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Registro do incêndio de Acireale, na Sicília, em 25 de julho Registro do incêndio de Acireale, na Sicília, em 25 de julho 

Sardenha e Sicília queimadas pelas chamas: o apelo da Igreja local pelo combate aos incêndios

Chamas em meio a turistas de alta temporada, casas de moradores evacuadas e a corrida para apagar as chamas. Esse é o drama dos incêndios vivido no fim de julho e que voltam a devastar as tão procuradas ilhas italianas neste início de agosto. Da Igreja na Sicília, preocupação e denúncia pela situação que tem se repetido todo ano.
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Andressa Collet - Vatican News

Mais um domingo (6) marcado por vários incêndios nas ilhas italianas da Sardenha e da Sicília, como relata a imprensa italiana e confirmam as imagens dos bombeiros. Junto aos agentes florestais, eles estiveram trabalhando para apagar o fogo em vários pontos das regiões, com chamas que se tornavam ainda mais perigosas pelo forte vento.

As imagens divulgadas pelo sistema europeu de informação EFFIS (European Forest Fire Information System) confirmam a preocupante situação de altas temperaturas e incêndios vivida pela Sicília no mês de julho - principalmente entre os dias 20 e 25 quando o governo chegou a declarar estado de crise e emergência regional -  e que voltou a se constatar também em agosto. Um período crítico que tem feito a Igreja local se manifestar.

Naquele período de crise em julho, dom Antonino Raspanti, bispo de Acireale e presidente da Conferência Episcopal Siciliana, havia se questionado junto aos cidadãos como era possível que, "em uma época tecnológica extraordinária, onde se investem dinheiro para guerras e missões espaciais, diante ao fogo que nos devora, ainda somos obrigados a nos defender com nossas mãos nuas? Isso deve se repetir todo ano?".

"Há muitas famílias com crianças pequenas que ficaram desabrigadas", comentou ainda dom Raspanti, "que precisaram absolutamente de necessidades básicas. Elas saíram de suas casas despreparadas, com uma temperatura de 48 graus e muito vento". Mas quem está sofrendo com a difícil situação são, sobretudo, os idosos, que, como explicou o bispo de Acireale, além das dificuldades causadas pelas chamas, começaram "a morrer porque são vítimas do calor, que agrava as condições de saúde. Temos um número muito alto de funerais, de 2 a 3 por dia em qualquer paróquia", disse ele na entrevista ao Vatican News divulgada em 26 de julho.

Registro de 26 de julho no distrito de Tono, em Messina, na Sicília
Registro de 26 de julho no distrito de Tono, em Messina, na Sicília

A manifestação de bispos e sacerdotes da Sicília

E se naquele mesmo dia os bispos da Sicília divulgaram uma carta aberta sobre os tantos incêndios que estavam devastando a ilha, "queimando inclusive os restos mortais dos santos", há exatamente uma semana, em 31 de julho, uma carta aberta foi divulgada pelos sacerdotes do VII Vicariato da Arquidiocese de Catânia. 

"Certamente não cabe a nós realizar uma 'investigação técnica' aprofundada, mas - à luz das declarações feitas por especialistas do setor - nos associamos àqueles que denunciam uma grave falta de manutenção e controle das linhas de energia", escreveram os sacerdotes, ao acrescentar: "perturbadora é a certeza de que os incêndios, muitas vezes, não resultam de simples descuido, ou da ação de indivíduos 'perturbados', tomados por manias incendiárias, mas são atos de matrizes mafiosas que, de acordo com um plano bem definido, usam o poder do fogo como meio de intimidação, chantagem, vingança ou para acessar fundos para agricultores e criadores. A origem predominantemente dolosa dos incêndios é bem conhecida: reforçar a vigilância no território, incentivar a denúncia de quem sofre ameaça, envolver o Exército na prevenção e extinção dos incêndios poderiam ser ações eficazes para combater um fenômeno que está reduzindo cada vez mais as áreas verdes do nosso país e da nossa região".

"Continuamos confiantes de que Catânia possa se recuperar, possa reagir sem resignação passiva aos eventos recentes e, de modo mais geral, à situação de imobilidade que marca tantos aspectos da sua vida. Nosso apelo é forte às instituições e aos órgãos que administram serviços fundamentais para o bem-estar da cidadania; como comunidade cristã, oferecemos nosso compromisso e nossa colaboração, na certeza de que ser discípulo de Cristo significa também viver ativamente a pertença à sociedade civil e contribuir para o seu crescimento."

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07 agosto 2023, 09:52