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Cristãos participam de uma tradicional procissão do Domingo de Ramos na cidade iraquiana de Al-Qosh, 50 km ao norte da cidade de Mosul, em 10 de abril de 2022. (Foto de Ismael ADNAN / AFP) Cristãos participam de uma tradicional procissão do Domingo de Ramos na cidade iraquiana de Al-Qosh, 50 km ao norte da cidade de Mosul, em 10 de abril de 2022. (Foto de Ismael ADNAN / AFP) 

Patriarca caldeu: que a luz de Cristo ilumine as trevas neste tempo de guerra

Referindo-se explicitamente às guerras que dilaceram o mundo, o Patriarca caldeu convida "todos os crentes, cristãos e muçulmanos, que atualmente jejuam no Ramadã, e também os judeus, a olhar para a tragédia na Ucrânia e nos países do Oriente Médio, à sua humilhação e ao desmantelamento do seu belo mosaico".

No período da Páscoa, que este ano coincide parcialmente com o Ramadã - o mês de jejum e oração no calendário islâmico - "todo aquele que crê em Deus, e especialmente os cristãos, devem rejeitar a lógica mortal da guerra".

É o que diz o Patriarca da Igreja caldeia, cardeal Louis Raphael I Sako, que na mensagem difundida por ocasião da Páscoa, convida a olhar para a ressurreição de Cristo como a única luz que pode iluminar as trevas do tempo presente, marcado por os presságios de "uma guerra mundial devastadora".

Referindo-se explicitamente às guerras que dilaceram o mundo, o Patriarca caldeu convida "todos os crentes, cristãos e muçulmanos, que atualmente jejuam no Ramadã, e também os judeus, a olhar para a tragédia na Ucrânia e nos países do Oriente Médio, à sua humilhação e ao desmantelamento do seu belo mosaico".

Hoje mais do que nunca - salienta o purpurado iraquiano - a celebração da Páscoa representa uma ocasião propícia para reconhecer também neste tempo "o amor de Deus pelos homens, a sua proximidade e a sua infinita misericórdia para com todos", que se manifesta "através da ressurreição de Cristo", que se realizou "para a salvação da humanidade".

A ressurreição de Cristo "vem para resplandecer sobre os que estão nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos passos no caminho da paz", recorda o cardeal iraquiano, repetindo as palavras do Cântico de Zacarias, pai de João Batista. É a ressurreição de Cristo que faz florescer os gestos gratuitos de caridade para com os irmãos, e os reúne uns ao lado dos outros, como acontece aos discípulos de Jesus, "que estavam unidos quando Ele ressuscitou, e compartilharam com amor tudo o que possuíam".

Em sua reflexão pascal, o Patriarca caldeu se pergunta por que os valores espirituais cristãos desapareceram na maioria das sociedades de hoje, a começar pelas ocidentais: "O que fizemos com o ensinamento de Cristo, que nos chamou a amar a todos?" A Igreja - continua o cardeal Sako - é chamada a olhar para os acontecimentos atuais que moldam a vida de nossas sociedades à luz do Evangelho. Quando isso não acontece, quando essa luz não é valorizada, até mesmo a agitação de muitas iniciativas eclesiásticas acaba sendo "infértil".

Presidentes, autoridades religiosas e comunidades sociais - acrescenta o Patriarca referindo-se ao sangrento conflito que se abriu no coração da Europa - "deveriam trabalhar para acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, para resolver o conflito com os instrumentos da diplomacia, e não com armas. Chega de guerras, vítimas, dor, destruição, migração, pobreza e doença. Deveria haver um fim a produção de armas letais em todos os lugares”, e “toda pessoa honesta deve rejeitar este inferno”.

Dirigindo também um pensamento à paralisia político-institucional criada no Iraque após as eleições de outubro, o Patriarca Sako faz votos que as forças políticas assumam suas responsabilidades diante do destino da nação, e adotem "a linguagem do diálogo e da compreensão mútua, que é a única maneira de sair do preocupante impasse político e formar um governo nacional" capaz de implementar com urgência e sabedoria as reformas necessárias para salvaguardar a estabilidade econômica e a coesão social do país.

*Com Agência Fides

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13 abril 2022, 15:11