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"A Quaresma é vivida em um clima de temor, incerteza, insegurança e precariedade" "A Quaresma é vivida em um clima de temor, incerteza, insegurança e precariedade"  (AFP or licensors)

Em Mianmar, o convite aos fiéis a fazerem jejum do ódio e amar os inimigos

“Jejuemos do ódio em relação aos outros, também aos nossos inimigos, para descobrir que Cristo vive neles; jejuemos do pessimismo e dos pensamentos sombrios, que se acumulam em nossos corações, para que a esperança cristã viva em nós; jejuemos das preocupações com o futuro, para que permaneçamos repletos de confiança e fé em Deus”, foi a exortação de sacerdote birmanês aos fiéis

O padre Joseph Phe Lin Lay exortou os fiéis - sobretudo do Estado de Chin, oeste de Mianmar, muitos dos quais deslocados internamente -, a viverem a Quaresma em espírito penitencial, com as seguintes recomendações: “Jejuemos do ódio em relação aos outros, também aos nossos inimigos, para descobrir que Cristo vive neles; jejuemos do pessimismo e dos pensamentos sombrios, que se acumulam em nossos corações, para que a esperança cristã viva em nós; jejuemos das preocupações com o futuro, para que permaneçamos repletos de confiança e fé em Deus”.

Os fiéis da região birmanesa de Chin, de maioria cristã, reuniram-se em oração e em espírito de conversão, enquanto se expande na nação um conflito civil, que, segundo as instituições internacionais, não pode ser mais definido como “de baixa intensidade”.

Padre Joseph Phe Lin Lay fez um apelo aos fiéis para que se apeguem sempre, em tempos de dor, luto e precariedade, à Palavra de Deus: “Ela ilumina todos os momentos da nossa vida, tanto de alegria como de sofrimento”.

Os fiéis da etnia Chin, uma das minorias étnicas de Mianmar, rezam intensamente pela nação, pedindo a Deus paz, justiça, cura, reconciliação; ao mesmo tempo, expressam proximidade e solidariedade com todos os que sofrem, sobretudo os mais vulneráveis; dão testemunho da sua fé e caridade mediante gestos simples, como rezar juntos, compartilhar o jejum, dispensar tempo e atenção e dar conforto aos enfermos e feridos.

Joseph Kung, leigo católico e diretor de um instituto universitário privado em Yangon, falando à Agência Fides recordou que a nação é um campo de combate entre os militares e as Forças de Defesa Popular, que nasceram espontaneamente após o golpe de Estado de 1° de fevereiro de 2021. E acrescentou: “A Palavra de Deus, que ouvimos no Evangelho do domingo 19 de fevereiro0, ressoa fortemente entre os católicos de todas as etnias de Mianmar. Por isso, amem seus inimigos”!

Osa combates atingem o território de cinco dioceses, das 16 do país: Loikaw, Pekhon, Hakha, Kalay e Mandalay. Por isso, afirma Joseph Kung, a Quaresma é vivida em um clima de temor, incerteza, insegurança e precariedade, visto "o êxodo das pessoas desesperadas, que fogem das aldeias onde o exército ataca de modo cruel, sem se importar com a vida de inocentes".

Joseph Kung diz ainda: “Os deslocados buscam refúgio nas florestas ou vão para campos de refugiados. Às vezes, buscam abrigo em igrejas, escolas e institutos, que, como vimos nos últimos meses, não são mais lugares totalmente seguros, pois o exército dispara granadas e fogo de artilharia contra as igrejas. Entre os últimos episódios, em 15 de janeiro, o exército birmanês incendiou a antiga igreja católica da Assunção, na Arquidiocese de Mandalay; em 4 de fevereiro, os disparos de artilharia atingiram a igreja de Nossa Senhora das Dores, na Diocese de Pekhon”. Nesta situação, porém, conclui Joseph Kung, “animados pela fé, jejuamos do desânimo para viver a gratidão a Deus, que é amor e esperança; jejuamos da amargura para acolher e perdoar quem nos faz mal”.

*Agência Fides

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26 fevereiro 2023, 10:23