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Schevchuk: na pandemia, as feridas eram causadas por um vírus invisível. Hoje são sofrimento e derramamento de sangue

"Os profissionais de saúde da Ucrânia, particularmente agora, durante a guerra, se viram na vanguarda da frente humanitária. Vemos como a guerra trouxe muito sofrimento físico e moral. Os feridos e o sofrimento acabaram em hospitais, e os médicos tiveram que lidar com um grande número de pessoas a serem assistidas. Os feridos encheram nossos mosteiros, nossas casas de retiro, até as residências dos bispos."

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje é quinta-feira 3 de novembro de 2022 e a Ucrânia vive o 253º dia de uma grande e sangrenta guerra, uma guerra que trouxe destruição, morte e lágrimas à terra ucraniana, uma guerra de agressão e colonização que a Rússia está conduzindo contra a Ucrânia.

Lamentamos profundamente saber que mesmo as fórmulas de paz que a Rússia está inventando hoje nada mais são do que a pacificação da colônia que eles mais uma vez querem destruir como Estado, como povo. "Destruição" é a única palavra que provavelmente melhor descreve tudo o que o ocupante russo trouxe para nossa terra hoje.

No dia de ontem e na noite passada fortam travadas pesadas e sangrentas batalhas ao longo de toda a linha de frente. As mais cruéis no leste da região de Kharkiv, na região de Donetsk, no sul da região de Zaporizhzhia e na região de Kherson. O inimigo está novamente destruindo contínua e sistematicamente a infraestrutura crítica de nossas cidades e povoados. Ontem, em apenas um dia, Kharkiv e Zaporizhzhia foram atingidos. À noite, a cidade de Kryvyi Rih, na região de Dnipropetrovsk, onde um elemento importante da infraestrutura crítica foi destruído, e a eletricidade foi cortada em três regiões do sul da Ucrânia: as de Zaporizhia, Dnipropetrovsk e, tanto quanto sabemos, na região de Kirovohrad. Mas o maior problema é que a usina nuclear de Zaporizhzhya também ficou sem eletricidade, que passou para outro tipo de fornecimento de energia que era literalmente suficiente por alguns dias. A contagem regressiva para o desastre causado pelo homem começou.

Mas a Ucrânia resiste! A Ucrânia luta! A Ucrânia reza!

 

Esta guerra causou e continua a causar grandes feridas ao povo ucraniano. Portanto, nas condições de guerra, um dos aspectos-chave da pastoral da Igreja, a pastoral em condições de guerra, é uma vocação especial para curar feridas. O próprio Senhor Jesus Cristo é o nosso curador, ele é Aquele que cura as feridas da alma e do corpo humano. E a Igreja, como corpo de Cristo, continua a sua missão. A cura das feridas é um dos elementos-chave da presença do nosso Cristo no meio de nós e da continuação da sua acção salvífica.

Nos próximos dias, desejo refletir com vocês sobre as feridas do povo ucraniano e as maneiras que devemos usar para que sejam curadas e tocadas pela mão curadora de nosso Salvador por meio de nosso serviço.

Os profissionais de saúde da Ucrânia, particularmente agora, durante a guerra, se viram na vanguarda da frente humanitária. Vemos como a guerra trouxe muito sofrimento físico e moral. Os feridos e o sofrimento acabaram em hospitais, e os médicos tiveram que lidar com um grande número de pessoas a serem assistidas. Os feridos encheram nossos mosteiros, nossas casas de retiro, até as residências dos bispos. Durante a pandemia de Covid-19, essas lesões foram infligidas por um inimigo invisível: o novo vírus. E hoje essas feridas são sofrimento e derramamento de sangue.

Ser um médico é um chamado de Deus. São Basílio Magno em seu tempo criou hospitais - grandes "Basiliadi" - como espaço para o diaconato da igreja. Ali foram criadas as condições necessárias para tudo o que nosso Salvador deixou à sua Igreja para curar as feridas das pessoas. A cura espiritual, mas também a arte médica, poderia servir às pessoas sofredoras e necessitadas.

Hoje estamos fazendo de tudo para concentrar os esforços dos médicos e dos nossos pastores na ajuda aos sofredores. A sociedade ucraniana de hoje deve entender que os médicos são pessoas que também precisam de nosso apoio e solidariedade para realizar seu serviço. Convidamos a todos a rezarem pelos nossos médicos. E também convidamos os médicos a rezar e confiar na Divina Providência. Caros colegas trabalhadores da saúde, sempre que virem uma pessoa doente, vocês devem perceber que estão tocando as feridas do próprio Salvador sofredor.

Que o Senhor dê aos nossos médicos tudo o que é necessário para desempenhar o seu serviço com dignidade e espírito cristão. E a nós, sociedade e Igreja, damos força para sustentar nossos médicos.

Hoje o papel dos capelães médicos está sendo descoberto de uma maneira particular. Sua presença nos hospitais civis e militares hoje é muito importante, porque esses remédios espirituais, essas curas que ajudam a curar a alma e o corpo de uma pessoa, são os Sacramentos da Igreja. Que o Senhor Deus tenha misericórdia de nós, nos visite como médico e curador em nossas almas e em nossos corpos.

Também hoje eu gostaria de deixar vocês ouvirem as palavras do metropolita Andrey Sheptytskyi para extrair das profundezas de sua sabedoria e suas palavras paternais. E é assim que ele se dirige aos cristãos em tempos de guerra. Hoje o metropolita nos diz estas palavras:

"Mantenham a calma. Nosso destino está nas mãos de Deus. Sem a vontade de Deus nem um fio de cabelo cairá da sua cabeça. Nossa esperança e força estão em Deus. No fogo desta terrível guerra se forja o melhor destino para todos nós”.

Senhor, cure as feridas do povo ucraniano! Senhor, envia o Teu Espírito Santo como remédio para o nosso sofrimento e dor! Deus, abençoe nossos médicos, nossos soldados com Seu poder celestial! Ajude cada um de nós a cumprir nossa tarefa nas circunstâncias da guerra. Deus, abençoe a Ucrânia com Sua justa paz celestial!

Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade,  agora e para todo e sempre, amém!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Svyatoslav+

Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
03.11.2022

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03 novembro 2022, 19:58