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O início da Semana Santa no Vaticano O início da Semana Santa no Vaticano  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Coleta da Solidariedade: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8)

Em artigo assinado, o arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta, recorda que neste Domingo de Ramos será realizada "a Coleta Nacional da Solidariedade, que é o gesto concreto da Campanha da Fraternidade, ou seja, é uma forma de exercermos a caridade e vivenciarmos concretamente aquilo que nos pede o tempo quaresmal".

Cardeal Orani João Tempesta*

Ao longo do tempo quaresmal a Igreja no Brasil vive a Campanha da Fraternidade, idealizada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), desde 1964 quando assumiu o evento criado em Natal-RN pelo nosso predecessor D. Eugênio Sales. O tema da Campanha da Fraternidade deste ano é: Fraternidade e amizade social e tem como lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8). 

A Campanha da Fraternidade permeia ao longo das cinco semanas da Quaresma, e orienta todo o povo de Deus a se abrir mais ao amor com o próximo, com Deus e a cuidar mais do ambiente em que vive. A Campanha da Fraternidade ajuda os fiéis a viverem bem o tempo quaresmal, junto com as práticas espirituais propostas para esse tempo que são: oração, jejum e caridade. A Campanha da Fraternidade é uma forma de todos nós colocarmos em prática a caridade, dando mais atenção ao próximo e a realidade que nos cerca. Temos a grande missão de contagiar a sociedade com a fraternidade. Nestes tempos de polarização e ódios cheios de guerras somos chamados a viver a fraternidade cristã e ser sinal para o mundo de que aqueles que Deus criou podem conviver em paz.

No Domingo de Ramos acontece a Coleta Nacional da Solidariedade, que é o gesto concreto da Campanha da Fraternidade, ou seja, é uma forma de exercermos a caridade e vivenciarmos concretamente aquilo que nos pede o tempo quaresmal. Para essa coleta, há um envelope próprio com o logo da Campanha da Fraternidade deste ano, os envelopes são encaminhados para as paróquias e podem ser retirados no quinto Domingo da Quaresma, e serem levados para a coleta no Domingo de Ramos. 

Sejamos de fato solidários e contribuamos com a Coleta da Campanha da Fraternidade. A coleta arrecadada nesse dia não fica para a Igreja, mas é destinada ao Fundo Diocesano e Nacional de Solidariedade, que contribui para a promoção da dignidade humana e tem o compromisso com os pobres e a vida em plenitude. 

Do total arrecadado na Coleta para a Solidariedade, 60% ficam na própria diocese e é gerido pelo Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS) com o objetivo de apoiar iniciativas e projetos locais. Os outros 40% compõem o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), que é administrado pelo Departamento Social da CNBB, sob a orientação do Conselho Gestor da CNBB. Muitos projetos são contemplados. Portanto, o dinheiro arrecadado não fica na paróquia ou com o padre, mas é encaminhado para quem precisa, por isso, sejamos generosos nessa coleta do Domingo de Ramos. 

Vale recordar que a Campanha da Fraternidade termina no domingo de Ramos, mas o tema que a motiva é válido sempre. O tema da Campanha desse ano como já mencionamos é: “Fraternidade e amizade social”, ou seja, devemos voltar o nosso olhar para o próximo não somente enquanto durar a Campanha da Fraternidade, mas ao longo de todo ao vida. Temos que tratar todos bem sempre, ajudar o próximo sempre, estender a mão e alimentar aquele que tem fome. E, ainda, respeitar e amar o meio ambiente. 

Os bispos, padres, diáconos, e líderes de comunidade, são os principais motivadores das comunidades para que façam a doação e para que a Campanha da Fraternidade seja colocada em prática. Deve ser fruto de nossa penitência quaresmal de jejum e abstinência. Eles também são os primeiros que devem fazer a doação e explicar o destino que o dinheiro doado terá. Que possamos enxergar no próximo o rosto do próprio Cristo e estender-lhe a mão. Todo ser humano tem direito a vida digna. 

Se porventura os fiéis não puderem fazer a doação no Domingo de Ramos podem fazer ao longo do ano, seja em sua paróquia ou em outra, seja doação em alimento ou em dinheiro. Com certeza em sua paróquia existe a pastoral social, pois a paróquia deve atender muitas famílias carentes, ajudando com cesta básica, com roupas ou com kit de higiene. 

A Campanha da Fraternidade desse ano nos motiva a olharmos com mais carinho para as necessidades do próximo, por isso, é sempre tempo de nos importarmos com o outro e oferecer a nossa ajuda. Se partilhamos entre nós na Igreja o alimento espiritual que é a Eucaristia, devemos partilhar entre nós também as necessidades materiais. 

Estender a mão ao próximo é ir de encontro com o Evangelho e com aquilo que pede Jesus, desprezar o próximo é ir contra o Evangelho e uma incoerência para nós cristãos. Portanto, procure ajudar a pastoral da caridade social de sua paróquia e doe roupas, alimentos, ou até mesmo doe dinheiro para que eles possam comprar o alimento para compor a cesta básica dessas famílias. Sejamos generosos e vivamos o Evangelho ao longo de todo o ano.

Por fim, a Campanha da Fraternidade é um modo da Igreja particular no Brasil viver a Quaresma. Somos convidados a refletir sobre o tema apresentado cada ano e como poderemos fazer algo para melhorar aquela situação, esse ano por exemplo, como podemos acolher melhor o nosso próximo. A Campanha da Fraternidade não deixa de ser um exercício quaresmal em que somos convidados a nos despojar de nós mesmos e nos atentar as necessidades do próximo. 

Que possamos dar a nossa contribuição no dia da coleta da solidariedade (domingo de Ramos) para ajudar a tantos irmãos que precisam do nosso apoio. A Campanha da Fraternidade é expressão de comunhão, conversão e partilha e ajuda a cada um a ter o espírito de solidariedade. Tenhamos em nós os mesmos sentimentos de Cristo, amando como Ele amou.

*Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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24 março 2024, 08:00