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Pessoas fogem de seus bairros depois que gangues armadas aterrorizaram as áreas de Delmas 24 e Solino na noite de 1º de maio, em Porto Príncipe, Haiti, em 2 de maio de 2024. (Photo by Clarens SIFFROY) Pessoas fogem de seus bairros depois que gangues armadas aterrorizaram as áreas de Delmas 24 e Solino na noite de 1º de maio, em Porto Príncipe, Haiti, em 2 de maio de 2024. (Photo by Clarens SIFFROY)  (AFP or licensors)

Em meio ao caos, a esperança de dias melhores para o Haiti

O relato de sacerdote camiliano: milhares de deslocados devido à violência, falta de comida e assistência médica são alguns dos problemas enfrentados pelos haitianos. ONU prepara missão no país caribenho, focando inicialmente na questão da segurança.

As notícias que chegam de Porto Príncipe nos últimos meses descrevem um contexto infernal, com constantes tiroteios e violência entre gangues armadas. Atualmente, no entanto, "parece haver uma ligeira melhora", declara à Agência Fides o Pe. Massimo Miraglio, missionário camiliano, pároco da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na localidade de Purcine.

“Precisamente nestes últimos dias recebi informações de fontes locais, de que na última semana a situação melhorou muito. Dizem-me que com certeza está muito mais calmo e por isso as atividades foram retomadas. É claro que isso não significa que a situação voltou ao normal, porque os problemas continuam enormes, as pessoas ainda vivem em uma cidade no caos”.

 

“O problema dos deslocados continua enorme – explica o missionário. Não esqueçamos que há pelo menos cem mil deslocados que abandonaram as suas casas para encontrar abrigo em cidades de lona muito precárias e que muitos tiveram que deixar a capital para encontrar abrigo na província. Igualmente grave é a questão alimentar. Há meses, concretamente desde 4 de março, não há entrada de contêiners na ilha e, apesar dos esforços do Programa Alimentar Mundial para distribuir alimentos, estes não são suficientes. Além disso, todas as estruturas foram destruídas, vandalizadas especialmente as médicas que por isso foram fechadas, os serviços completamente indisponíveis. Timidamente, algumas embaixadas e escritórios estão começando a abrir.”

“Um segundo aspecto a considerar diz respeito à missão da ONU. Na última semana houve uma aceleração na preparação da missão das Nações Unidas. Os aviões da Força Aérea do Exército do sul dos Estados Unidos trouxeram inicialmente material bélico para equipar a polícia e o exército de Porto Príncipe com novas armas. Em seguida, chegou material para a construção de uma base próxima ao aeroporto de Porto Príncipe, que deverá abrigar o primeiro grupo de quenianos esperado até o final do mês. A previsão é que nas próximas semanas cheguem dezenas de voos dos Estados Unidos, sempre da Força Aérea, com material de construção e pessoal especializado para a construção desta base e para verificar a segurança destas primeiras instalações da ONU.”

 

“Ao lado da missão da ONU, que é portanto uma missão de polícia internacional ao lado da polícia e do exército haitiano para restaurar a paz, a estabilidade no Haiti, a luta contra as gangues, não pode faltar um plano de apoio à população. Se por um lado é urgente uma intervenção militar para restaurar a paz e a estabilidade, por outro lado a ajuda humanitária a uma população agora exausta por meses e meses de violência, combates e instabilidade é também extremamente urgente. É absolutamente uma prioridade pensar em uma ação internacional de polícia militar para trazer estabilidade, mas é igualmente urgente iniciar distribuições massivas de alimentos e gêneros de primeira necessidade.”

“Parece que os EUA intervieram recentemente com outra dotação substancial para melhor apoiar esta missão. Certamente, se por um lado a intervenção das Nações Unidas é importante e pode trazer bons resultados, sem a contribuição substancial, econômica e política dos Estados Unidos, seria mais um fracasso. Nada acontece a uma hora e meia de Miami sem que os Estados Unidos ainda tenham o controle de tudo e acompanhem de perto. A esperança é que os Estados Unidos estejam verdadeiramente ao lado do Conselho de Transição criado para apoiar a sociedade civil e iniciem um projeto, um programa virtuoso de desenvolvimento, que estabeleça as bases para um processo virtuoso que tirará, pouco a pouco, o Haiti desta situação dramática situação."

 

“Do ponto de vista político – continua pe. Massimo – as notícias parecem ser bastante positivas, porque o Conselho de Transição, criado sob a égide da Caribbean Community (Caricom) e sob o olhar atento dos Estados Unidos e da comunidade internacional, parece estar começando a funcionar. Houve recentemente uma reunião com o antigo governo, ainda no cargo porque ainda não foi criado um novo, na qual acordaram algumas intervenções, revelando uma vontade entre os membros deste Conselho de colaborar para tirar o Haiti da crise e levar a ilha caribenha o mais rápido possível, provavelmente no final de 2025, a eleições que a reconheçam como constitucional, quer jurídica, quanto legalmente. Esperamos que este seja o início de uma evolução positiva, esperamos que a comunidade internacional leve a sério a situação no Haiti e esteja empenhada em apoiá-la de uma forma coerente e transparente.

É um momento muito frágil e a situação ainda é muito delicada. As próximas semanas nos dirão se estamos realmente no caminho certo.

Outro passo fundamental para poder reabrir o país também externamente seria a reabertura no início de junho do aeroporto Toussaint, em Porto Príncipe, atualmente fechado para voos civis e comerciais. A segurança dentro do aeroporto e o material trazido para os Estados Unidos é confiada ao exército estadunidense, enquanto aquela na parte externa é assegurada pelo pequeno exército haitiano e pela polícia. Espera-se que o porto, ou pelo menos um dos dois portos, também seja aberto o mais rápido possível para poder receber os contentores que chegam.

Padre Miraglio conclui com o convite a continuar a rezar, e destaca a importância dos apelos do Papa à paz e à conciliação, as recentes palavras do Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, durante a Conferência sobre o país caribenho organizada a partir da Academia de Líderes Católicos, onde exigia 'a atenção de todos'. “Certamente – diz o camiliano – são todas coisas que demonstram o desejo da Igreja de estar próxima do Haiti, neste momento delicado e importante da sua história”.

*Antonella Prenna - Agência Fides

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10 maio 2024, 13:45