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Cavalhada: Fé e Cultura se abraçavam Cavalhada: Fé e Cultura se abraçavam 

Festa de Santo Amaro: tradição religiosa e cultural na Diocese de Campos

Começa as peregrinações à Igreja de Santo Amaro, Campos dos Goytacazes (RJ). A Festa com três séculos preserva a memória cultural e religiosa, como testemunho da missão iniciada pelos Monges Beneditinos, que trouxeram para região a devoção ao santo, um dos primeiros discípulos de São Bento. Na região a intercessão ao santo reúne devotos e peregrinos no dia 15 de janeiro.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

No dia 15 de janeiro todos os caminhos levam ao Destrói campista uma multidão de peregrinos, que chegam à comunidade que fica distante 40 km, do centro urbano. No caminho uma multidão percorre a pé até chegar à igreja que fica na Baixada Campista. Peregrinos que percorrem o Caminho de Fé e Devoção ao Padroeiro da Baixada Campista. Cansados e felizes por agradecer a intercessão do santo. Nos dias festivos uma média de 150 mil devotos e peregrinos.

Caminhar a pé é um desafio, mas para os peregrinos o que vale é demonstrar o agradecimento por graças alcançadas por intercessão do santo. Histórias que revelam a fé e a intercessão dos santos. Dentre os testemunhos, Joel Rita da Costa que sofreu um acidente, quebrando o braço e na hora pediu ao Padroeiro da Baixada Campista pela recuperação. Não voltou a fazer o que mais gosta, mas tem o filho em seu lugar.

Muitas famílias cultivam a devoção ao santo. Jorge Bento Neves Pereira nasceu no distrito campista e desde a juventude aprendeu a ter a devoção ao santo. E após o casamento com a Assistente Social Ana Lucia Talhado morou em Niterói onde nasceram os filhos. Todos os anos nunca deixou de vir à festa. Há anos retorna ao lugar onde nasceu e a cada ano a emoção de agradecer sempre pela família.

Aos 32 anos de casados, Ney Ribeiro Pereira e Márcia de Fátima da Silva Pinto Pereira agradece Santo Amaro pela vida e pela filha Lívia Pito Pereira. E recorda as conquistas da filha que se formou em Psicologia e pela aprovação em concurso público.

Peregrinos
Peregrinos

Cavalhada: Fé e Cultura se abraçavam

O próprio espírito da Cavalhada prega a harmonia com um pacto de paz entre Mouros e Cristãos ao final desta apresentação cultural. O padre Alcemar nunca foi contra a Cavalhada. É um padre que reside na paróquia desde a criação do Santuário de Santo Amaro. Não teria sentido o contrário. Vamos buscar a harmonia”. Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo Diocesano de Campos

Um espetáculo equestre que representa o diálogo e o encontro da fé com a cultura. A Cavalhada reúne processos de elaboração que envolve as famílias e continua atraindo as novas gerações. Além do espetáculo está a preparação das vestes, usadas pelos cavaleiros. Representa um pouco da cultura equestre e o legado das famílias que passam a tradição aos filhos.

A herança familiar é um dos aspectos da Cavalhada, que continua atraindo crianças e adolescentes. Wanderson Costa guarda o legado da família e orgulho para o pai Joel Costa. Seu avô Francisco Manoel Costa foi um grande incentivador a dar continuidade a herança da família Costa.

Miguel Henrique de Carvalho desde os 14 anos participou da cavalhada e deixa o filho Wellington Luís Pereira de Carvalho no seu lugar com a missão de não deixar morrer a herança familiar. E para completar o meto Luiz Eduardo Ribeiro de Carvalho que junto com o pai continua o compormos de dar continuidade a tradição e memoria da comunidade.

Desde os preparativos até o espetáculo que une fé, tradição e a cultura equestre, a cavalhada é hoje uma grande família. E aos 12 anos Luiz David Rodrigues Alves não vê a hora de estar na apresentação da Festa de Santo Amaro. Uma história que compartilha com Nilson Eduardo Pessanha de Araújo, que correu com 8 anos e o sinhô, e o desejo de estar no espetáculo que se realiza no dia 15 de janeiro.

Dom Roberto

Dom Roberto Francisco destaca que uma das tradições mais expressivas de ampla ressonância popular da baixada campista é a da memorável cavalhada de Santo Amaro. Inspirada nos livros de cavalaria medieval como a “História de Carlos Magno e os Doze Pares da França”, os torneios e justas que mostravam a arte dos cavaleiros e suas habilidades presentes na cavalhada campista: as argolas, o ataque de espadas e o salto da Garupa.

“A cavalhada está inserida profundamente no coração da festa e no espírito de Paz e reconciliação do cristianismo legado da mística beneditina. A cavalhada acontece a tarde pelas 15 horas e encena o drama na luta dos cristãos e dos mouros, mas a trama termina na carreira do abraço, salientando a confraternização dos cavalheiros no que o Papa Francisco chama de Cultura do Encontro”, comenta Dom Roberto Francisco.

“À cavalhada de Santo Amaro propõe o diálogo das culturas, tradições religiosas e das Nações na mesa comum da cordialidade e da partilha. Por todas estas razões e valores religiosos, espirituais e culturais, podemos concluir que esta cavalhada constitui um patrimônio histórico e civilizatório profundamente humano e cristão”. Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo Diocesano de Campos.

Devotos
Devotos

Música: uma herança dos monges

Na composição do sacristão Milton Neves um resumo da vida de Santo Amaro, que caminhou sobre as águas para salvar o mínimo Plácido. O compositor se inspirou nos painéis da Cela São Geraldo no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

A música é um importante legado deixado na comunidade por Dom Bonifácio, monge alemão que incentivava o canto coral e a formação da banda de música, que atualmente tem essa tradição preservada pelas novas gerações. 

No canto coral as famílias se encontravam nas festas para manter as tradições das ladainhas e nesse período a composição de um homem simples contava um pouco da história da vida de santo amaro, um episódio que resumia a vida do santo e das lições de São Bento, do qual foi um dos primeiros di8scipulos, antes da fundação de Monte Cassino.

Devotos
Devotos

Reconhecendo testemunhos

Recordações de pessoas que deixam testemunhos de fé e de contribuição para preservação da cultura.

A Festa de Santo Amaro é uma oportunidade para recordar pessoas que deixaram seu testemunho de fé e devoção a Santo Amaro. Maria da Conceição Ramos, foi uma das pessoas que deram sua contribuição a um dos espetáculos que une fé e cultura, a cavalhada. Por décadas confeccionava as roupas usadas pelos 24 cavaleiros e adereços usados para dar brilho ao espetáculo que leva uma multidão a arena da praça.

Lembrada por sua hospitalidade no dia 15 de janeiro, sempre recebeu as honrarias dos membros da cavalhada. Sua morte foi sentida e é lembrada por sua docilidade em acolher a todos. Uma grande colaboradora para perpetuação da herança cultural e religiosa. Uma história de fé que recebeu na juventude em sua comunidade natal, a Comunidade de Pindobas, no município de Quissamã. Foi lá que conheceu a devoção a Santo Amaro.

Fotos: Ricardo Gomes, Genilson Pessanha (Folha da Manhã) e Maykon Carvalho

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10 janeiro 2024, 10:11