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Bispos de Camarões: pagar resgate por sequestrados abre precedente perigoso

Desde 2016, as regiões noroeste e sudoeste de Camarões são dominadas por um conflito sangrento entre os separatistas de língua inglesa e os militares do Estado de maioria francófona. A violência já custou mais de 6.000 vidas e deslocou cerca de um milhão de pessoas.

“Não pagaremos um centavo” aos sequestradores das 9 pessoas sequestradas no ataque à Igreja de Santa Maria, no povoado de Nchang, região anglófona de Camarões, afirma com veemência o presidente da Conferência Episcopal de Camarões, o arcebispo de Bamenda, Dom Andrew Nkea Fuanya, observando que o pagamento do resgate solicitado pelos sequestradores “criaria um perigoso precedente”.

Dom Nkea informou que os sequestradores, que pertencem às fileiras dos combatentes separatistas, pediram inicialmente um resgate de US$ 100.000, depois baixaram a cifra e acabaram pedindo US$ 50.000. O arcebispo também declarou a jornalistas que os separatistas alegaram ter atacado a Igreja de Santa Maria em Nchang, incendiando-a, porque, segundo eles, a Igreja Católica não apoia sua luta.

 

Os sacerdotes sequestrados são o Pe. Emanuel, Pe. Barnabé, Pe. Cornelius, Pe. Elias e Pe. Jó-Francis. Além dos 5 sacerdotes, também foram sequestrados a Irmã Jacinta e 3 fiéis leigos: Sra. Kelechukwu, Sr. Nkem Patrick e uma jovem, Blanch Bright.

Dom Aloysius Fondong Abangalo, bispo de Mamfe, que visitou a paróquia em chamas, acusou os jovens do povoado de Nchang de se juntarem aos combatentes separatistas, conhecidos localmente como "Amba Boys". O porta-voz da Conferência Episcopal de Camarões, Pe. Humphrey Tatah Mbuy, sublinhou que “houve sequestros de religiosos no passado, mas eram casos isolados. Um ataque semelhante parece planejado, com a igreja incendiada e nove sequestrados. É um caso único".

A população de língua inglesa compõe a maioria das populações do noroeste e sudoeste dos Camarões, predominantemente de língua francesa. Sentindo-se discriminada pelas instituições, principalmente nas escolas e tribunais, o ressentimento em relação ao Estado camaronês cresceu ao longo dos anos na população dessas áreas. Os protestos inicialmente pacíficos resultaram na luta armada e, em 2017, na declaração de um Estado independente, a "República Federal da Ambazonia", não reconhecido pela comunidade internacional.

*Com Agência Fides

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23 setembro 2022, 11:47