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Fiel católica reza na igreja em Las Pinas city, Metro Manila. (Epa/Francisc R. Malasig) Fiel católica reza na igreja em Las Pinas city, Metro Manila. (Epa/Francisc R. Malasig)  (ANSA)

Filipinas: cristãos e muçulmanos se despedem do "bispo do diálogo", falecido aos 89 anos

Dom Capalla foi presidente da Conferência Episcopal das Filipinas (2003-2005), membro do comitê central da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC) e do Escritório de Assuntos Ecumênicos e Inter-religiosos da FABC (2000- 2005). Ele também foi membro do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.

Vatican News

Na manhã de 15 de janeiro bispos, sacerdotes, consagrados e leigos reuniram-se na Catedral de Davao - cidade da ilha filipina de Mindanao - para o funeral do arcebispo emérito de Davao, dom Fernando Capalla, falecido aos 89 anos no último 6 de janeiro.

Papa recorda empenho no diálogo inter-religioso

 

Na mensagem enviada e lida durante a cerimônia fúnebre, o Papa Francisco elogiou “o dedicado ministério episcopal do arcebispo, em particular a sua caridade pastoral e o seu compromisso na promoção do diálogo inter-religioso”.

Os milhares de fiéis que lotaram a Catedral de Davao, também na presença de líderes e fiéis muçulmanos, recordaram a grande atenção demonstrada pelo prelado no trabalho pastoral, na caridade e seu empenho no diálogo islâmico-cristão, missão na qual, no sul das Filipinas, envolveu-se totalmente.

Paz e diálogo, traços distintivos da vida de dom Capalla

 

A Missa exequial foi presidida pelo arcebispo de Davos, dom Romulo Valles, enquanto a homilia coube ao arcebispo emérito de Cotabato, cardeal Orlando Quevedo, muito próximo de dom Capalla, com quem colaborou por muitos anos.

“Ele foi um homem de profunda paz. A paz e o diálogo foram os traços distintivos da vida de Capalla", conduzindo a comunidade de Davao de 1996 a 2012, enfatizou dom Quevedo, observando que  “a santidade de dom  Capalla estava imbuída de valores evangélicos: respeito e compreensão recíproca; amizade com pessoas de outras religiões; empatia e profunda aceitação das diferenças; promoção da convergência entre diferentes religiões, especialmente islamismo e cristianismo”.

Seus colaboradores e lideranças muçulmanas recordam-no como um homem caracterizado pela doçura e pela humildade, qualidades estas que permitiram enfrentar diversas crises e momentos de tensão em uma região, como a ilha de Mindanao, atravessada por conflitos inter-religiosos e pela violência, incluindo o terrorismo.

Cofundador da Conferência Bispos-Ulama

 

Colocando à disposição suas habilidades como construtor de relações, Capalla foi um dos criadores e promotores da "Conferência Bispos-Ulama" (líderes religiosos muçulmanos, ndr), organização da qual foi cofundador em 1996, conseguindo reunir os religiosos líderes de diversas comunidades para iniciarem um diálogo inter-religioso autêntico e uma colaboração eficaz.

Nos seus quase 30 anos de atividade, a Conferência Bispos-Ulama promoveu o diálogo no sul das Filipinas com o objetivo de melhorar a coexistência entre muçulmanos e cristãos. As lideranças das diferentes comunidades de fé encontraram-se em conferências, sessões de estudo, momentos de oração, seminários em que trataram juntas temas como desenvolvimento, direitos humanos, dignidade, justiça social, paz e compreensão inter-religiosa, procurando pontos comuns e promovendo iniciativas de cooperação mútua, para o bem comum. A conferência também desenvolveu importantes parcerias institucionais, chamada como consultora pelo Gabinete do Conselheiro presidencial do governo filipino para o Processo de Paz, bem como pela Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas. Por este seu compromisso, dom Capalla recebeu o “Prêmio São Lorenço Ruiz pela Paz e a Unidade”, que reconheceu sua valiosa contribuição.

Membro do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso

 

Dom Capalla foi presidente da Conferência Episcopal das Filipinas (2003-2005), membro do comitê central da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC) e do Escritório de Assuntos Ecumênicos e Inter-religiosos da FABC (2000- 2005). Dada a sua competência e seu empenho, foi nomeado membro do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.

Padre Sebastiano D'Ambra, PIME; fundador do Movimento para o diálogo "Silsilah" no sul das Filipinas e estreito colaborador de dom Capalla, recorda que "ele foi um bom amigo que contribuiu muito para a promoção do diálogo inter-religioso em Mindanao, mas também a nível nacional e internacional. Quando fundei o Movimento Silsilah em 1984, estava feliz com este novo início e o valorizou. Acredito que muitos de nós podemos dizer muitas coisas sobre a bondade e generosidade do arcebispo Capalla. Foi ele quem aprovou liderar a Comunidade de Diálogo de Emaús, uma nova forma de vida consagrada na Igreja local e ficou muito feliz em apoiar o nosso Colégio Teológico Emaús, especializado no Diálogo Inter-religioso".

Dar continuidade à sua missão de diálogo e paz

 

“A criação da Conferência Bispos-Ulama – continua o missionário – é o seu precioso legado. Muitas outras coisas podem ser ditas sobre a paixão e a determinação de dom Capalla em promover múltiplas formas de diálogo em todos os níveis, como no caso da Semana da Paz de Mindanao. O seu compromisso foi crucial a nível nacional para o processo de paz entre o governo e a Frente Moro de Libertação Nacional (MNLF) e a Frente Moro de Libertação Islâmica (MILF), que agora têm um acordo oficial com o governo de Manila. Hoje a Igreja nos convida a continuar a missão de dom Capalla. Todos nós continuamos a recordar o legado de dom Capalla e continuamos a missão de diálogo e paz com coragem e determinação”.

*Com Agência Fides

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16 janeiro 2024, 08:42