Busca

Deslocados no leste da RDC devido aos combates entre M23 e exército congolês. (Photo by Aubin Mukoni/AFP) Deslocados no leste da RDC devido aos combates entre M23 e exército congolês. (Photo by Aubin Mukoni/AFP) 

RDC: ventos de guerra e insegurança voltam a soprar no país, denuncia arcebispo

"Nosso olhar se concentra particularmente na situação muito crítica após a recente ocupação da cidade de Bunagana no território de Rutshuru pelo grupo armado M23, que retomou os combates em um ciclo infernal de violência, perda de vidas, deslocamento de populações e destruição do nosso tecido econômico e social. É a história que se repete”, denuncia Dom Rusengo.

“A situação é grave. Um vento de guerra e de insegurança sopra nesta parte oriental do nosso país", escreve Dom François-Xavier Maroy Rusengo, arcebispo de Bukavu, capital do Kivu do Sul, uma das províncias do leste da República Democrática do Congo (RDC), onde há decênios milícias e grupos armados agem impunemente, intimidando a população.

"Nosso olhar se concentra particularmente na situação muito crítica após a recente ocupação da cidade de Bunagana no território de Rutshuru pelo grupo armado M23, que retomou os combates em um ciclo infernal de violência, perda de vidas, deslocamento de populações e destruição do nosso tecido econômico e social. É a história que se repete”, denuncia Dom Rusengo, em seu comunicado enviado à Agência Fides.

O M23 é um movimento de guerrilha que em 2013 assinou um acordo de paz com o governo de Kinshasa, mas que recentemente voltou a pegar em armas. As autoridades congolesas acusam a vizinha Ruanda de apoiar o M23; acusações feitas por Kigali contra Kinshasa, acusada ​​por sua vez de favores contra a oposição armada ruandesa que tem bases na RDC.

"Curiosamente, o apoio externo é sempre o mesmo, com o mesmo esquema e com os mesmos objetivos: a retirada desta parte do país do controle do nosso governo central e talvez a sua anexação aos países vizinhos", afirma Dom Rusengo.

O arcebispo de Bukavu encoraja os fiéis a não se deixarem abandonar à mentalidade fatalista: “Uma visão fatalista e parcial do Evangelho leva alguns a ver em tudo o que acontece uma vontade de Deus, ou mesmo um castigo; outros pensam que Deus fará tudo por nós. Não é assim".

O arcebispo Rusengo sublinha que “a Igreja católica sente no seu interior e partilha o grito do povo congolês e quer com todas as suas forças deter o derramamento de sangue de tantos inocentes”.

“O povo congolês está exasperado com a ambiguidade da comunidade internacional em relação a ele: foram cometidas graves violações contra os congoleses, documentadas pelo Mapping Report, de 2011, mas quase nada é feito para sancioná-los e para indenizar as vítimas", observa Dom Rusengo ao denunciar a inércia da comunidade internacional que há mais de 25 anos instituiu a missão de paz (MONUSCO), “a mais custosa do nosso tempo, em média um bilhão de dólares por ano”, mas com poucos resultados.

O arcebispo Rusengo pede ao Estado congolês "para rever as suas relações com a comunidade internacional que trata o nosso país como um Estado de segunda classe, cuja segurança e desenvolvimento contam pouco", e criar um verdadeiro exército e não uma amálgama de ex-rebeldes mal integrados.

*Com Agência Fides

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

28 junho 2022, 09:44