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"Essa discriminação é tão injusta quanto imoral", afirma cardeal Czerny "Essa discriminação é tão injusta quanto imoral", afirma cardeal Czerny 

Domingo do Mar: apelo urgente em favor do mundo marítimo

O cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, em mensagem para o "Domingo do Mar", que as comunidades cristãs celebram neste domingo (10), recorda as crises vividas pelos mundo marítimo nos últimos anos, com as consequências da pandemia. Ainda hoje, mesmo vacinadas, as tripulações não têm o direito de desembarcar: "uma discriminação tão injusta quanto imoral" por parte dos governos e das companhias de navegação ao redor do mundo.
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Andressa Collet - Vatican News

Celebra-se no segundo domingo de julho o Domingo do Mar, um dia internacional de oração pelos marítimos, pescadores e suas famílias, e por aqueles que oferecem apoio a eles, como capelães e voluntários da Stella Maris, obra com a qual a Igreja auxilia espiritualmente e está próxima dos trabalhadores que geralmente são pouco lembrados. O Papa Francisco recordou deste pequeno universo em suas palavras após a oração do Angelus:

Recordamos todos os marítimos, com estima e gratidão pelo seu precioso trabalho, bem como os capelães e voluntários da “Stella Maris”. Confio a Nossa Senhora os marítimos retidos em zonas de guerra, para que possam regressar para casa.

A comemoração do Dia do Mar nasceu em 1975, na Inglaterra, por iniciativa do Apostolado do Mar, da Missão aos Marítimos e da Sociedade de Marinheiros, para depois assumir uma dimensão internacional e ecumênica.

As crises do mundo marítimo

Em mensagem assinada pelo cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, a recordação do "trabalho essencial de mais de um milhão de marinheiros que, todos os dias do ano, trabalham em navios que transportam mercadorias ao redor do mundo". São em milhares navegando lá no horizonte, na maioria das vezes invisíveis, mas que "movem a economia mundial", fornecendo "os bens que usamos e consumimos, e sem eles, nossa qualidade de vida seria consideravelmente inferior". Um trabalho essencial que deve ser agradecido: "é hora de dizer: 'Obrigado!", lembra o cardeal, sobretudo diante de uma série de crises vividas pelo mundo marítimo nos últimos anos:

"Com a guerra na Ucrânia, os navios enfrentam agora a árdua tarefa de navegar através das minas no Mar Negro e no Mar de Azov. Muitos navios afundaram e muitas vidas foram perdidas durante essa guerra injusta e imoral. Devido à pandemia global, mais de 400 mil marítimos ficaram retidos a bordo, impossibilitados de deixar o navio no final do contrato e voltar para casa para as suas famílias. Em vez disso, continuaram trabalhando dia após dia, com mais afinco."

O cardeal Czerny também revela que quem saiu no lucro econômico dessas crises não foram os marinheiros, mas as empresas de navegação. Uma situação que ele considera "lamentável", com "as companhias recebendo os ganhos, enquanto os marinheiros e suas famílias pagam o preço". Outro ponto questionável indicado pelo prefeito diz respeito à negação da livre circulação dos marinheiros com "a desculpa da pandemia", mesmo já tendo sido vacinados contra a Covid-19: eles não devem ser ignorados e nem discriminados, porque "dependemos deles. Precisamos deles", acrescenta o cardeal.

"Vários governos e companhias de navegação ainda se recusam a permitir que os marinheiros desembarquem. Para acrescentar insulto ao dano, alguns marinheiros podem ir à terra se tiverem a 'cidadania adequada'. Essa discriminação é tão injusta quanto imoral. Todos nós devemos lembrar que a dignidade inata dos marinheiros como seres humanos deve ser respeitada. Onde quer que estejam no mundo, devem ser tratados igualmente, sem qualquer discriminação."

“Os capelães e os voluntários da Stella Maris fazem um apelo urgente aos governos e às companhias de navegação ao redor do mundo para garantir que as tripulações tenham o direito de desembarcar!”

Missa na Toscana

Dom Carlo Ciattini, da diocese italiana de Massa Marittima e Piombino, vai presidir a missa na manhã de domingo em Portoferraio, na Toscana, com a presença de Pe. Bruno Bignami, diretor do Departamento Nacional do Apostolado do Mar da Conferência Episcopal Italiana (CEI). A celebração inclusive será transmitida ao vivo pela RAI, o canal público de TV da Itália.

*Atualizada em 10 de julho, às 12.37

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07 julho 2022, 13:00