Busca

Igreja do Sagrado em Petrópolis Igreja do Sagrado em Petrópolis 

Um dia solene e festivo para a Ordem Franciscana Secular de Petrópolis

Neste domingo (19/06) na Igreja do Sagrado comemorou-se os 125 anos de criação da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular (OFS), a primeira de Petrópolis

Frei Augusto Luiz Gabriel

Nem mesmo as baixas temperaturas da serra fluminense espantaram os fiéis e franciscanos que neste domingo (19/06) vieram até a Igreja do Sagrado com um motivo especial para celebrar. Afinal, neste dia, comemorou-se os 125 anos de criação da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular (OFS), a primeira de Petrópolis. Presidida por Frei Fernando de Araújo Lima, Assistente Espiritual da Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, a Santa Missa das 8h30 contou com a presença em peso dos religiosos seculares e do ilustre Coral dos Frades do Tempo da Teologia, sob regência do mestre e Definidor Provincial, Frei Marcos Antônio de Andrade, na condução dos cantos em gregoriano da Missa XI, Orbis Factor.

A OFS foi fundada no dia 30 de maio de 1897, um ano após da chegada dos franciscanos na Cidade Imperial, oriundos da Província Franciscana da Saxônia, na Alemanha. O então fundador do Convento do Sagrado, Frei Ciríaco Hielscher, OFM, foi também o criador da Fraternidade da Ordem Terceira, hoje Ordem Franciscana Secular. A Fraternidade tem sua sede própria ao lado da Igreja, na rua que atravessa o Convento do Sagrado e que leva o nome do saudoso Frei Luiz Reinke. Ao longo do tempo acolheu ricas personalidades, como Paulo Machado da Costa e Silva, ex-Ministro Nacional e uma das figuras mais importantes e emblemáticas da OFS, falecido em 2019.

No comentário inicial, a secretária da OFS, Elizabeth Rigoni, manifestou a alegria e gratidão pelo dia celebrativo. “No início de nossa fraternidade éramos mais de 800 irmãos, hoje somos em bem menos, mas o ideal de vivência do Evangelho ao modo de Francisco de Assis continua sendo o mesmo. Nossa caminhada continua e nossas portas estão abertas para recebê-los. Venha conhecer nossa espiritualidade franciscana e colocar a vida no Evangelho e o Evangelho na vida”, disse.

Seguir o mandamento do amor 

Após a leitura do Evangelho do 12º Domingo do Tempo Comum (Lc 9, 18-24), que apresenta Jesus como o Messias, Frei Fernando iniciou sua reflexão afirmando que Jesus desafia a todos ao apresentar ideias que contrariam a própria natureza humana. Citou o versículo do Evangelho que diz: ‘Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga’, e disse: “Todos nós evitamos o sofrimento. Ninguém vai buscar o sofrimento como objetivo de vida, isso contraria a nossa própria natureza. No entanto, Deus não nos recomenda que busquemos o sofrimento como objetivo de vida e nem como meta de nossa existência, pois Ele mesmo pediu ao Pai que afastasse esse sofrimento Dele, mas, foi livre ao fazer a vontade do Pai”, explicou.

Segundo o religioso, Jesus não buscou e não desejou o sofrimento, mas o aceitou como parte da sua missão. “O abraçou livremente como parte da sua meta de existência. Então, o sofrimento não é para ser buscado, amado em si mesmo. Porém, quando esse sofrimento é consequência do amor, aí sim, podemos abraçá-lo como Jesus abraçou e acolhê-lo como parte de um movimento redentor, como Ele acolheu. Sofrer por amor, isso sim tem sentido”, revelou.

Na sequência Frei Fernando falou sobre o amor verdadeiro e gratuito das mães para com os filhos. “Uma verdadeira mãe deseja sempre o bem de seus filhos, mesmo quando eles erram. É semelhante ao amor de Deus, que odeia o pecado, mas ama o pecador”, frisou.

“Jesus recomenda, quem quiser salvar a sua vida, deve entregar-se por uma causa nobre, a causa no Evangelho. Quem quiser salvar a sua vida, ofereça-a para os outros, não viva para si mesmo, viva para os necessitados, para a sua família, viva para os outros. Esse é o segredo da realização plena e completa do nosso ser. Não nascemos para nós mesmos, nascemos para o mundo, vivemos para o mundo”, ensinou.

Para Frei Fernando, é necessário abraçar a causa do Evangelho. “Causas que estão em defesa da vida humana, dos animais, das árvores da natureza em geral. Amar a vida e viver por ela e para ela. Ter uma vida que vá além de mim mesmo, além de você mesmo. Não é um ótimo modo de ser feliz?”, perguntou.

Citando São Francisco de Assis, na oração a ele atribuída, Frei Fernando disse: “É dando que se recebe, é perdoando que se há de perdoar e é morrendo que se vive para a vida eterna. Essa oração faz ecoar a mensagem essencial de Jesus. Não vivemos para nós mesmos, mas para causas nobres. E a mais nobre das causas é a causa do Evangelho, é o estabelecimento do Reino de Deus entre nós”, evidenciou.

“Jesus apresenta paradoxos e contraria regras. Mas nestes paradoxos apresenta a essência da condição humana que busca a comunhão com Deus, com outras pessoas, com a vida, com a existência, com a criação. Essa comunhão tem como caminho mais eficaz o serviço, o amor, o doar-se. Jesus nos ensinou o caminho, entendemos por que Jesus é muito simples, basta então trilharmos este caminho”, encerrou.

A missa teve continuidade com a oração do Creio, preces e liturgia eucarística. Após a comunhão, o Coral dos Frades entoou a música “Ubi Caritas”, uma antífona do século VIII, frequentemente cantada na Quinta-feira Santa durante o lava-pés e um clássico da música sacra:

"Ubi Caritas"

125 anos de carisma franciscano em Petrópolis

No final da celebração Frei Fernando parabenizou a Ordem Franciscana Secular pelos 125 anos de criação e agradeceu a presença de todos. “Uma ordem, uma instituição ou organização, só dará certo se seguir o Evangelho e o mandamento do amor. Por isso, é muito importante a presença de vocês em nossas missas dominicais e o auxílio prestado na liturgia. Essa também é uma forma de viver o Evangelho e o amor’, disse. A bênção final encerrou a celebração. O Coral dos Frades entoou então o conhecido canto “Salve Mestre” de Frei Basílio Röwer.

Após a celebração, um café foi servido na sede da instituição. Na ocasião, o ministro da OFS, Luiz Alberto Vianna, acolheu a todos e manifestou sua alegria com a celebração. “Este vínculo fraterno e canônico entre nós, só existe se tiver a presença dos Frades Menores e dos nossos membros da OFS. A presença de vocês aqui nos alegra e nos anima porque nós sentimos que vocês estão do nosso lado como Francisco de Assis pediu. A presença de todos vocês é o que anima a nossa comemoração de hoje”, disse. “As orações de todos vocês são o nosso sustento”, acrescentou.

Teresinha Valone Joaquim tem 80 anos e participa da OFS há mais de 50. Para ela, uma experiência que marcou sua vida neste meio século foi a fé em Jesus Cristo, através de Francisco e Clara de Assis. “Fez eu superar todos os problemas que passei em minha vida e eu sou muito feliz por isso. Aqui eu encontro força, paz e alegria”, revelou emocionada. “Celebrar 125 anos de criação é muito importante para todos nós da OFS. São Francisco e Santa Clara renovam sempre minhas forças para seguir em frente”, acrescentou.

Maria da Glória Gomes Alvarenga é franciscana secular há 30 anos. Para ela, celebrar o aniversário de Ordem Franciscana Secular é uma forma de aprender mais sobre o carisma e também divulgar a missão dos irmãos franciscanos. “Aqui aprendemos muito. É tudo muito bom. Já fizemos passeios e visitas em outras fraternidades e isso enriquece nossa vocação”, disse.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

20 junho 2022, 13:53