Busca

A sexta-feira, dia 18 de novembro, foi uma jornada dedicada à prevenção de abusos A sexta-feira, dia 18 de novembro, foi uma jornada dedicada à prevenção de abusos 

Padre Zollner: o flagelo do abuso sexual é um desafio para o mundo

Por ocasião do “Dia Mundial para a Prevenção e a Cura da Exploração, Abuso e Violência Sexual Infantil”, proclamado pela ONU para o dia 18 de novembro, o sacerdote jesuíta alemão declarou à Rádio Vaticano que “a Igreja Católica deve fazer do seu compromisso um modelo para outras instituições”.

Amedeo Lomonaco - Vatican News

Quase um bilhão de menores, no mundo, é vítima de violência física, sexual ou psicológica, todos os anos. Um flagelo que envolve todos os continentes e áreas da sociedade. Com o objetivo de chamar a atenção para combater esta tragédia planetária, as Nações Unidas proclamaram o dia 18 de novembro como “Dia Mundial para a Prevenção e Cura da Exploração, Abuso e Violência Sexual Infantil”. Com uma série de iniciativas, celebra-se também, neste dia, nas dioceses de toda a Itália, o segundo dia nacional de oração pelas vítimas e sobreviventes de abusos, proteção dos menores e das pessoas mais vulneráveis. A iniciativa nasce por ocasião do “Dia Europeu para a Proteção dos Menores contra a Exploração e o Abuso Sexual”, a fim de envolver a comunidade cristã para rezar, pedir perdão pelos pecados cometidos e sensibilizar a sociedade sobre esta dolorosa realidade.

Um flagelo que envolve toda a sociedade

O sacerdote jesuíta, Padre Hans Zollner, diretor do “Instituto de Antropologia e Estudos Interdisciplinares sobre a Dignidade Humana e o Cuidado dos Vulneráveis”, junto à Pontifícia Universidade Gregoriana, declara à Rádio Vaticano: “O flagelo dos abusos sexuais é um desafio que interpela todos os componentes da sociedade, como também as famílias e os setores de turismo, esporte, moda, cinema; não é fácil aceitar esta realidade, que se difunde em todos os sectores do tecido social e em todas as religiões. Trata-se, de fato, de um desafio para o mundo e a população mundial, da qual boa parte foi vítima de algum tipo de abuso sexual".

O Padre Hans Zollner acrescenta ainda na entrevista: “A Igreja está ao centro do interesse da mídia, sobretudo por seu ideal, que é mais nobre do que qualquer outra instituição. Temos uma responsabilidade moral bem maior que outros setores da sociedade. A Igreja deve ser honesta, como Jesus, que nos adverte a ser sinceros e honestos, a não brincar com as palavras e a ser transparentes nas nossas ações. Aliás, devemos também fazer do nosso compromisso um modelo para outras instituições”.

O compromisso da Igreja

O sacerdote jesuíta recorda também, entre outras coisas: “A primeira tarefa da Igreja não é apenas repetir palavras, que se aprende de cor, mas ouvir e acompanhar as vítimas, colocar à disposição recursos, pessoas e lugares para acolher as vítimas de abusos”.

A segunda tarefa da Igreja, segundo o Padre Hans Zollner, é ser sincera, também em relação aos crimes do passado. E explica: “Temos muito que fazer porque, em muitos setores da Igreja, há uma forte resistência e desconfiança de olhar para trás. Em minha opinião, há uma ideia errônea de Igreja, que, nestes setores, deve ser sempre defendida. Por isso, não devemos admitir ou comentar em público sobre estes crimes e pecados, como vemos, todos os dias, ao ouvir as notícias provenientes do mundo inteiro”. E sacerdote jesuíta concluiu: “A realidade poderá ser mais aceitável se não for escondida. Desta forma, o passado ficará mais claro se as pessoas assumirem suas responsabilidades”. Aqui, Padre Zollner lembrou os resultados já obtidos pela Igreja no seu compromisso com a proteção e a prevenção dos abusos.

Relatório da Igreja italiana

No final da entrevista à Rádio Vaticano, o Padre Hans Zollner falou sobre o primeiro relatório da Conferência Episcopal Italiana a respeito do trabalho realizado pela rede territorial de serviços diocesanos e interdiocesanos para a proteção de menores e pessoas vulneráveis nos últimos anos: “Trata-se de um primeiro passo, que deve ser seguido por outros, que esclarece, ainda mais, os critérios e a metodologia adotada. Acho que os responsáveis estão cientes disso. Anos atrás, este tipo de apresentação de dados era impensável e inconcebível”.
 

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

19 novembro 2022, 08:00