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Capa do livro "Eles mataram até as crianças. Os ‘Ulmas’, a família mártir que ajudou os judeus" Capa do livro "Eles mataram até as crianças. Os ‘Ulmas’, a família mártir que ajudou os judeus"  

Um livro sobre a família Ulma que em breve será beatificada

"Eles mataram até as crianças. Os 'Ulmas', a família mártir que ajudou os judeus", já está nas livrarias, disponível em italiano e inglês. O livro conta a história da família polonesa que será proclamada beata no próximo domingo, 10 de setembro. “O fato de que os nazistas também assassinavam as crianças é um sintoma da crueldade a que a humanidade chega quando deixa de pensar na paz e na fraternidade”, relata a autora Manuela Tulli.

Emanuela Campanile – Cidade do Vaticano

O que é bastante peculiar na história da família Ulma é que o pai de família, Józef Ulma, fotógrafo amador, deixou muitas fotos como testemunho da vida cotidiana de sua família. Uma história de mais de 70 anos atrás que é retratada em fotos de um pequeno vilarejo na Polônia. Algo único.

E é exatamente essa expressão que traduz o primeiro contato com a vida dessas pessoas. É possível fazer isso olhando para fotos antigas em preto e branco: Józef, o pai, Wiktoria, a mãe, e todas essas crianças fazendo a lição de casa, desenhando ou brincando.

“Eu me apaixonei por eles", diz Manuela Tulli, autora do livro juntamente com o padre Paweł Rytel-Andrianik, "e pensei em como essa família era bonita. Sim, há um massacre, há um martírio, mas o que sempre fica comigo é a simpatia dessa família, sua opção pela amizade e pelo amor. Sempre penso na beleza dessa casa aberta, que acolheu oito amigos judeus, arriscando suas vidas e perdendo-as".

A vida simples, mas única, da família Ulma também se reflete em alguns aspectos surpreendentes de sua beatificação, marcada para 10 de setembro.

Sem dúvida, não é apenas o fato de uma família inteira estar sendo beatificada ao mesmo tempo. O que mais impressiona é a amizade e o amor deles, o fato de terem traduzido o Evangelho para a vida prática. Os 'Ulmas' foram mortos por ódio à fé. Eles foram mártires, mas não por terem escrito em algum lugar que eram católicos. Não, eles eram verdadeiros cristãos, ou seja, colocavam o Evangelho em prática. E foi isso que incomodou os nazistas, ou seja, não apenas o fato de que eles escondiam judeus, mas também o fato de que, por esse amor cristão, eles se desassociaram completamente das leis que os nazistas impuseram, inclusive a que os impedia de ajudar a população judaica.

Além disso, a Igreja reconhece como mártir uma criança ao nascer, que não tem nome, mas que foi batizada, e como diz o Dicastério para as Causas dos Santos, com o batismo de sangue, como foi o caso dos Santos Inocentes. Segundo fontes históricas, quando os corpos foram exumados, a criança - não se sabe o sexo - foi encontrada com a cabeça reclinada sobre o seio da mãe.

Quem eram os oito judeus que a família Ulma escondeu?

Eles eram amigos dos 'Ulmas'. Józef os conhecia porque negociava couro com eles disse: "Eles são gente, não vou mandá-los embora". Esta é uma história de setenta anos atrás, mas há testemunhos que falam de uma casa alegre, onde sempre tinha também um pouco de confusão porque ali moravam seis crianças pequenas. Havia muita alegria, e imagino que essa alegria também estava presente durante aquele difícil um ano e meio, em que os 'Ulmas' esconderam seus amigos judeus no sótão da pequena casa.

É possível imaginar Wiktoria preparando comida para todos - como ela deve ter trabalhado duro - talvez isso a tenha traído, segundo testemunhas da época, pelo fato de ela ter comprado mais comida do que o normal. Imagino que as crianças, no entanto, brincavam, faziam a lição de casa e, como havia também uma menina entre os oito judeus, imagino também a amizade entre os sete. Sim, essa amizade, essa alegria, é algo impressionante.

Entretanto, o título do livro dedicado aos 'Ulmas' não se refere a nenhum dos elementos que caracterizavam essa família.

É verdade que escolhemos "Eles mataram até as crianças. Os 'Ulmas', a família mártir que ajudou os judeus", porque a crueldade atinge níveis inaceitáveis. Foi assim durante o holocausto, mas talvez ainda hoje, declara a autora.

O fato de querer assassinar até mesmo crianças é precisamente o sintoma de uma crueldade à qual a humanidade chega quando deixa de pensar na paz e na fraternidade.

O prefácio do livro é uma entrevista com o Cardeal Marcello Semeraro, Prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos. A introdução foi feita pelo Arcebispo Stanislaw Gadecki, Presidente da Conferência Episcopal Polonesa.

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07 setembro 2023, 09:55