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Dra. Helena Pyz, médica de pessoas com hanseníase na Índia Dra. Helena Pyz, médica de pessoas com hanseníase na Índia 

O apoio do Papa à médica polonesa que assiste pessoas com hanseníase na Índia

“Nossa situação era muito difícil e sem o apoio do Papa não sei como poderíamos ter atendido às necessidades mais urgentes de nossos crianças, quer em termos de nutrição como de educação”, disse a Dra. Helena Pyz à Rádio Vaticano. A médica polones ajuda doentes com hanseníase na Índia há 35 anos. O centro Jeevodaya por ela gerido trata da educação de crianças de famílias de pessoas com o mal de hansen, garantindo-lhes uma educação que vai desde o jardim de infância até ao ensino secundário.

Beata Zajączkowska – Cidade do Vaticano

Jeevodaya é o centro de reabilitação para pessoas com hanseníase mais antigo da Índia, ainda em funcionamento, criado graças ao coração generoso dos poloneses, mantido e gerido por eles. Foi fundada há 55 anos por um sacerdote e médico polonês que queria dar aos doentes a oportunidade de uma vida melhor. Por isso, desde o início, concentrou-se não somente no tratamento, mas também em assegurar aos pacientes e seus filhos a possibilidade de uma vida digna, que incluía pelo menos uma educação básica. Este seu desejo é demonstrado pelo nome do centro, que em sânscrito significa “alvorecer da vida”.

A capacidade de ler, escrever e fazer contas já oferece a possibilidade de uma vida melhor, visto que a Índia é um país onde o analfabetismo ainda é enorme. O centro é católico, mas a grande maioria dos estudantes e funcionários são hindus. Graças à existência de Jeevodaya, crianças de famílias afetadas pela hanseníase tiveram a oportunidade de uma nova vida. Eles foram retirados das colônias para pessoas afetadas pelo mal de hansen. Se tivessem ficado lá, teriam se tornado mendigos como seus pais.

Pe. Adam Wiśniewski em uma colônia para pessoas com hanseníase
Pe. Adam Wiśniewski em uma colônia para pessoas com hanseníase

A missão do padre palotino polonês, que serviu os doentes de hanseníase até o fim e foi sepultado na igreja que construiu em Jeevodaya, é realizada pela Dra. Helena Pyz, que faz parte do Instituto Primaz Wyszynski. Quando ele chegou à Índia havia fome no centro. Na época, o que o salvou foi o dinheiro recebido do cardeal Józef Glemp, que lhe permitiu comprar gêneros alimentícios de primeira necessidade. Agora ela recorreu ao apoio do Papa Francisco, que, sublinha, está atento às pessoas das periferias, como os filhos de famílias com pessoas doentes. “Soube do esmoler pontifício que seu escritório é um pronto-socorro para as situações de crise e recebemos o apoio que precisávamos, pelo qual agradecemos todos os dias com nossas orações”, afirmou a Dra. Helena Pyz à emissora do Papa.

“Desde que eclodiu a pandemia, a situação existencial em Jeevodaya piorou significativamente. Há muito mais crianças que precisam da nossa ajuda e, ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo o custo de vida aumentou drasticamente. Devido a decisões tomadas pelas autoridades, também perdemos o direito de comprar alimentos para os pobres com recursos estatais, o que fez com que o orçamento entrasse em colapso rapidamente. O Papa Francisco, que é muito sensível às necessidades das pessoas marginalizadas, e também nós, afetados pela hanseníase, fazemos parte delas, decidiu ajudar-nos por meio de sua Esmolaria”, contou a médica.

As pessoas com hanseníase vivem principalmente da mendicância
As pessoas com hanseníase vivem principalmente da mendicância

 

Ela confessa que se não fosse pelo apoio recebido, a alimentação das crianças teria sido muito limitada. “Os mais pobres da Índia às vezes comem somente arroz com sal, mesmo para nós o mais simples molho de lentilha poderia não estar mais disponível. Economizamos muito durante muitos meses, mas as lentilhas são uma das fontes fundamentais de proteína vegetal e não comemos outras. Graças à ajuda do Papa, todos os dias temos o arroz de base com molho, às vezes um ovo e até fruta para todas as crianças”, afirma. 

A médica acrescentou que as crianças do centro e os demais residentes agradecem ao Papa o apoio que receberam, rezando diariamente por ele. “Lembramo-nos do Santo Padre quer durante a Missa da manhã como no Rosário da noite”, afirma a doutora.

A médica sublinhou que, embora sejam identificados cada vez menos casos de hanseníase todos os anos, a doença ainda afeta fortemente a sociedade indiana. As atitudes em relação às pessoas com a doença de Hansen também estão mudando muito lentamente e a sua integração na sociedade é extremamente difícil. “A Hanseníase ainda é uma doença de exclusão e as mutilações causadas pela doença estigmatizam uma pessoa para o resto da vida”, disse a Dra. Pyz, a quem todos no centro chamam de “Mami”, que significa mãe.

Doutora Helena entre os alunos da escola de Jeevodaya
Doutora Helena entre os alunos da escola de Jeevodaya

“Desejo que Jeevodaya continue a servir as pessoas mais necessitadas de ajuda, mas não necessariamente as afetadas pela hanseníase, porque o meu maior sonho é que essa doença desapareça desta terra”, confessou a médica de 75 anos, agora confinada a uma cadeira de rodas devido a complicações da poliomielite infantil.

Dra. Pyz ressalta que a situação das pessoas com hanseníase na Índia ainda é muito difícil. “A hanseníase não é necessariamente incapacitante se for diagnosticada no primeiro estágio da doença e tratada adequadamente. Porém, quando aparecem os efeitos visíveis de uma doença negligenciada, como feridas, deformidades ou cáries, o destino de uma pessoa marcada pela doença não é melhor do que há meio século. A superstição, a ignorância sobre o curso da doença e os mitos arraigados ainda persistem neste país", disse ela.

Afirmou ainda que, para ela, a maior alegria depois destes anos de trabalho são as várias milhares de pessoas que foram completamente curadas da doença e provavelmente muitas outras que foram salvas de contrair a doença, como as crianças das colônias que viveram e estudaram em Jeevodaya por vários anos. A integração que ali ocorre é importante, para que se espalhe a mensagem de que a hanseníase é uma doença que deve ser tratada e pode ser curada, e não uma maldição para toda a vida.

“Muitos dos jovens saíram para o mundo depois de terminarem os estudos, têm a própria família, empregos interessantes e bem remunerados, grandes oportunidades tanto para o seu próprio desenvolvimento e bem-estar, como para ajudar os outros, o que é sempre o que mais me faz feliz. Tal corrente de bondade é algo que eu gostaria de ver sempre que possível, diz a Dra. Helena Pyz.

Estima-se que aproximadamente 3 milhões de pessoas sejam atualmente afetadas pela hanseníase em todo o mundo. 70% deles vivem na Índia. Hoje a doença não é um problema médico, mas social. Ainda temendo a exclusão, os pacientes têm medo de ir ao médico, por isso a doença é diagnosticada tarde demais e causa mutilações irreversíveis. A hanseníase diagnosticada precocemente é totalmente curável e não deixa marcas estigmatizantes.

Para obter mais informações sobre Jeevodaya, o trabalho da Dra. Helena Pyz e oportunidades de ajuda, consulte: www.jeevodaya.org.

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28 janeiro 2024, 14:51