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Exarca de Odessa: o terço pela Ucrânia é apoio a quem sofre

O bispo greco-católico Mykhaylo Bubniy fala do "lindo gesto" de Francisco, referindo-se ao terço que será rezado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, nesta terça-feira (31). Em entrevista ao Vatican News, o exarca de Odessa também aborda a situação no país, devastado pela guerra que a descreve como "muito cruel".
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Svitlana Duckhovych - Vatican News

"Como bispo da Igreja Católica sempre senti o apoio do Santo Padre e das dioceses e eparquias de diferentes partes do mundo", diz o bispo greco-católico Mykhaylo Bubniy, exarca de Odessa. Falando do terço que o Papa Francisco vai rezar nesta terça-feira (31) diante da imagem de Nossa Senhora Rainha da Paz na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, ele recorda que será dedicado à paz na Ucrânia: "a oração do Santo Padre e a sua palavra", afirma ele, "são sempre ouvidas pela comunidade internacional e ecoam entre os políticos e outros líderes deste mundo".

O bispo acrescenta que "essa oração é um lindo gesto de apoio à Ucrânia" e, apesar de incompreensões referentes a alguns gestos e palavras do Papa Francisco, "ele permanece uma autoridade moral de nível mundial e a sua oração e apoio, tanto espiritual como com palavras, é muito importante para nós que sofremos a injustiça e a crueldade da guerra aqui na Ucrânia no século 21".

Situação humanitária

"A situação humanitária tanto em Odessa, como no exarcado de Odessa, é complicada", conta o bispo, "porque uma parte do nosso exarcado está sob ocupação russa e a outra tem muitas pessoas deslocadas internamente, que chegaram principalmente das regiões de Mykolayiv e Kherson, e também daquelas de Donetsk e Kharkiv". No entanto, em comparação com os primeiros dias da guerra, prossegue ele, "somos agora capazes de responder às principais necessidades dos refugiados graças ao apoio de várias organizações humanitárias estrangeiras e paróquias greco-católicas da parte ocidental da Ucrânia". Muitos sacerdotes e fiéis do exarcado greco-católico estão envolvidos no trabalho desses centros humanitários, embora muitas pessoas, na sua maioria mulheres com filhos, tenham partido no início da invasão russa. Alguns estão regressando porque a vida na cidade está lentamente retomando o ritmo normal.

Trabalho pastoral também nas áreas ocupadas

"Apesar da guerra, a nossa atividade pastoral nunca parou", continua o exarca de Odessa: "os nossos sacerdotes sempre permaneceram nas paróquias, mesmo tendo que ir embora nos primeiros dias da inasão, por pouco tempo, para ajudar a levar as  mulheres e os filhos para as zonas mais seguras do país. Depois, regressavam às paróquias para continuar o serviço, especialmente rezando com e pelo povo".

A guerra colocou toda a Igreja na Ucrânia diante de novos desafios: como em tantos outros lugares do país, nas paróquias do exarcado de Odessa, a oração pelo fim da guerra e pela paz nunca pára. Além disso, os padres tentam ajudar as pessoas necessitadas e deslocadas internamente através de centros humanitários, que foram criados nas paróquias.

"Dois dos nossos cinco reitores - o de Kherson e Skadovsk - estão agora sob ocupação russa", explica dom Bubniy: "restam cinco dos nossos sacerdotes que nunca deixaram as suas paróquias. Alguns padres casados, que tinham partido para levar as suas famílias, já não podiam regressar por causa dos combates, mas ainda tentam ajudar as suas comunidades de longe: organizam o transporte de ajuda humanitária, recolhem e enviam dinheiro para ajudar os necessitados".

Uma atração particular de Odessa sempre foi a população multi-étnica e a presença de diferentes religiões. Neste período, "todas as organizações religiosas são muito ativas na prestação de ajuda humanitária aos necessitados", afirma o bispo, acrescentando que em tempo de guerra, como no resto do país, a população local tornou-se mais unida, mesmo no condenar a agressão da Ucrânia por parte da Federação Russa.

Não é a primeira experiência de guerra

Compartilhando a experiência pessoal de como consegue lidar com as dificuldades de dirigir o exarcado em tempo de guerra, dom Bubniy, que completará 52 anos em setembro, afirma: "sempre tento confiar em Deus, falar com Ele honestamente, abertamente e ter esperança nEle". Confio todas as dificuldades nas mãos de Deus".

Para o jovem bispo, a experiência traumática no início da guerra não era nova: em fevereiro de 2014, dom Mykhaylo Bubniy foi nomeado bispo, exarca de Odessa e administrador do Exarcado da Crimeia. No mesmo período, ocorreu a ocupação e anexação da Crimea. "Assim, já no início do meu serviço episcopal, eu estava diante de sérios desafios aos quais tinha que reagir. Com a ajuda da Santa Sé e da Nunciatura Apostólica e de Sua Beatitude Sviatoslav, conseguimos manter as estruturas do Exarcado da Crimeia, onde os padres continuam a servir e as paróquias funcionam". Apesar dessa experiência, o bispo diz que a guerra de 2022 "é muito mais cruel" e que se preocupa muito com os sacerdotes e fiéis: "no entanto, continuaremos a rezar a Deus para nos ajudar e nos dar a graça de manter o amor e a humanidade em meio a tanta violência".

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31 maio 2022, 09:52