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A Igreja na Mongólia

Hoje são cerca de 1.500 batizados na Igreja Católica (em 1995 eram apenas 14) distribuídos por oito paróquias e uma capela, num total de mais de 60 mil cristãos de várias denominações, em um total de três milhões e meio de habitantes. Eles são assistidos por um bispo, 25 sacerdotes, incluindo dois mongóis, 6 seminaristas, mais de 30 religiosas, cinco religiosos não sacerdotes e 35 catequistas. Os agentes pastorais são de cerca 30 nacionalidades.

Vatican News

Na tarde desta quinta-feira, 31, "partirei para o continente asiático para visitar os meus irmãos e irmãs na Mongólia. Peço-lhes que me acompanhem nessa viagem com suas orações. Que Jesus os abençoe e que a Virgem Santa cuide de vocês”, foi o pedido do Papa Francisco na Audiência Geral da quarta-feira, véspera da viagem. Não obstante as primeiras sementes do Evangelho ali tenham sido lançadas em termos remotos, foi a partir dos anos 90 do séxulo XX que a missão no país ganhou um novo impulso.

As origens

 

O cristianismo na Mongólia tem raízes profundas que remontam pelo menos ao século X, graças à difusão até ao Extremo Oriente das comunidades nestorianas de tradição siríaca, embora a sua presença no território ao longo dos séculos tenha sido descontínua.

Pelos testemunhos do frade franciscano Giovanni di Pian del Carpine enviado pelo Papa Inocêncio IV como embaixador na corte do Khan em 1245, sabemos que a antiga capital imperial Karakorum, fundada em 1235 por Ögödei Khan, era cosmopolita e multirreligiosa, com uma presença nestoriana. O primeiro missionário cristão do Ocidente autorizado a entrar no país foi o padre dominicano francês Barthélémy de Crèmone, que chegou em Karakorum em 1253 durante uma missão diplomática em nome do rei da França.

Em 1922, o Papa Pio XI erigiu a Missão sui iuris da Mongólia Exterior (correspondente à atual República da Mongólia), diminuindo o território do Vicariato Apostólico da Mongólia Central, na China (hoje Diocese de Chongli-Xiwanzi), renomeada em 1924 Missão sui iuris de Urga.

 

Após o nascimento, nesse mesmo ano, da República Popular da Mongólia pró-soviética, toda presença cristã no território foi cancelada até 1992, quando a nova República da Mongólia, nascida da Revolução Democrática de 1990, estabeleceu relações diplomáticas com a Santa Sé e foi erigida na Missio sui iuris de Ulan Bator, confiada aos Missionários do Imaculado Coração de Maria (CICM, conhecidos como Missionários de Scheut). À frente da missão desde o seu início estava o missionário filipino Wenceslao Padilla (falecido em 2018), nomeado por São João Paulo II em 2002 vigário apostólico e depois prefeito apostólico de Ulan Bator em 2003.

Uma Igreja jovem e pobre, mas vivaz

 

Quando os três primeiros missionários de Scheut chegaram à capital mongol em 1992, não havia sequer um único católico na Mongólia e o trabalho da “implantatio Ecclesiae” teve que começar do zero, no meio a dificuldades linguísticas e culturais.

O seu trabalho de apostolado e o de outras congregações religiosas que neste meio tempo chegaram à Mongólia, apoiado também financeiramente pela Igreja coreana deu seus frutos, como indica o lento mas constante aumento de convertidos ao catolicismo neste país de tradição budista e o interesse manifestado por um número crescente de jovens fiéis pelo sacerdócio e pela vida consagrada. Em 1995 havia apenas 14 católicos mongóis.

Como explicou o atual prefeito apostólico de Ulan Bator, o cardeal missionário italiano da Consolata Giorgio Marengo, a história da Igreja na Mongólia nestas três décadas pode ser dividida aproximadamente em três fases. A primeira, de 1992 a 2002 (quando a Missão foi elevada por São João Paulo II a Vicariato Apostólico), marcada por pequenos mas significativos progressos, sobretudo no campo da promoção humana. A segunda década viu o nascimento e o enraizamento das primeiras comunidades cristãs locais, enquanto a terceira década é simbolizada pela ordenação do primeiro sacerdote mongol, padre Joseph Enkhee-Baatar, em 2016.

Hoje são cerca de 1.500 batizados na Igreja Católica (em 1995 eram apenas 14) distribuídos por oito paróquias e uma capela, num total de mais de 60 mil cristãos de várias denominações, em um total de três milhões e meio de habitantes. Eles são assistidos por um bispo, 25 sacerdotes, incluindo dois mongóis, 6 seminaristas, mais de 30 religiosas, cinco religiosos não sacerdotes e 35 catequistas. Os agentes pastorais são de cerca 30 nacionalidades.

O trabalho da Igreja

 

A atividade predominante na obra missionária continua a ser o empenho nos campos social, educacional e de saúde. Em 2020 existia um instituto técnico, duas escolas primárias e duas creches, uma clínica médica que oferece tratamento e medicamentos aos mais carentes, um centro para pessoas com deficiência e dois institutos para acolher idosos abandonados e pobres. Cada paróquia também iniciou projetos de caridade que se somam aos da Caritas Mongolia, abrindo refeitório e chuveiros públicos, serviços de reforço escolar, cursos destinados à população feminina.

Boas relações com as autoridades mongóis e outras religiões

 

Este trabalho de promoção humana é apreciado pelas autoridades locais e tem contribuído para consolidar as boas relações entre Ulan Bator e a Santa Sé, como confirma o acordo assinado em 2020 pelo Embaixador da Mongólia junto à Santa Sé e o Arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário do Vaticano. para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais, para intensificar a colaboração no âmbito cultural entre os dois Estados, por meio da abertura do Arquivo Apostólico do Vaticano aos pesquisadores mongóis. As relações com outras religiões também são boas e em particular com as autoridades religiosas budistas, enraizadas na antiga tradição de tolerância e abertura que remonta ao império de Genghis Khan e confirmadas pela primeira visita oficial ao Vaticano, em 28 de maio de 2022, de uma delegação da Autoridade Budista da Mongólia acompanhada pelo cardeal Giorgio Marengo.

Desafios pastorais

 

Neste contexto positivo, o primeiro dos desafios pastorais da Igreja mongol, destacou o cardeal Marengo, é ajudar os fiéis a aprofundar a sua fé e a torná-la cada vez mais ligada à vida quotidiana. O segundo desafio é promover a comunhão e a fraternidade entre os missionários das diversas congregações e as demais comunidades cristãs presentes no país. Permanece, por fim, o desafio de continuar a proclamar corajosamente o Evangelho à sociedade mongol, onde, após longas décadas de ateísmo estatal durante o regime comunista, 39% da população ainda se declara não religiosa

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31 agosto 2023, 08:07