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Nos destroços de igreja siríaco-católica em Mosul, jovens iraquianos dão as boas-vindas ao Papa Francisco Nos destroços de igreja siríaco-católica em Mosul, jovens iraquianos dão as boas-vindas ao Papa Francisco 

Sinos da "igreja do relógio" em Mosul voltarão a tocar em março

A Igreja de Nossa Senhora da Hora (Al-Saa'a), construída no final do século XI está localizada no coração de Mosul, sempre tenso sido considerada um dos símbolos da cidade, sobretudo por seu campanário, que com seu grande relógio, havia sido doado à igreja pela imperatriz Eugenie, esposa de Napoleão III. A igreja, historicamente oficiada pelos padres dominicanos, havia sido seriamente danificada durante a ocupação jihadista.

A "viagem" está programada para se realizar no próximo mês de março. Será então que os três sinos - renomeados com os nomes dos Arcanjos Gabriel, Miguel e Rafael - partirão da Normandia para chegar a Mosul para serem realocados na torre sineira daquela que todos conhecem como a "igreja do relógio", ou "igreja da hora". 

 

O anúncio foi dado nos últimos dias nos canais de informação da UNESCO, órgão da ONU envolvido em projetos de reconstrução na parte histórica da cidade do norte do Iraque, ainda marcada pela devastação sofrida durante os anos de ocupação jihadista.

Os três sinos foram trabalhados na fundição artesanal de Villedieu-les-Poêles Cornille Havard, na Normandia (França), um atelier onde 15 artesãos especializados trabalham valorizando o encontro entre ferramentas tecnológicas modernas e tradições que remontam à Idade Média. A Unesco também informa que as obras de restauração de toda a igreja devem ser concluídas até 2023.

Fontes locais costumam relatar notícias ambivalentes e, em todo caso, nada reconfortantes sobre o "retorno" de famílias cristãs que fugiram de Mosul em 2014, quando a cidade se tornou a capital iraquiana do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh). Após os anos de ocupação jihadista, que duraram até 2017, a convivência social da cidade voltará a ser acompanhada pelo som dos sinos da "igreja do relógio", um dos sinais mais simples e discretos com o qual a presença cristã torna-se perceptível a todos no  passar dos dias.

A Igreja de Nossa Senhora da Hora (Al-Saa'a) está localizada no coração de Mosul, no cruzamento das duas principais ruas que atravessam a cidade velha. Construída no final do século XIX, sempre foi considerada um dos símbolos de Mosul, sobretudo por seu campanário, que com seu grande relógio, foi doado à igreja pela imperatriz Eugenie, esposa de Napoleão III. A igreja, historicamente oficiada pelos padres dominicanos, havia sido seriamente danificada (mas não destruída, como afirmavam na época rumores levantados por alguns meios de comunicação) durante a ocupação jihadista.

 

A restauração do templo sagrado foi incluída no plano de restauração de igrejas e mosteiros devastados durante o período da ocupação jihadista. Um programa de reconstrução lançado também graças a uma contribuição da União Europeia. A UNESCO reservou fundos oferecidos pelos Emirados Árabes Unidos para a reconstrução de Mossul.

A igreja dominicana de Mosul é herdeira de uma longa tradição. A Ordem dos Pregadores havia de fato chegado à Mesopotâmia já no século XIII e também estabelecido um convento em Mossul. “As badaladas do relógio daquela igreja - havia afirmado à Agência Fides em abril de 2016 a irmã Luigina Sako, Superiora da casa romana das Irmãs caldeias Filhas de Maria (e irmã do patriarca caldeu Louis Raphael) - marcaram nossa juventude, quando Mossul era uma cidade onde as pessoas viviam juntas em paz. Lembro-me que, como alunos, quando tínhamos um exame importante, íamos todos, cristãos e muçulmanos, levar os bilhetes com os nossos pedidos de ajuda à gruta de Lourdes que ficava naquela igreja, que até os nossos amigos islâmicos conheciam e honravam como 'a Igreja da Nossa Senhora milagrosa'”.

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22 dezembro 2022, 11:47