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Schevchuk: introdução da lei marcial nos territórios ocupados significa deportação em massa da população ucraniana

Ataque contra escola para crianças especiais, destruição da infra-estrutura, interrupção da energia elétrica, falta de água potável, divórcio, unidade familiar, estão entre os temas abordados pelo arcebispo greco-católico de Kiev no 239° dia de guerra.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje é quinta-feira, 20 de outubro de 2022, e na Ucrânia já é o 239º dia da grande guerra.

AOntem prosseguiram pesados combates ao longo de toda a linha de frente. Os confrontos militares mais intensos ocorrem nas regiões de Luhansk e Donetsk. Lá, o inimigo ataca continuamente nossas posições.

De acordo com os relatórios que recebemos esta manhã, de Kherson e a região, da margem direita dessa parte do território, os russos começam a retirar os seus equipamentos e seu pessoal, mas também estão, infelizmente, deportando pessoas, utilizando-as como escudos humanos.

Alguns consideram, notadamente o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, que a introdução da lei marcial pela Rússia nos territórios ocupados e anexados significa a deportação em massa da população ucraniana, o que é outro crime de guerra.

Somente ontem o inimigo atingiu a Ucrânia com 11 mísseis de cruzeiro, realizou 28 ataques aéreos e lançou 65 lançadores de foguetes de vários tipos. 25 centros populacionais na Ucrânia foram destruídos ou atingidos. O bombardeio pesado, principalmente à noite, foi realizado na região de Dnipropetrovsk. Esta manhã, no entanto, soubemos que às 7h20, horário de Kyiv, a cidade de Komyshuvakha, na região de Zaporizhzhia, viveu uma outra tragédia. Os russos atingiram e destruíram uma escola especializada para crianças. O número de vítimas e a destruição estão sendo verificados, mas sabemos que crianças com necessidades especiais costumam estudar em escolas especializadas.

Mais uma vez o inimigo não para, e onda após onda, com a ajuda de mísseis kamikaze e drones atinge alvos críticos, em particular a infraestrutura energética da Ucrânia. Interrupções de energia hoje serão implementadas em todo o país. Ontem, a usina termelétrica de Burshtyn, perto de Ivano-Frankivsk, foi danificada. A usina de Ladyzhyn foi bombardeada na região de Vinnytsia. Aqui, também, a infra-estrutura foi destruída.

 

O mais perigoso é que os planos do inimigo para atacar as barragens do Dnipro foram descobertos; em particular, durante a retirada da região de Kherson, o inimigo pretende atingir a usina hidrelétrica de Kakhovka, o que significa inundações e um grande desastre para a maioria dos moradores do sul da Ucrânia.

Mas a Ucrânia resiste! A Ucrânia luta! A Ucrânia reza!

Nestes dias estamos refletindo sobre como proteger juntos a instituição da família na Ucrânia, a família como união de amor, unidade, fecundidade, fidelidade entre um homem e uma mulher. Nos dias anteriores destacamos que o Senhor Deus criou a família como união de amor. E é por isso que a violência, tanto dentro como fora de casa, é um crime grave contra a família enquanto tal.

E hoje quero refletir com vocês sobre mais um perigo, mais um crime contra a família. Um crime que afeta a unidade e inseparabilidade da família. E esse desastre é o divórcio. Sabemos que a família - essa união misteriosa de um homem e uma mulher - não começa quando uma jovem e um jpvem passam a viver juntos. A família começa com o sacramento do matrimônio. Porque em Caná da Galileia o próprio Jesus Cristo e o Senhor Deus elevaram esta união natural de unidade e amor entre um homem e uma mulher, na qual todas as nações, todos os seres humanos independentemente, à dignidade de um dos sete santos sacramentos da religião. E essa unidade entre um homem e uma mulher é criada não apenas pelo poder da capacidade humana de amar um ao outro, mas pelo poder e graça do Espírito Santo, que é o poder do amor divino. É o Espírito Santo que une os noivos em uma comunidade de esposos Cristo diz: "Portanto, não separe o homem o que Deus uniu".

E sabemos que mesmo quando um homem e uma mulher estão em separação forçada durante a guerra, essa união de unidade funciona. Porque mesmo à distância, um homem e uma mulher interiormente, de alguma forma misteriosamente, até misticamente, sentem um ao outro. Se o marido está no front, sua esposa sente indescritivelmente todas as suas dores, sofrimentos e preocupações. Da mesma forma, se uma esposa é forçada a ficar longe de seu marido, o verdadeiro marido no Espírito Santo continua a carregá-la em seu coração. Por isso, dizemos que o divórcio é um insulto à dignidade humana e se transforma em um dos crimes contra a união indissolúvel de amor.

Um casal cristão que vive este santo sacramento continua a viver no Espírito Santo. Porque o Espírito Santo não desce só sobre os esposos no momento do casamento, não. Acompanha-os ao longo da vida. E então a família se torna um ícone, o ícone da unidade e inseparabilidade entre Cristo e sua Igreja. O apóstolo Paulo chama a Igreja de Noiva de Cristo. E é absolutamente inconcebível que Cristo tenha escrito uma carta de divórcio à sua Igreja! Quão impensável é a existência da Igreja sem a sua cabeça, o Senhor e Salvador, o Esposo da Igreja. Da mesma forma, o ícone da unidade entre Cristo e a Igreja, encarnado no casal cristão, leva naturalmente a essa inseparabilidade.

Às vezes, nossos cônjuges sofrem feridas. As feridas dessa união interior e às vezes o divórcio são a prova do egocentrismo deste mundo, da incompreensão da essência do amor conjugal e da vida conjugal e familiar. Portanto rezemos. Rezemos pela unidade e fidelidade de nossos esposos. Porque os torna fortes. Peçamos ao Espírito Santo que acompanhe nossos esposos, e também cure as feridas de sua vida conjugal que ainda surgem em nossa vida terrena, nesta jornada terrena para a eternidade.

Ó Senhor Deus, abençoe nossos esposos com sua paz. Permita que sejam curadas as feridas, as feridas do divórcio que, infelizmente, magoam profundamente os homens, as mulheres e sobretudo os seus filhos de hoje. As crianças cujos pais são divorciados, são infelizes. Elas sentem profundamente a separação de unidade e amor entre pai e mãe.

Hoje gostaria de dirigir um pedido especial a todos os que nos ouvem. Em minha recente visita à região de Mykolaiv, na própria cidade de Mykolaiv, que se mantém firme na batalha contra o agressor russo, e a cada dia se depara diante de bombardeios devastadores, há a falta de água potável. É possível ter água, mas ainda não é potável. Ou seja, tem muitos sais e impurezas. E a população sofre com a falta de água potável. O Papa Francisco definiu o acesso a fontes de água potável como um direito natural e inalienável de todo ser humano. Quero pedir a todos hoje, a todos os que nos ouvem, ao público internacional, à comunidade religiosa internacional: salvemos Mykolaiv! Vamos dar-lhes acesso à água potável! Nossa "Caritas de Mykolaiv" está fazendo todos os esforços para abrir novas fontes de água potável para a população, e peço a você que apoie este nobre projeto de nossa igreja para os moradores daquela cidade.

Deus, salve a Ucrânia! Deus, salve a família ucraniana! Abençoe-a com a unidade, afinidade, amor e respeito! Deus, salve nosso exército ucraniano! Proteja-o de todo mal. Abençoe nossas e nossos jovens que defendem nossa pátria! Deus, conceda a vitória à Ucrânia sobre nosso inimigo e envie a graça de Sua justa e verdadeira paz celestial sobre nós!

Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade,  agora e para todo e sempre, amém!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Svyatoslav+

Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
20.10.2022

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20 outubro 2022, 22:18