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"Converter-se é mudar de mente, voltar aos caminhos do Senhor; ultrapassa tudo o que se possa pensar sobre Ele" "Converter-se é mudar de mente, voltar aos caminhos do Senhor; ultrapassa tudo o que se possa pensar sobre Ele" 

A conversão à justiça do Reino de Deus

A liturgia "é o lugar privilegiado da proclamação e da escuta da Palavra de Deus", afirma dom Adimir Antonio Mazali, bispo diocesano de Erexim. E a do próximo domingo (24), Dia da Bíblia no Brasil, reflete sobre a necessidade de se converter à justiça do Reino de Deus, aprendendo ainda mais sobre os seus critérios, "que devem conduzir nossa vida cristã, a fim de sermos bons e justos para com todos".
Ouça a reflexão de dom Adimir Mazali

Dom Adimir Antonio Mazali*

Neste último Domingo de Setembro, a Igreja do Brasil celebra o Dia Nacional da Bíblia. No Brasil, o mês da Bíblia tem sido oportunidade para um mergulho mais profundo no conhecimento de um texto da Sagrada Escritura. Nesse ano, o livro da Bíblia, para o estudo mais aprofundado, é a Carta aos Efésios, com o seguinte lema: “Vestir-se da nova humanidade” (cf. Ef 4,24).

Prezados irmãos e irmãs. A Liturgia é o lugar privilegiado da proclamação e da escuta da Palavra de Deus. A Liturgia da Palavra, deste Domingo, nos faz refletir e rezar sobre a necessidade de nos convertermos à justiça do Reino de Deus. A primeira leitura, do profeta Isaías (Is55,6-9), apresenta-nos a conversão como única resposta possível ao Plano de Deus, que supera nossas expectativas. Para Isaías, o processo de conversão contempla dois aspectos, a saber: o primeiro é positivo, “buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto; volte para o Senhor” (Is 55,6); já o segundo, caracteriza-se pelo abandono dos projetos injustos: “abandone o ímpio seu caminho, e o homem injusto, seus planos” (Is 55,7). Portanto, a conversão é mudança de caminho, de atitudes e ações, é tomar outras decisões e direções. Implica em fazer novas escolhas, em mudar de pensamento, em transformar-se internamente.

Converter-se é mudar de mente e voltar aos caminhos do Senhor, que ultrapassa tudo o que se possa pensar ou dizer sobre Ele. Por isso, para o profeta Isaías o próprio Senhor diz: “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos (...) Meus caminhos estão tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos tão acima dos vossos pensamentos quanto está o céu acima da terra” (Is 55,8-9). E o Salmo responsorial, deste Domingo, completa esta ideia, dizendo: “Misericórdia e piedade é o Senhor; ele é amor, paciência e compaixão (...) O Senhor é muito bom para com todos; sua ternura abraça toda criatura (Sl 144, 8-9) (...) O Senhor é justo em seus caminhos (...) é santo em toda a obra que ele faz; Ele está perto da pessoa que o invoca” (Sl 144,17). Por isso, a vida humana encontra somente em Deus seu sentido pleno.

No Evangelho, Jesus conta mais uma parábola para explicar o Reino de Deus ou a justiça do Reino. O Reino dos Céus é comparado ao proprietário que contratou vários trabalhadores para sua vinha, em horários diferentes, desde a madrugada até às cinco horas da tarde. Combinou a todos pagar o que lhes “era justo”. A cada grupo combinou pagar-lhes “uma moeda de prata”. No final do dia de trabalho, começando pelos últimos, pagou o combinado, “uma moeda de prata” a todos (cf. Mt 20,1-16a).

Caríssimos irmãos e irmãs. A parábola, contada por Jesus, faz pensar em diversas questões. Uma delas diz respeito à situação de desemprego existente na Palestina, no tempo de Jesus. A Parábola traz à tona aquilo que ocorria na sociedade e aponta uma luz diante do problema. Ela mostra que Jesus estava muito engajado e por dentro da vida e do sofrimento do seu povo. Indica, outrossim, que Jesus é um profeta e que Seu ensinamento aponta para olharmos a vida a partir de um critério novo, ou seja, a necessidade das pessoas sofridas. Para Jesus, o importante é que todos tenham o necessário para viver dignamente.

O surpreendente se dá no final da Parábola. Na hora do pagamento, os primeiros que foram contratados pensavam que iriam ganhar mais que os outros. No entanto, eles receberam o que fora combinado com o patrão da vinha, isto é, o que era justo: “uma moeda de prata”, como os demais. Por isso, reclamaram. Tal reclamação se deve ao fato de que foram igualados aos trabalhadores contratados por último. Esta decisão do patrão é o coração da parábola, a saber, a justiça do Reino indica que todos têm o mesmo direito à vida e à dignidade. Afirma o Patrão da Parábola: “Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti” (Mt 20,14). Isto é ser bom. Esta é a maneira de Deus agir.

Estimados irmãos e irmãs. Lendo e meditando a Palavra de Deus, nas Sagradas Escrituras, aprendamos ainda mais os critérios do Reino de Deus, que devem conduzir nossa vida cristã, a fim de sermos bons e justos para com todos.

* Bispo Diocesano de Erexim – RS

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24 setembro 2023, 08:00