo desta participação.

No entanto, o CIC também adverte sobre o uso ético dessas tecnologias. O Papa Francisco, em suas mensagens, frequentemente chama a atenção para a necessidade de uma "ecologia integral", que inclui o cuidado com a cultura e a vida humana contra os excessos do desenvolvimento tecnológico (Laudato si' 145). Isso ressoa com as preocupações expressas no artigo sobre os potenciais efeitos danosos da IA, como a redução do pluralismo e a polarização da opinião pública.

Contudo, ao destacarmos o medo de promover a IA devido aos seus potenciais riscos, versamos arriscadamente na utopia de impedir o uso da IA, mesmo estando em alinhamento com a visão católica de que a tecnologia deve servir ao bem comum, respeitando a dignidade e a liberdade humanas. O CIC e os ensinamentos sociais da Igreja promovem uma abordagem que não somente celebra as conquistas da humanidade mas também incentiva seu uso com igualdade humana e pelo bem comum, mesmo impondo a necessidade de regulamentações éticas que garantam que tais tecnologias sejam usadas de maneira justa e moral.

Assim, o Catecismo da Igreja Católica apoia o uso de tecnologias como a IA quando estas promovem o bem comum e a dignidade humana, mas sempre com cautela e uma consideração ética rigorosa para prevenir abusos e consequências negativas não intencionais. Ou seja: use com “moderações”, mas use!

Na sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa Francisco escolheu este tema que nos convida a uma reflexão profunda sobre a integração da inteligência artificial (IA) nos nossos processos comunicativos, enfatizando uma abordagem equilibrada que incorpora tanto os avanços tecnológicos quanto os valores humanos intrínsecos expressos no Catecismo da Igreja Católica (CIC). Vejamos:

A Promessa da IA na Comunicação

A inteligência artificial oferece possibilidades sem precedentes para aprimorar a forma como comunicamos. Desde a automatização de tarefas mundanas até a provisão de novas formas de engajamento com informações, a IA tem o potencial de expandir os horizontes de nossas práticas comunicativas. Ela pode processar e analisar enormes quantidades de dados muito além da capacidade humana, oferecendo percepções e eficiências anteriormente inimagináveis.

Considerações Éticas do CIC

No entanto, como delineado no CIC, o uso de tal tecnologia deve sempre respeitar a dignidade da pessoa humana e promover o bem comum. A Igreja ensina que a pessoa humana é feita à imagem e semelhança de Deus (CIC 1700), e, portanto, qualquer tecnologia, incluindo a IA, deve servir para realçar, e não diminuir, essa dignidade fundamental.

O Papa Francisco frequentemente falou sobre o "paradigma tecnológico" e seu impacto na sociedade. Em sua encíclica, Laudato si', ele discute os desafios impostos pelo enorme poder tecnológico, que, quando desconectado de considerações éticas, pode levar a uma cultura onde a eficiência é priorizada em detrimento de valores humanos fundamentais.

IA e a Sabedoria do Coração

O tema chama especificamente para a "sabedoria do coração", que se refere a uma compreensão holística da inteligência que transcende meras habilidades cognitivas. Esta sabedoria envolve empatia, compaixão e um entendimento intuitivo das emoções humanas — qualidades que a IA, apesar de sua sofisticação, não pode replicar plenamente.

Integrar a "sabedoria do coração" na comunicação impulsionada pela IA requer a incorporação de valores éticos no desenvolvimento e implementação de sistemas de IA. Isso significa programar máquinas não apenas para tarefas, mas também para tomadas de decisão éticas que respeitem a dignidade humana e fomentem a interação humana genuína.

Rumo a uma Comunicação Plenamente Humana

Para alcançar uma "comunicação plenamente humana", os sistemas de IA devem ser projetados para complementar as capacidades humanas, garantindo que eles apoiem e não substituam o toque humano. As tecnologias de comunicação devem facilitar conexões mais profundas, promover a compreensão e o respeito entre as pessoas e aumentar nossa capacidade de compaixão e empatia.

Em conclusão, à medida que avançamos ainda mais na era da inteligência artificial, a Igreja nos lembra da necessidade de ancorar nossos avanços tecnológicos nos ensinamentos morais do CIC. Ao abraçar a sabedoria do coração, podemos aproveitar o potencial da IA para contribuir positivamente para a sociedade, garantindo que nossa comunicação permaneça verdadeiramente humana em todas as suas formas. Esse equilíbrio nos permitirá não apenas avançar tecnologicamente, mas também crescer em solidariedade e entendimento mútuo, aproximando-nos cada vez mais da essência do que significa fazer parte de uma família humana comunicativa e conectada. Por fim eu diria: use sem moderação, mas sempre considerando a ética e o respeito para com o próximo que a Igreja nos exige!

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10 maio 2024, 15:22