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Paulo VI escreveu sete encíclicas, entre as quais a ‘Humanae vitae’ (1968) e a ‘Populorum progressio’ (1967). Paulo VI escreveu sete encíclicas, entre as quais a ‘Humanae vitae’ (1968) e a ‘Populorum progressio’ (1967). 

Grandes desafios de Paulo VI

"Apesar dos não poucos e nem pequenos desafios, Paulo VI nos convida a olharmos maravilhados, desde a nossa infância até a velhice, para tudo o que Deus fez e sentirmos a serena alegria que só Ele pode nos dar como um dom do Espírito Santo".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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“Talvez o Senhor me tenha chamado e me mantenha neste serviço não tanto por qualquer aptidão que eu possua ou para que eu governe e salve a Igreja das suas dificuldades actuais, mas para que eu sofra algo pela Igreja e fique claro que Ele, e mais ninguém, a guia e salva. (Paulo VI em seu diário, após o encerramento do Concílio Vaticano II)”

Foi em um encontro com os párocos de Roma na Basílica São João de Latrão, em 15 de fevereiro de 2018, que o Papa Francisco havia anunciado que  Paulo VI, o ‘grande Papa’ e ‘incansável apóstolo’, seria canonizado até o final daquele mesmo ano. 

Mas antes ainda, na Missa de encerramento do Sínodo Extraordinário sobre a Família em 19 de outubro de 2014, em que  Paulo VI foi beatificado, o Papa havia recordado em sua homilia, que enquanto se perfilava uma sociedade secularizada e hostil, o Papa Montini "soube reger com clarividente sabedoria – e às vezes em solidão – o timão da barca de Pedro, sem nunca perder a alegria e a confiança no Senhor”.

“Verdadeiramente Paulo VI - acrescentou Francisco - soube «dar a Deus o que é de Deus», dedicando toda a sua vida a este «dever sacro, solene e gravíssimo: continuar no tempo e dilatar sobre a terra a missão de Cristo» (Homilia no Rito da sua Coroação, Insegnamenti, I, (1963), 26), amando a Igreja e guiando-a para ser «ao mesmo tempo mãe amorosa de todos os homens e medianeira de salvação» (Carta enc. Ecclesiam suam, prólogo).

Dando continuidade a sua série de reflexões dedicadas aos 60° aniversário do Concílio Vaticano II, padre Gerson Schmidt* nos fala hoje sobre os grandes desafios de Paulo VI:

 

"Muitos foram os desafios do Papa Paulo VI na implantação, concretização da atualização proposta pelo Concílio Vaticano II. Nada fácil, o sucessor dos apóstolos dirigir a barca de Pedro em águas tempestuosas, em época de mudanças e ventos contrários de um mundo moderno que procurava respostas para a grande crise da humanidade após duas grandes guerras mundiais. Apesar das sombras, Paulo VI não se intimidou. São Paulo VI publicou a Exortação Apostólica Gaudete in Domino recorda o Apóstolo das gentes: “Estou cheio de consolação, estou inundado de alegria no meio de todas as tribulações” (7,3-4). Apesar das intempéries da vida, o verdadeiro discípulo de Cristo jamais perde a esperança, pois está inundado da alegria que brota do Senhor, como dom do Espírito Santo.

Mergulhados nos vendavais do mundo, surge uma pergunta comum e interessante: mas, afinal, que tipo de alegria é a cristã? – Responde, então, Paulo VI, citando São Tomás de Aquino, que a expressão mais elevada da alegria ou da felicidade é aquela entendida no sentido estrito da palavra, “quando o homem, ao nível de suas faculdades superiores, encontra a sua satisfação na posse de um bem conhecido e amado. Assim, o homem experimenta a alegria quando se encontra em harmonia com a natureza, e, sobretudo, no encontro, na partilha, na comunhão com o outro. Com muito mais razão, pois, chegará ele a conhecer a alegria e a felicidade espiritual quando o seu espírito entra na posse de Deus, conhecido e amado como o bem supremo e imutável” (Summa Theologica, I-II, q.31,a 3).

No entanto, novamente, pode haver quem tente contradizer o Papa Paulo VI dizendo que, neste mundo finito e dilacerado por discórdias, é praticamente impossível encontrar a felicidade. É por essa razão que, mergulhado no materialismo, o ser humano dos séculos XX e XXI se sente impotente ante os males, especialmente os de ordem moral que os acomete, pois os recursos de natureza material de que dispõe são ineficientes para a batalha. Mais: se essa angústia é grande, há ainda outro agravante que o Papa, já em 1975, denunciou: são alguns meios de comunicação de massa que “acabrunham as consciências, sem lhes apresentar, normalmente, uma solução humana adequada”.

Contudo, apesar dos não poucos e nem pequenos desafios, Paulo VI nos convida a olharmos maravilhados, desde a nossa infância até a velhice, para tudo o que Deus fez e sentirmos a serena alegria que só Ele pode nos dar como um dom do Espírito Santo, conforme se lê em Gálatas 5,22, que diz que entre os frutos do Espírito está o amor, a alegria, a paz, a bondade, a mansidão, a fidelidade. E acrescenta que “o homem só poderá experimentar a verdadeira alegria espiritual quando se afastar do pecado e viver na presença de Deus. A carne e o sangue são, sem dúvida, incapazes disso (cf. Mt 16,17). Mas a revelação pode abrir esta perspectiva e a graça pode operar esta conversão” no coração humano, às vezes petrificado pelo pecado, por meio do sacramento da Penitência."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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21 novembro 2022, 08:19