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Crianças brincam monumento protegido de bombas no centro de Kiev. Crianças brincam monumento protegido de bombas no centro de Kiev. 

"De corazón a corazón", iniciativa das POM argentinas em prol das crianças ucranianas

“Tenho 16 anos, frequento o 9º ano em uma Escola no sul da Ucrânia. Minha história começou na cidade de Makijewka, quando, certo dia, ouvi na TV, pela primeira vez, a palavra "guerra". De repente, tudo mudou. Ninguém pode imaginar o estrondo de um míssil, que explode fora da janela ou quanto a sua explosão abala o interior de uma pessoa: medo, impotência, desespero. Assim eram minhas noites sem fim. Vejo ainda, diante dos olhos, seu clarão, fumaça e destruição... quero voltar para casa”.
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A Infância e Adolescência Missionária (IAM) das Pontifícias Obras Missionárias (POM) da Argentina lançou uma iniciativa em favor das crianças ucranianas intitulada: "Pela Ucrânia: de coração para coração".

Trata-se de um projeto lançado no último mês de março, que criou uma “ponte” sobre o oceano entre a Argentina, Ucrânia e Polônia. O objetivo é arrecadar fundos para os Centros de Acolhida poloneses, que dão abrigo e assistência às numerosas crianças ucranianas, muitas órfãs, desde o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

Esta iniciativa teve ampla repercussão nas redes sociais e nos meios de comunicação e foi bem acolhida pela população argentina. As grandes quantidades de doações recebidas foram entregues pessoalmente aos Centros poloneses pelo próprio diretor das Pontifícias Obras Missionárias da Argentina, padre Jerzy Marian Faliszek. Além das ajudas em dinheiro, foram entregues também vários desenhos, mensagens e cartas das crianças e adolescentes argentinos aos seus coetâneos ucranianos.

A este propósito, o diretor das POM argentinas explicou que atualmente, "cerca de 200 mil crianças ucranianas estão inseridas no sistema educacional polonês, enquanto 550 mil que se encontram na Polônia continuam utilizando o sistema educacional da Ucrânia. Alguns professores ucranianos dizem que as crianças, que fugiram do país, mudaram muito, até no modo de brincar. Por exemplo, alguns brincam no “checkpoint”, imitando pais que se alistaram na defesa territorial de suas cidades. Antes, durante os vários jogos, as crianças cantavam hinos populares, extraídos de desenhos animados; agora, seu repertório é dominado por canções patrióticas e o hino nacional”.

“Muitas igrejas, paróquias, hotéis, Congregações religiosas – continua o diretor das POM - abriram suas portas, desde a fronteira polonesa-eslovaca até Poznán, sudoeste da Polônia, transformando-se em verdadeiros Centros de Acolhida. Assim, compartilham "de Coração para Coração" dos sofrimentos e as esperanças das crianças, que foram obrigadas a deixar sua terra, por causa dos horrores da guerra”.

Irmã Alice, do Centro Missionário das Servas do Espírito Santo, acrescenta: "Nós não tratamos as crianças como refugiadas, mas como hóspedes. Mostramos-lhes quanto são importantes para nós! Em pouco tempo, acostumamo-nos com a presença alegre e barulhenta das crianças e suas mães que fugiram da Ucrânia. Partilhamos nossas refeições com elas e trabalhamos juntos no jardim. Estes pequenos gestos criam uma atmosfera familiar. Os refugiados, em geral, são acolhidos com muita gentileza pelos poloneses. No entanto, a maioria quer voltar para sua terra natal”.

Entre as muitas crianças que o Diretor das POM argentinas encontrou durante a sua visita aos Centros de Assistência da Polônia, está Anastácia, que diz: “Tenho 16 anos, frequento o 9º ano em uma Escola no sul da Ucrânia. Minha história começou na cidade de Makijewka quando, certo dia, ouvi na TV pela primeira vez a palavra "guerra". Repentinamente tudo mudou. Ninguém pode imaginar o estrondo de um míssil, que explode fora da janela ou o quanto a sua explosão abala o interior de uma pessoa: medo, impotência, desespero. Assim eram minhas noites sem fim. Vejo ainda, diante dos olhos, seu clarão, fumaça e destruição... quero voltar para casa”.

Para outras crianças, o sonho é a paz, como contou Maria: "Tenho doze anos. Nasci e passei a maior parte da minha infância em Donetsk, mas há algumas semanas tivemos que deixar tudo e escapar da cidade, para longe da minha casa. Meu sonho é ver que todas as pessoas da terra vivam em paz, sem guerras. Agradeço as doações que, nós as crianças, recebemos das várias partes do mundo. Em alguns pacotes, encontramos desenhos e poesias com votos de paz. Algumas crianças argentinas até tentaram escrever frases em ucraniano. Fico muito impressionada com isso, porque sei que, quando uma criança faz um desenho, o faz com o coração”.

*Com Agência Fides

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06 julho 2022, 11:55