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Foto de arquivo: dom Jacques Mourad, novo arcebispo de Homs, na Síria (Vatican Media) Foto de arquivo: dom Jacques Mourad, novo arcebispo de Homs, na Síria (Vatican Media)

Síria. Monge Jacques Mourad é consagrado arcebispo de Homs

A ordenação episcopal do padre Jacques, o monge que em 2015 foi sequestrado e mantido refém durante meses por jihadistas do autodenominado Estado islâmico (Isis), é um grande e promissor sinal para o presente e o futuro de todas as comunidades cristãs sírias. Os celebrantes deram testemunho da "especial humildade e gratuidade" que marca a vida do novo arcebispo, filho espiritual do padre Paolo Dall'Oglio, o fundador jesuíta romano da comunidade monástica de Dei Mar Musa, desaparecido desde 2013

Vatican News

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O padre Jacques Mourad "colocou sua vida nas mãos do Senhor". E o Senhor o escolheu "para ser o pai espiritual que santifica as almas com os sacramentos da salvação e guia todos na oração e no jejum", o irmão paciente e amoroso, o sábio e sapiente mestre".

Com essas palavras, o bispo Flavien Rami Al-Kabalan, procurador do Patriarcado de Antioquia dos Sírios junto à Santa Sé, indicou o caminho e a missão que espera o padre Jacques Mourad, monge da Comunidade de Deir Mar Mousa, que foi ordenado na sexta-feira 3 de março, como novo arcebispo católico sírio de Homs.

A ordenação episcopal do padre Jacques, o monge que em 2015 foi sequestrado e mantido refém durante meses por jihadistas do autodenominado Estado islâmico (Isis), é um grande e promissor sinal para o presente e o futuro de todas as comunidades cristãs sírias.

Nossa esperança permanece totalmente no Senhor

A liturgia, presidida pelo patriarca católico sírio Ignace Youssif III Younan, também contou com a participação do cardeal Mario Zenari, núncio apostólico em Damasco, do patriarca greco-católico melquita Youssef Absi, do patriarca ortodoxo sírio Mar Ignatius Aphrem II e de dezenas de bispos.

A catedral síria, dedicada ao Espírito Santo, não pôde conter a multidão de jovens e idosos, parentes e amigos que vieram de longe - Líbano, Iraque, França, Alemanha, Roma e de todas as regiões da Síria - para testemunhar o afeto e a gratidão que os une ao querido padre Jacques. No povo sírio, as feridas ainda abertas da guerra se somam às novas dores pelo terremoto que também devastou Aleppo, a cidade natal do novo arcebispo.

Nestas provações, disse o bispo Flavien Rami, os batizados são levados a reconhecer que estão como que no exílio, "porque nossa casa é o céu. E nossa esperança permanece totalmente no Senhor, que está vivo e cura nossas feridas, enxuga nossas lágrimas, conforta nossos corações. Continuamos sendo o povo da esperança, porque Ele nos assegurou no Evangelho: 'não tenhais medo, eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo'".

"Humildade e gratuidade" marcam a vida do monge Mourad

Com suas palavras, os celebrantes deram testemunho da "especial humildade e gratuidade" que marca a vida e o traço pessoal do novo arcebispo, filho espiritual do padre Paolo Dall'Oglio, o fundador jesuíta romano da comunidade monástica de Dei Mar Musa, que desapareceu no final de julho de 2013, enquanto se encontrava em Raqqa, naquele tempo uma fortaleza do Isis na Síria.

Na história do padre Jacques Mourad e seus irmãos e irmãs da Comunidade de Deir Mar Musa, o amor por Jesus, derramado por uma superabundância de graças inclusive sobre seus irmãos e irmãs muçulmanos, também atravessou a passagem martirial da perseguição jihadista. Em Cristo, o bispo Jacques também continuará a amar e servir àqueles que compartilham a religião de seus próprios carcereiros, e usam suas próprias orações.

"Eu também preciso", escreveu ele no livro-testemunho no qual relata os meses de convivência forçada com os jihadistas, "repetir a cada momento meu abandono absoluto nas mãos do Senhor, preciso aceitar que não controlo nada, preciso clamar a Ele para me salvar: 'Senhor Jesus, tende piedade de mim, pecador!' Esta súplica de misericórdia é a única realidade imutável de nossas vidas. Um dia tudo chegará ao fim, mesmo nossas mais belas obras, mesmo as mais belas vidas, tudo chegará ao fim para o homem, exceto a necessidade da divina Misericórdia: sempre precisaremos ser salvos por Deus".

(Fides – GV)

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06 março 2023, 11:40